"A candeia do corpo são os olhos; de sorte que, se os teus olhos forem bons, todo teu corpo terá luz."
Eu apenas observava os carros passarem velozmente pela pista, enquanto sentia a água do rio resfriarem meus pés. Alguns dos meus amigos pulavam na água, outros disputavam quem chegava nadando ao outro lado do rio primeiro. Jonas veio e sentou-se ao meu lado.
- Jonas, qual é o nome dele mesmo? - perguntei apontando para o novato.
- É Daniel, ele veio de um interior... - coçou a cabeça - não estou lembrado do nome.
- Veio sozinho?
- Isso eu não sei. Tu vai ter que perguntar pra ele - Jonas se levantou e gritou: Ei, Daniel!!!
Eu quase morri nesse momento, se pudesse me enterraria. Então, eu saí de vagar e fui ficar ao lado da Carol.
- O que foi? - ela perguntou.
- Nada!
Fiquei observando de longe, enquanto eles conversavam. Jonas ria, balançava a cabeça e parecia estar gostando da conversa. "Eu deveria ter ficado", pensei. De repente, Jonas apontou para mim, e em seguida Daniel olhou e sorriu. Eu tentei disfarçar olhando pra baixo. Meu rosto parecia ardem chamas, com certeza eu estava com o rosto todo vermelho, e não era por causa do sol.
Ao olhar novamente para lá, eles tinham voltado a conversar, acho que dessa vez o assunto era relacionado à Igreja, já que estavam mais sérios. Meus olhos passearam pelo corpo dele. Vestia um shorts vermelho de tactel e uma camisa branca. Ainda estava enxuto, pois, assim como eu, ainda não tinha entrado na água.Muitas das pessoas que não são evangélicas acham que nós tomamos ou devemos tomar banho com a mesma roupa que vamos à igreja. Parece uma piada, como banharíamos de calça e camisa social? Não dá. Os rapazes banham de shorts mesmo, algumas vezes até só de sunga. As meninas vestem, geralmente, um shortinho jeans com uma blusinha de alça. Eu não gostava de ficar sem camisa, então sempre fico com uma camiseta e um shorts.
Mas eu comecei a imaginar como seria por dentro daquela camisa, como seria seu corpo. Dava de ver o peitoral se sobressaindo, gravando seu formato na camisa. A costa larga e os braços fortes sugeriam um corpo bem modelado, como de um deus grego. Não pude deixar de notar a bunda, que, aliás, me tiraram do chão com a calça social mais cedo. E eu sentia tudo de novo. O conflito interno: medo e desejo de me entregar ao sentimento.
Na maioria das vezes, consigo parar esses pensamentos cantando ou me repreendendo mentalmente, mas eu não conseguia agora. Aquilo era forte de mais, estava me arrebatando. Já estava prestes a imaginar seu corpo despido quando...
- Ei!
Eu voltei.
Tentei fingir que estava tudo bem, que meu pensamento não estava em outro lugar. "Ai, meu Deus! Que vergonha!", pensei. Fiquei me perguntando se ela tinha percebido.
- Não precisa ter ciúmes! - disse Carol.
- O quê? - meu rosto corou novamente. Será que elas descobriram tudo? Eu não conseguia conter minha vergonha.
- O Jonas só tá conversando com o Daniel, ele não vai te trocar, não. Relaxa, amigo. - ela respondeu sorrindo.
Fiquei aliviado. Aquilo era menos mal, elas não tinham percebido nada. Minha reputação estava intacta.
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[EM REVISÃO] O Fruto Proibido
RomansaCapa feita por: @pequena_boneca007 Este não é um livro sobre uma história de amor entre dois homens, vai além... é envolvente e rigorosamente pensado. Um jovem cristão, fervoroso em sua missão de evangelizar, vê sua fé e determinação desmoronarem qu...