Capítulo 14

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Pov. S/n

No minuto em que recebi o telefonema, sabia que tinha a ver com a Rafa. Desde que ela entrou na minha vida, tudo tem sido louco, um episódio fodido após o outro. Nunca na vida franzi tanto a testa quanto ultimamente, mas, admito que nunca ri tanto, também. Ela não só traz à tona o meu lado absurdo e insano, bem como o divertido, bobo, brincalhão, que eu nem sabia que tinha.

Um mês atrás, eu a teria demitido sem pensar duas vezes, mas agora, ela se demite praticamente todos os dias, sorrindo cada vez que me dá o aviso prévio.

Mas ela não pagar as minhas multas foi golpe baixo. Meu carro, meu bebê, foi rebocado, e eu tenho uma reunião importante com Pyong no local do restaurante para finalizarmos várias coisas.

Agora, estou saindo do escritório com as chaves do ônibus dela nas mãos. Ok, não é um ônibus na verdade, mas o fodido chega perto.

Eu clico ''desbloquear'' na chave e entro. Meus joelhos ficam pressionados contra o painel e o volante está tão perto que, praticamente, corta o ar da porra da minha garganta. Eu tateio pela lateral procurando os botões para mudar a posição do assento e me dar algum espaço para as pernas.

Quando estou acomodada e a circulação retorna para as minhas pernas, aperto o botão de partida sem chave, e o carro liga.

Eu afivelo o cinto e saio. Uma música suave toca ao fundo quando, de repente, a voz de uma menina começa a encher o carro.

Suave no início, e um pouco chata, então eu aperto o botão na tela para mudar para o rádio. Depois de clicar uma vez, nada acontece, e eu tento de novo. E, mais uma vez, nada acontece.

Estou muito ocupada tentando passar pelo tráfego neste veículo gigante, então eu tento me desligar. Sou até bem sucedida, isto é, até a gritaria começar e me assustar pra caralho. Alguém gritando algo sobre estar livre.

Que porra é essa? Eu pressiono o botão de novo, desta vez para o rádio via satélite, e a porra da música grita Livre Estou e não para de tocar. A voz e a música ficam mais e mais altas, e eu tento desesperadamente abaixar o volume.

Incapaz de silenciar este novo pesadelo induzido por Rafa, eu pego o telefone e disco o número dela, ainda tentando abaixar o volume, mas sem sorte.

Ela atende após um toque.

– Sim. – ela responde, obviamente irritada que eu esteja incomodando-a, se o tom da sua voz for qualquer indicação. Bem, estou irritada, também.

– Algo está errado com o seu carro. – eu grito para o telefone que estou segurando na minha mão, enquanto toco na tela e coloco-a no viva-voz.

– Bem, seja lá o que você tenha feito, desfaça. – ela aconselha, em seguida, continua. – Eu te disse antes de pegá-lo, se quebrar algo você paga.

Eu solto um suspiro irritada.

– Eu não quebrei nada. Eu não consigo desligar o rádio. – enquanto isso, a música começou – de novo - a voz rompendo com a porra de Livre Estou.

– Oh isso, sim eu sei. Eu tenho que mandar arrumar. É como se ele estivesse congelado. – ela diz e imediatamente começa a rir sozinha. – Entendeu? Congelado?

Eu olho para o telefone, me perguntando se isso está acontecendo, se estou mesmo tendo essa conversa.

– Eu não entendi. – eu bufo enquanto a garota canta sobre o frio não a incomodar. – Como diabos eu faço para ela calar a boca? – eu grito sobre a música.

– Oh, sim, eu não sei. Eu tentei pesquisar no Google, mas nada apareceu. – eu ouço-a digitando como se esta conversa não estivesse lhe incomodando.

Chefe Cretina - Rafa / You G!pOnde histórias criam vida. Descubra agora