Cap 25

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___ Adeus ___ sussurrei em seu ouvido antes de me afastar e sair daquele quarto.
Ao passar pela porta e fecha-la atrás de mim, senti um peso enorme sair das minhas costas, porém, ao olhar para o Kaito de pé a minha frente, senti uma navalha sendo enfiada em meu coração.
Naquele momento, eu só tinha uma pergunta à fazer ... ___ Você sabia? ___ perguntei o olhando fixamente.
Ele permaneceu me encarando em um completo silêncio, e então obtive minha resposta.

___ Quando seu pai enviava fotos do seu aniversario pra ela, era eu quem recebia. Eu era pequeno e curioso, gostava de abrir as correspondências ... Eu era sempre o primeiro a ver você, mesmo sem saber quem você era. Eu me apaixonei pelo seu sorriso; quando percebi isso, pedi para Susuna me falar mais sobre você, e ela me contou toda história ... Depois de me mudar eu não pude mais te ver; mas na última vez em que fui visitá-la, Ela me entregou uma foto sua, e me pediu pra te encontrar. Ela queria explicar tudo pra você e eu.

___ Você sabia quem eu era quando me encontrou aquele dia. Você sempre soube de tudo desde o início e não me disse nada ___ outra vez as lágrimas caiam. Ele tentou se aproximar e imediatamente me afastei ___ Por favor, não se aproxime. Nós não podemos mais ficar perto um do outro, não depois de tudo que fizemos. Você é meu irmão Kaito. Eu beijei você e até mesmo tranzamos.
Eu não sabia de nada, mas você sabia, e mesmo assim permitiu que nos envolvessemos. Consegue entender a nossa situação Kaito? Você e eu, isso nunca devia ter acontecido ___ minha cabeca girava; tudo ainda parecia confuso e eu já não conseguia mais ficar naquele lugar, eu precisava sair tão rápido quanto pudesse.

Depois de sair do hospital; vagueia pelas ruas da cidade, sem rumo, ou mesmo noção de onde estava. Eu não me importava com nada ao meu redor; a única coisa na qual eu pensava, era em tudo descobri, todas as mentiras, todos os dramas familiares e a dor que tudo aquilo estava me causando.
Eu simplesmente não conseguia mais me manter de pé; conter as lágrimas ou os gritos presos na minha garganta; eu estava destruída.
Vi um banco próximo a uma pracinha com nada além de brinquedos de crianças, e me sentei. Por ser tarde, as luzas que iluminavam o parque estavam apagadas, apenas um dos postes mantinha a luz aceza, e era aquele que ficava ao lado do banco em que sentei.
Eu não sabia como havia chegado lá, mas já não tinha força em minhas pernas ou mesmo razão para me levantar, sendo assim, fiquei.
Não havia ninguém por perto; estava frio e a neve caia sem parar; junto dela as minhas lágrimas também desciam sem controle pelo meu rosto.
Sem conseguir mais me conter; gritei, o mais alto que pude, deixando que toda dor, confusão e dúvida, fossem jogadas ao vento.

                             *****

___ Tem certeza de que não quer ir buscar suas coisas?

___ Elas não eram minhas, de qualquer forma, meus documentos e passaporte estão lá, mas eu não posso encontrá-lo; será que você pode ir buscar pra mim? ___ Perguntei a Karen que concordou.
Depois de passar a noite e inteira sentada em um banco de praça gritando com o vento, questionando o destino e xingando a mim mesma; decidi chamar um táxi e com a ajuda da Karen, por telefone ela conseguiu dizer à ele onde deveria me levar.
No fim da madrugada eu estava a sua porta, completamente exausta e vazia por dentro.
Mas não consegui pregar os olhos um instante sequer.

___ Isso é mal ___ comentou olhando a TV ___ Minha empresa queria fazer uma pareceria com a dela, vim aqui justamente pra fazer a ponte; mas ao que parece, tudo foi por água a baixo ___ o jornal local estava falando alguma coisa sobre a Susuna pois sua fotos aparecia no canto da tela.

___ Oque estão dizendo? ___ me bateu uma sinta curiosidade, mas algo em mim já sabia.

___ Ela morreu; falência dos pulmões; era onde estava localizado o câncer ___ o vazio presente em mim, logo foi preenchido pela dor.
Eu sabia que seu tempo era curto quando a vi naquele estado, apesar de tudo, não tenho exatamente do que me arrepender. Eu pude lhe conhecer, ouvir suas razões, e tambem dizer "adeus", isso é mais do que muito sonham poder.
Eu não a conheci como gostaria ou do geito que deveria, mas a conheci, e isso é o bastante pra mim.
Não posso chorar por sua morte como alguém que a conheceu, mas sinto a dor de uma criança que não teve a chance conhecer sua mãe.

Vi Karen sair e voltar do apartamento do Kaito com meus documentos. Ele pediu à ela que me dissesse várias coisas, mas antes que começasse, eu a parei e disse que não precisava ouvir.
Não era como se não odiasse ele ter mentido pra mim; mas sabia que era algo que poderia perdoar.
Oque eu realmente odiava, era o fato de ser irmã do homem que amo, e o pior, é que sei que ele sente o mesmo.

Enquanto esperava a hora de ir embora, imaginava o quanto ele deveria estar sofrente por tê-la perdido; nas palavras de conforto que nada confortam; nos abraços de acolhimento que nada acolhem e em quantas pessoas estão lá para apoia-lo de verdade.

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