___ A viagem vai ser longa então você pode descansar um pouco
___ Eu não conseguiria mesmo que tentasse ___ o aviao já estava prestes a decolar, e eu olhava fixamente pela janela, esperando que algo me fizesse ir até ele; mas eu não podia, não haveria como chegar perto dele sem querer toca-lo.
O melhor para nós dois, era se afastar.*****
___ Que bom que voltou. Eu já estava quase indo até você em Tokyo ___ gritou vindo até nós com um grande sorriso.
Após nos abraçar e gritar chamando atenção de todos no Aero-Porto; Lian nos levou pra casa.Ele não parava de fazer perguntas sobre Tokyo, e eu respondia sem dar muita importância; mas quando ele perguntou sobre o Kaito, eu já não pude conter uma simples emoção, saudade.
Com o longo silêncio que se perdurou por longos minutos, Lian consegui entender a situação e permanecemos nesse mesmo silêncio até chegar em casa.___ Oque vai dizer pro seu pai? ___ perguntaram em uni sono assim que desci do carro fazendo com que se olhassem e rissem.
___ Ele sem dúvidas vai me achar louca se disser que fui parar magicamente em Tokyo; então acho melhor dizer que as montanhas estavam muito frias ___ Falei e ambos riram.
Assim que entrei, vi alguns enfeites de Natal ainda decorando a casa, e o cheiro magnífico da comida do meu pai.
É incrível perceber que não importa onde você vá, sempre chegará o dia em que precisará voltar pra casa e sentir o cheiro de familiaridade.___ Não acredito; meu bebê voltou ___ gritou papai vindo em minha direção com um grande sorriso ___ Eu senti tanto a sua falta ___ disse ao me abraçar.
___ Eu também senti muito a sua falta ___ o abracei com ainda mais firmeza e inalei o cheiro de tempero que ele sempre teve, o cheiro que tanto adoro, o cheiro do meu lar.
___ Me diz, como foi lá? ___ perguntou ao me soltar de seus braços ___ E onde estão suas coisas? ___ eu não trazia malas ou mesmo uma mochila, já que não havia levado nada, não havia nada para trazer.
___ Acabei perdendo tudo quando voltamos; a capota do carro abriu e quase todas as mochilas ficaram no meio da estrada; só percebemos quando chegamos na cidade ___ falei rindo para tentar convence-lo. Carlos gargalhou tanto quanto pode e então me convenci de que acreditou.
___ Vá tomar um banho e então desça, fiz um prato especial hoje ___ disse cessando o riso e adquirindo uma postura mais séria ___ Temos que conversar sobre algo importante
*****
Depois de tomar um banho relaxando e pôr meu jeans rasgado com minha camisa quadriculada; desci e fui até meu pai. Ele estava sentado no sofá com as mãos entrelaçadas; significa que está apreensivo.
Me sentei ao seu lado e já sabendo do que se tratava, tentei cortar o assunto.___ Antes que diga qualquer coisa; saiba que não precisa.
___ Eu preciso sim, e você também precisa ___ Seu olhar era sério e determinado, então compreendi que era algo que ele precisava dizer ___ Sua mãe foi obrigada a nos deixar porquê seu pai lhe obrigou a casar com outro homem, alguém a quem ela já havia sido prometida; sua mãe não queria, mas não teve escolha. Em todos os seus aniversário eu tirava fotos suas e mandava pra ela; mesmo que você não quisesse, eu sempre dava um jeito de fazer alguma coisa ___ disse sorrindo ao lembrar das várias festas surpresas que fazia pra mim, mesmo que eu implorasse para que ele não fizesse nada. Durante um tempo achei que ele tivesse obsessão por organizar festas de aniversário ___ Ela não podia se aproximar de você. Mas alguns meses depois de o marido dela ter falecido, ela veio até aqui, ela queria ver você; te conhecer. Foi no seu aniversário, ela ficou durante toda a festa, apenas te observando de longe ___ eu não sabia oque pensar ou mesmo dizer.
Quando a acusei no hospital, ela não me contrariou, não me explicou ou disse qualquer coisa.___ Por que? Por que ela não veio falar comigo? ___ perguntei já sentindo as lágrimas escorrerem e a voz sumir.
___ Ela te viu sorrindo e se divertindo com seus amigos; achou que seria melhor você não saber oque aconteceu; que sua vida seria melhor sem ela e os conflitos que teria de enfrentar por ter seu sobrenome
Selenya Hitoshi Reinonds; esse foi o nome que recebi quando nasci.
Hitoshi Susuna; esse sobrenome foi a sua perdição, sua maldição, e ela tentou evitar que esse mesmo mal recaisse sobre mim, ela me protegeu.
Em todos esses anos eu achei que ela estivesse se escondendo de mim, mas oque ela escondia, era sua maldição.
Agora que ela se foi; Kaito e eu, carregaremos nossa maldição.
VOCÊ ESTÁ LENDO
De Repente Japão
RomanceSelenya sempre foi uma garota carinhosa e extrovertida. Mas ainda pequena, ela foi abandonada pela mãe sendo criada apenas pelo pai. Seu maior desejo sempre foi encontrar sua mãe e descobrir o real motivo de ela tê-los deixado. Após anos, ela desco...