Cap. 15 - Vinho

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Oi gente. Como vcs estão? É... eu tenho dois avisos. Primeiro: esse é o menor capítulo da fic o que triste, mas é o que temos para hoje. Segundo: não criem expectativas. Nem sobre o capítulo, nem sobre o que acontece no final dele.

{Palavras: 2.528}

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23 de junho de 2018

Eu achei que essa semana seria mais fácil, achei que semana passada as coisas estavam ruins, porque fui pego de surpresa. Essa semana não, eu tinha minha mãe e uma espécie de assimilação do que tinha acontecido. Mas, na verdade, as coisas parecem ainda piores. Era bem mais simples só jogar a culpa em você, ficar com raiva e beber todas. Bem mais simples do que a "saudade", pelo menos. Sei lá, eu estou constantemente evitando pensar em você, mas de alguma forma você está sempre lá. Nas pequenas coisas. E é insuportável. Quer dizer, porra, eu estava comendo um kiwi e lembrei da nossa conversa sobre isso, lembrei de quando você levou pra mim quando eu estava doente e você estava cuidando de mim. Eu não posso almoçar com nossos amigos sem pensar em você. Merda! Não posso nem mesmo encarar Veronica sem lembrar de você. É um saco. Eu sinto falta de contar sobre o meu dia para você e conversei com a doutora sobre isso, ah! Não sei se te contei, mas estamos nos vendo duas vezes por semana agora (que coisa mais idiota! É óbvio que eu não te contei). Enfim, ela disse que eu deveria escrever sobre isso também, que faria bem. Que mesmo que você não ouvisse, pelo menos não ficaria preso dentro de mim. Vou tentar organizar parágrafos e parar de ser tão modernista25.

Domingo, eu estava morto de ressaca e minha mãe apareceu aqui, porque sua mãe disse a ela que algo aconteceu entre nós. Ainda não superei essa doideira. Quer dizer, quando elas trocaram o contato? Como isso aconteceu? De qualquer jeito, ela cuidou de mim e não deve ter sido fácil, deve ter sido doloroso pra ela me ver daquele jeito e eu entenderia se ela gritasse e brigasse comigo, mas ela não o fez. De alguma forma, ela sabia que eu não poderia lidar com aquilo, que já estava lidando com meus próprios gritos e brigas. Foi muito bonito, mas também muito triste. Eu me senti o pior filho e ser humano do mundo e não foi somente a ressaca que causou isso. Conversamos bastante e eu pedi desculpas a ela, mesmo sabendo que não eram suficientes e nunca seriam.

Quando eu era criança, eu sempre tinha um livro de mandalas para colorir e toda vez que eu ficava chateado ou com raiva, minha mãe o pegava e começávamos a colorir em silêncio. Eu nunca fui muito de conversar sobre sentimentos, bom... parece que isso mudou agora. Era a melhor terapia que eu podia ter e somente depois disso, eu me abria e conversava com ela, na maioria das vezes. Então, minha mãe teve essa brilhante ideia e ao invés de usarmos um livro de colorir e lápis de cor, usamos algumas telas que eu tinha e pintamos uma mandala imensa em todos os quadros. Separadas eram como peças de quebra-cabeça embaralhadas e juntas simplesmente entravam em uma sintonia cósmica. É uma das coisas mais lindas que eu já vi na minha vida e tudo está perfeitamente equilibrado tanto no quesito de cores quanto no de formas. Escolhi uma parede na minha casa e preguei todas as telas juntas, você iria amar! Está absolutamente fantástico! É muito lindo.

Segunda-feira foi um dia chato, como geralmente é. Senti sua falta quando comi kiwi no café da manhã. Minha mãe teve sua vingança. Perguntei os planos dela para o almoço e ela disse que almoçaria com uma amiga. Perguntei quem era, porque ela não tem muitos amigos aqui e ela disse "você não sabe tudo da minha vida, assim como eu não sei da sua". É, eu sei. Touché. Mereci essa. Descobri que nossos amigos estão revezando para almoçar conosco. Isso é legal da parte deles, mas é meio estranho.

• 1968 • {Ziam}Onde histórias criam vida. Descubra agora