Capítulo 12

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♥ Fred ♥

Do restaurante, eu fui direto para casa da Bia. Resolver todas as minhas pendências com ela e, de bônus, ver a Mariana.

Talvez, fosse o contrário.

Eu podia estar querendo encontrar a Mariana e o lucro ser a conversa com a Bia, mas, até eu, que sacava zero de matemática, sabia que a ordem dos fatores era o de menos, desde que eu conseguisse os dois.

Como a Mariana ainda não tinha chegado, fui atrás da minha irmã. E a conversa tinha sido boa. Na verdade, ótima.

Mesmo com a raiva que me fez xingar até a quinta geração do babaca do Diego, que tinha mandado a namorada dele buscar as meninas (o que não seria problema, se a vadia também não fosse nossa prima e ex-melhor amiga da Bia, que ela flagrou fazendo um boquete no marido, e causou o divórcio dos dois), e do choque de ver a tatuagem que a minha irmã tinha aproveitado o passeio para fazer (não que eu não tivesse gostado, só foi muito do nada, e me pegou de surpresa), eu estava bem mais tranquilo por ela ter me explicado a parada toda sobre o nome da Alícia.

E eu tive que dar razão a ela. Se ela tivesse contado que era por causa da mãe do Lourenço, numa época em que mencionar o nome dele lá em casa era se arriscar a levar um Avada Kedavra, todo mundo teria tentado fazer ela mudar de ideia.

O meu alívio aumentou depois que ela me garantiu que não estava me escondendo mais nada importante sobre o Lourenço. E eu não tinha motivos para desconfiar que ela não estivesse sendo sincera. A Bia podia tentar me enrolar, desviar minha atenção de uma coisa que ela não queria que eu percebesse, mas mentir, na cara dura, ela não fazia.

Deixando uma parada bem clara, ingênuo, eu nunca fui. Lógico que me passou pela cabeça a possibilidade de rolar alguma coisa entre ela e o ex-namorado. A história deles tinha sido intensa, dramática e ficou mal resolvida. Mas eu tinha presenciado o sofrimento dela. Os choros, o desespero da menina de dezoito anos que precisou virar adulta em um estalar de dedos. Mesmo que o Lourenço estivesse se empenhando em voltar a cair nas boas graças da Bia por motivos pessoais — e eu não estou dizendo que ele não tinha chance — ele ia ter que ralar por bem mais que três dias para conseguir. Eu ainda tinha um tempinho antes de precisar acrescentar 'um possível envolvimento com o Lourenço' na minha lista de preocupações com a minha irmãzinha.

E, para coroar meu sucesso, a Bia tinha concordado em ir na confraternização da clínica.

Confesso que eu fiz o convite esperando ouvir que eu podia ir sozinho, que ela não precisava de babá, que eu trabalhava demais e merecia me divertir. Velhos e batidos argumentos que eu escutava todo sábado à noite, quando ela tentava me empurrar para a rua, e eu estacionava minha bunda no sofá com ela para assistir filme e comer pizza, sem dar a menor bola para o blá-blá-blá inútil. Não existia rolé capaz de me divertir se eu passasse a noite me preocupando e imaginando o que ela estaria fazendo, sozinha, na casa que parecia um túmulo sem as meninas no fim de semana.

Mas nem tinha sido a culpa de saber que eu não ia se ela não fosse, o motivo dela aceitar. Ela pareceu entusiasmada com a possibilidade de ter alguma coisa mais interessante para oferecer para as visitas fazerem na noite de sábado.

Deixei a Bia no meio da bagunça que ela estava chamando de organização no closet e desci a escadas, me sentindo mais leve, tão satisfeito com o resultado da conversa, que eu quase passei direto, sem notar que tinha alguém na cozinha.

Foi o barulho da porta da geladeira abrindo que desviou meus passos.

A Mariana estava de costas, pegando um copo de água. As pernas parecendo ainda mais compridas por causa do salto alto, usando uma blusa florida escondida por trás da cortina de cabelos negros e uma saia rosa-claro, justinha, indo até em cima dos joelhos. Sem marca de calcinha. Detalhe que me deixou em estado de atenção.

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