09 | i promise

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N A R I

Março, 14.

Como em mais um rotineiro sábado, eu decidi ir correr um pouco no parque, para tentar aliviar a tensão que tenho sentido durantes esses últimos dias.

Eu raramente gosto de sair de casa e praticar exercícios físicos, mas hoje, criei disposição para começar.

E tudo melhorava quando o fone permitia que as vibrações sonoras invadissem meus ouvidos, causando leveza a cada passo que eu realizava.

Como gosto bastante de apreciar as vistas enquanto estou por ali, em certo momento, não pude deixar de notar algo meio estranho, me obrigando a parar.

Não sei se minha desconfiança surge por puro erro ou se me parece ser algo extremamente sério acontecendo um pouco distante de mim.

No parque onde estou, há uma área com brinquedos grandes, um comum parquinho infantil.

Ao me aproximar mais do meu ponto de foco, não disfarço o quão descaradamente encaro a cena.

Havia um homem, com claramente uma aparência mais velha, segurando algo em mãos, enquanto conversava com uma criança, que estava em frente ao escorregador.

Então, mostrou uma pelúcia de, até onde vejo, um gato. Oferecendo para que a criança o segure. E a mesma demonstra contentamento ao segurar o pequeno bichinho, mas que logo é tomado de suas mãos, delicadamente.

E com a cena seguinte, meu coração acelerou.

Ele apontou para algum lugar e ofereceu sua mão à inocente criança que em seguida, a segurou. E eu não hesitei em ir até lá, com passos apressados.

- Vem comigo, lindinha! eu tenho mais desses! — escutei e juro, tremi de ódio, concluindo minhas suspeitas. Era uma tentativa de sequestro.

- Nari? Te achei! Sua mãe está te procurando, mocinha! — cheguei ao local, olhando a menininha que tinha as mãos juntas as do homem, o qual olhei em seguida, mudando totalmente minha feição — O que está fazendo? — demonstrei dureza na voz, não hesitando em acabar com o toque.

- Quem é você? — perguntou-me, querendo mostrar ser mais forte e eu não senti medo, jamais.

- Te devo alguma satisfação? — questionei e ele ainda pareceu firme em não acreditar, e nesse momento, eu segurei o bracinho da garota, a escondendo atrás de minhas pernas — Onde pensa que estava indo com ela? — exclamei em alto som e ele pareceu ter se assustado por olhares terem se voltado a nós. E sem mais insistir, acabou deixando com que sua provável armadilha caísse ao chão e correu.

Desgraçado, filho da puta.

Quando o vi sumir de vista, me virei, abaixando logo em seguida, para ficar próxima da altura da garotinha, deixando seu braço — Está tudo bem, princesinha? Ele fez alguma coisa pra você? — eu tinha calma na voz, não queria assustá-la.

- Você conhece a minha mamãe? — foi a primeira coisa que me perguntou e eu neguei fraquinho.

Tão inocente, tadinha.

- Não, acho que cometi um engano.. — expliquei e ela pareceu entender.

- Eu tô bem sim! — sorriu e olhou para outro lugar — Olha, o moço deixou o gatinho cair.. — disse, tentando ir na direção da pelúcia e eu a segurei, impedindo.

- Eu compro um mais bonitinho pra você, pode ser? O que você quiser. — perguntei e ela assentiu freneticamente — Mas precisa me prometer que nunca mais vai falar com estranhos.

- Mas você é uma estranha.. — concluiu e eu acabei concordando.

- Mas eu sou a última estranha que você pode conversar, tá bom? Promete?

E sem hesitar, ela levantou seu dedo mindinho, o qual entrelacei ao meu, para logo em seguida juntarmos nossos polegares. — Prometo!

- Vou acreditar em você, hein! — permaneci com leveza na voz, mas ainda sim com medo dela não seguir o que pedi. E até então, não vi ninguém se aproximando, ninguém em sua procura.

Ela não pode estar sozinha no centro da cidade, não é possível. E então, sua voz fininha invadiu meus ouvidos novamente.

- Mas se eu prometi de dedinho, tem que acreditar. Não pode quebrar promessa de dedinho! — explicou.

- Não pode mesmo, é feio! — ela fez uma careta.

- E meu nome não é Nari.. — disse num murmúrio. E eu respirei fundo, notando sua ingenuidade, é só uma criança..

- Desculpa, pensei que fosse.. — inclinei o rosto para vê-la melhor — Qual é seu nome?

Então ela sorriu fraquinho — Hyesun!

Enquanto eu aguardava pela polícia, não deixei que ninguém encostasse naquela pelúcia, porque no primeiro instante que a observei de perto, notei uma coleira, que é justamente por onde o cara segurava e tenho certeza de que há alguma digital sua ali.

Dessa você não foge, seu babaca.

E em pouco tempo duas viaturas chegaram, uma delas era da polícia científica.

- Hyesun, seis anos e estava antes com a avó Jiwoo em uma loja de roupas.. — contava para um dos oficiais em minha frente, que escutava atentamente, enquanto a garotinha segurava minha mão.

- Nós iremos levá-la em procura da avó, mas peço que a senhora fique aqui para serem registrados seus dados, tudo bem? — explicou calmamente e eu assenti, mesmo querendo só soltá-la, quando estivesse em total segurança.

- Você vai vir comigo? — me perguntou e eu acabei abaixando, apoiando os joelhos no chão.

- Vou ficar aqui.. — soltei sua mão devagarinho — Você precisa encontrar sua vovó, ela deve estar te procurando, Hyesun.. — disse, notando seu olhar fixo em mim.

- E se.. — parece que entendeu um pouquinho do que estava acontecendo — Eu nunca mais vou ver minha vó? — seus olhinhos começaram se encher de lágrimas e eu passei meu polegar por cima da gotícula que escorreu em sua bochecha. Sentindo meu coração apertar.

- Você vai, daqui a pouquinho, por isso eles vão te levar, entendeu? Pra você achar a vovó, não precisa chorar.. — ela fungou e os policiais próximos observavam a cena pacientemente, empáticos.

E quando ela finalmente aceitou entrar na viatura, me chamou, ficando em pé no banco para tentar alcançar minha altura, apoiando as mãozinhas na área onde o vidro se encontrava aberto — Eu posso te ver de novo? — perguntou, fazendo um biquinho fofo e acabei me lembrando de algo. Puxei minha bolsa e tirando de lá um cartãozinho de anúncio do Coffeland, a entregando.

- Quando você quiser me ver, mostra esse papel para a sua vó, combinado? Se ela deixar, eu te entrego o gatinho lá! — falei devagar, colocando o papel em sua mão.

- Ah, o meu gatinho com roupas? — tentou ter certeza e eu ri.

- Seu gatinho com roupas.. — e então um dos policiais me olhou, em sinal de que eu precisaria me despedir e assim, o fiz.

Hyesun foi levada e eu pedi que me avisassem caso Jiwoo fosse encontrada. E assim que a viatura foi embora, me aproximei dos outros oficiais e em seguida, um dos peritos no local, disse que seria necessário examinar mais calmamente a pelúcia e que caso algum resultado fosse formado, iriam entrar em contato comigo. Mas que sim, acharam digitais.

No primeiro instante, não precisei ir até a delegacia, porque tudo que era necessário foi feito no local.

E assim que fiquei sozinha, de alguma forma, minha ficha caiu. Me encostei na pequena mureta que separava a parte vegetal das construções e respirei fundo e me senti sensível.

Eu realmente salvei uma criança de sequestro?

365 DIAS - KNJOnde histórias criam vida. Descubra agora