Capítulo 7

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♥ Fred ♥

Uma vez, a Camila estava perdendo o sono por causa de um caso difícil e começou a ter crises de ansiedade. Um colega de trabalho dela recomendou meditação, e ela me arrastou junto para a sessão experimental. Não era uma coisa que eu pensaria em ir por conta própria, mas acabei achando interessante. O instrutor ensinou a respirar e esvaziar a cabeça, e a não nos preocuparmos quando a nossa mente fugia e começava a pular de galho em galho como um macaco. Era só deixar de lado o pensamento intrometido e puxar nossa concentração de volta para o vazio e, aos poucos, a nossa mente ficava treinada a não fugir mais.

Eu não sei se essa última parte é verdade ou não. Depois da sessão, a Camila declarou que perder tempo não pensando em nada era muito mais estressante que armar estratégias para defender o cliente dela, um político influente afundado até o pescoço nas acusações de sempre: corrupção, desvio de verba pública, etc, etc, etc, e a meditação foi abandonada, mas desde a noite anterior, eu estava precisando apelar para a técnica de puxar o meu pensamento macaco para longe dos galhos que ele insistia em pular.

No caso, numa floresta chamada Mariana.

Quanto mais eu me concentrava em não pensar nela, mais a minha cabeça se enchia de imagens daquela maravilha de mulher. E como, em dois dias, eu já tinha conseguido capturar tantos momentos, expressões, sons e cheiros para a minha coleção? 

Não era só físico. Uma mulher gostosa era capaz de chamar minha atenção, mas nunca me prendia por muito tempo se não tivesse um algo mais. A porra de um algo mais que a Mariana tinha, e eu não sabia o que era, mas que fazia o meu peito se apertar cada vez que eu lembrava da melancolia que ela tentou disfarçar ao falar sobre ter filhos.

As minhas perguntas para descobrir um pouco mais sobre ela na conversa da noite anterior, tiveram o efeito contrário. Eu estava mais intrigado e curioso que nunca por qualquer migalha de informação que esclarecesse como ela podia estar cogitando apelar para um banco de esperma para engravidar. Uma mulher daquelas deveria era ter uma fila de pretendentes brigando para ser o doador dela!

Mas aquela era uma pulga que ia continuar morando atrás da minha orelha por muito tempo. Eu e a Mariana estávamos de volta ao distanciamento de antes e, a não ser que eu a convencesse a me acompanhar em outra garrafa de vinho (eu coloquei outra na geladeira, só porque precaução é uma das minhas melhores qualidades), eu acho que ela não voltaria a se abrir comigo.

O problema era que, além de fazer um esforço filho da puta para não ficar pensando nela, eu estava achando que eu ia ter que arrancar meus olhos para também não ficar olhando para ela o tempo todo.

Quando eu sugeri passar a manhã na piscina...

Eu sei que eu tirei o dia de folga na clínica para ficar em casa trabalhando, mas com a Mariana (olha ela aqui de novo!) me ajudando, eu estava mais tranquilo, enfim...

A ideia da piscina foi só porque a Bia estava deitada, com dor de cabeça e, como bom irmão que eu era, eu me ofereci para fazer sala para as visitas e cuidar das meninas, e vigiar as pestinhas ali era mais fácil que na praia, onde elas queriam ir. E não é que eu achei que a Mariana usava macacão de astronauta para nadar, mas o meu mundo nunca ia voltar a ser o mesmo depois de ver aquela beldade de biquíni.

Eu passei a ter noventa por cento de pele perfeitamente dourada para acrescentar às imagens que ficavam pulando na minha cabeça sem convite, e dez por cento que eu ia gastar horas e horas imaginando como eram. Ainda bem que o meu short era largo e o estampado disfarçava a inconveniência acontecendo na parte de baixo da minha cintura. Que eu estava tentando manter submersa na água fria da piscina porque as minhas sobrinhas estavam bem ali. E o irmão da Mariana, também.

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