06 | holding hands

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N A M J O O N

Janeiro, 16.

Desde a vez em que eu e Nari nos encontramos na cafeteria no Natal, foi o suficiente para que eu conseguisse me aproximar mais a cada momento.

Ao menos naquela semana, eu já tinha duas desculpas para, talvez, encontrá-la. Os livros e as luvas.

Mas não foram todas as vezes em que ela estava lá. E uma delas, eu havia ido por causa de Hyesun. E adivinha? Biscoito e suco de melancia.

Não sei se já mencionei, mas minha avó e Hye não moram aqui em Gwangju, mas em Busan. Elas costumam vir para passarmos algumas datas mais significativas juntos. Fazem apenas 7 meses que moro aqui sozinho, mas já conheço bastante sobre esse lugar. E elas também.

Mas, parando para pensar, desde o dia 25, eu e Nari já devemos ter nos encontrado por volta de dez vezes.
Tanto porque eu queria vê-la ou por alguma coincidência.

Minju e Yooheon também já passaram a conversar normalmente comigo e já não me tratam como um desconhecido. Me enturmei rápido entre elas, até eu estou surpreso.

E é disso que eu preciso, ganhar confiança.

Nesse momento, já se passavam das 19hrs e o estabelecimento estava fechado. Como Yooheon precisou sair mais cedo, pediu para que as duas fechassem a loja e terminassem de arrumar o que faltou. E sem surpresa nenhuma, eu fiquei.

E não é porque preciso manter a pose que exerci no trabalho. É porque não é de minha índole deixar tudo nas costas dos outros e não ajudar o mínimo possível.

Posso ter um trabalho fodido, mas além de tudo, tento manter metade de meu bom caráter.

- Jamais que eu faria administração, não tenho nenhuma capacidade matemática.. — Minju comenta para mim, enquanto eu a ajudo a terminar de lavar a louça e observamos Nari em uma das poucas mesas redondas, fazendo seu trabalho da faculdade — Você é bom em exatas? — perguntou e abriu uma das gavetas, tirando um pano para que pudéssemos secar as mãos.

- Eu costumava ser, agora já não tenho tanta certeza! — soltei um riso — Ela deve ser ótima.. — peguei o pano e agradeci.

- Ela é bem inteligente mesmo, não faz ideia de quantas vezes ela já me ajudou em trabalhos de escola e até da faculdade.. — respondeu, me deixando pra trás, ao sair da área de trabalho.

- Você está em que ano? — questionei, enquanto a seguia para fora do balcão.

- Terceiro, torcendo para que daqui dois anos eu me forme! — riu e suspirou, apoiando as costas em um dos bancos— Nari também, entramos praticamente juntas..

- Vocês entraram com dezenove anos? — fiquei surpreso de verdade.

- Acredita? — fez uma feição orgulhosa — Somos mega inteligentes!

- Quase nos matamos de estudar, mas valeu a pena! — dessa vez foi Nari quem disse alto, ainda focada na tela de seu notebook aberto.

- Estava nos escutando? — perguntei de maneira risonha e retórica.

- Talvez.. — anotou algo.

- Ela tava sim, com ouvido biônico.. — soltou e recebeu uma borracha no pé — Ei! — riu, mas não havia como sentir dor, o objeto era pequeno.

- Falta muito? — puxei uma cadeira me sentando ao seu lado, fazendo nossas pernas roçarem uma na outra de maneira impremeditada. O que me causou um leve pulo e um pedido sussurrado de desculpas, mas ela apenas negou sutilmente e parecia focada em terminar de escrever algo para conseguir me responder.

365 DIAS - KNJOnde histórias criam vida. Descubra agora