19 | sad birds still sing

1.4K 178 42
                                    

N A R I

Agosto, 22.

Sem que eu pudesse controlar, morri por alguns dias. Mas meu corpo não estava em decomposição e meu coração ainda batia.

Faz uma semana desde que descobri que os últimos oito meses com ele, foram uma mentira. Ele é uma mentira.

E machuca tanto. Você está ciente de como aquilo está te corroendo por dentro, mas continua pensando. Continua se machucando.

E ironicamente, agora está chovendo.
Os braços dele eram tão quentes e confortáveis ao redor de meu corpo. Me faziam sentir tão segura. Não me permitiam ser tomada pelo medo.
Ele era tão carinhoso e atencioso comigo. E mesmo com toda essa mentira por trás, eu não consigo odiá-lo.

Só queria entender, como ele foi capaz de fingir tão bem? Como eu me permiti ser uma idiota por todo esse tempo?
E enquanto martirizo-me,  sinto a água fria cair por meu corpo, atingindo cada parte de minha pele.
Estou sentada ao chão, fazendo com que minhas costas encontrem o azulejo frio. Já não sei mais se lágrimas escorrem por meu rosto, já que as gotas de água que caem, se misturaram a elas.

Mas ainda assim, eu chorava. Chorava até sentir que os soluços presos em minha garganta, me causassem dor.

Me sinto tão cansada de desde pequena nadar contra a correnteza e sempre acabar me afogando. De sempre procurar o caminho o qual julgo que irá machucar menos. Mas tudo isso é inútil, os caminhos são imprevisíveis. As pessoas são imprevisíveis e eu deveria aprender a não me entregar totalmente de maneira tão fácil.

De maneira tão vergonhosamente estúpida.

Agosto, 24.
[ Dois dias depois ]

- Ei, Narizinha.. — Minju me chamou, com sua voz calma, tocando meu nariz, assim como quando éramos crianças — O que quer comer? — parou de andar, enquanto tinha o braço enlaçado ao meu.

- Tô sem ideia.. — respondi, sincera, olhando em volta.

- Um hambúrguer? — apontou para a lanchonete que possivelmente é nova, eu nunca havia a visto aqui pelo centro.

- Sim, pode ser.. — sorri fraquinho, enquanto íamos até o lugar.

A fachada era bonita, tinha um tom simples em madeira que dava um ar rústico ao local.

- Boa noite! — se curvou e retribuímos o gesto em educação — Será uma mesa para duas? — a atendente perguntou, sorridente.

- Sim, para duas.. — Minju quem confirmou e fomos levadas até o local.

Por dentro era bem espaçoso e aconchegante. Gostei daqui.

- Minju.. — chamei, enquanto ela já olhava o cardápio — Por que não chamou o Yoongi? — decidi perguntar, já que ela não tocou no nome dele desde que me buscou lá em casa.

- Não é nada, Nari! — sorriu e me esticou o cardápio — Tem um lanche aqui que você vai gostar, dá uma olhada.. — tentou desviar do assunto.

- Minju. — chamei mais uma vez, não me movendo, apenas olhando seu rosto.

- Não sabíamos se você iria se sentir confortável.. — confessou devagar e eu franzi o cenho negando.

- Por que? Somos amigos, poxa..

- Eu sei, só.. — suspirou fraquinho, olhando-me com cuidado — Quer que eu chame? Ele deve estar aqui pertinho..

365 DIAS - KNJOnde histórias criam vida. Descubra agora