• Substrato •

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"...Haverá tribulação e angústia para todo ser humano que pratica o mal..."

Não se pode vencer o inimigo sendo amigo dele, uma hora ou outra alguém vai acabar sendo ferido. No entanto, eu havia abraçado meu inimigo, mais que isso, havia lhe contado a minha fraqueza e como poderia me vencer, causando, assim, feridas imensas.

Eu não conseguia me concentrar em nada do que era dito pela pessoa que estava a minha frente, era a mesma que nos ensinava aos domingos. Eu ficava lembrando de como Daniel havia me tratado algumas horas antes, quando me despedi dele. Ele não tinha ido à igreja, isso me deixava ainda mais aflito. O remorso me revirava do avesso de forma que eu até sentia náuseas. Comecei a me perguntar por que ele não tinha ido, mas talvez fosse pelo remorso que também sentia.

- Ei! Está tudo bem? - perguntou Carol, após sairmos da igreja.

- Tá sim! - eu tentava disfarçar - Cadê o Jonas?

- Não sei! Posso falar uma coisa contigo? - ela demonstrava preocupação.

Fomos para um lugar, ali fora, com menos agitação. Geralmente, a frente da igreja ficava cheia de gente sempre que alguma programação terminava. Percebi que era bem sério o assunto, já que ela não queria que ninguém ouvisse.

- Tá sabendo o que estão falando? - ela foi logo perguntando.

- Depende! De quê, exatamente?

- Olha, Lau... eu peço que não dê ouvidos; que não se importe com isso. Têm pessoas que só querem ver o mal em tudo o que a gente faz.

- Tá! Mas... o que eu não estou sabendo? - perguntei. Achei muito estranho o que ela estava dizendo, como se me preparasse pro pior.

- Estão falando que tu anda demais com o Daniel, meu amigo. Eu não queria falar isso não, porque eu tenho certeza que não é verdade. Mas... disseram que até já viram vocês se beijando.

Carol fez certo ao ter me preparado para aquela notícia, pois eu jamais esperava ouvir isso, principalmente da boca dela. Meu sangue pareceu parar de correr por meu corpo, e meu coração pareceu parar de bater. Nós havíamos tido o primeiro beijo só tinha dois dias, e isso já tinha sido espalhado para todo mundo. "Quem pode ter visto a gente se beijando naquela escuridão?", pensei.

- O quê? - parecia que as palavras fugiam de mim naquele momento - Co... como assim?

- Amigo, não precisa explicar. Com certeza, é mais uma invenção da peste do Lucas, ele adora fazer isso contigo.

- O Lucas? Foi ele que disse isso, Carol?

- Ao que tudo indica, sim. Quem me disse foi o Carlos e a Maria. Mas eu tenho certeza que é alguma invenção dele.

- Mas ele... - suspirei - tava tão diferente. Parecia ter mudado tanto. Tava até participando da peça com a gente.

- E tu acredita nisso? Acha mesmo que ele iria mudar assim tão depressa? Com certeza, ele tava só querendo ouvir conversa pra ir levar pros outros.

- Se foi ele mesmo que fez isso, eu vou matar ele. - meu ódio por Lucas reapareceu.

- Calma, amigo. Não esquece que tu pode ser disciplinado. O pastor já tolerou vocês da outra vez, acho que agora vai ser pior. - ficamos um tempo em silêncio - O que nós iremos fazer é ir até o pastor e dizer essas coisas que ele está inventando sobre ti. Isso é um pecado terrível.

- É verdade! Tu tem razão. - falei. Mas lembrei que eu que estaria cometendo o pecado, além do que eu já havia cometido. Iria mentir não somente para Carol, mas a todos, incluindo o pastor.

[EM REVISÃO] O Fruto ProibidoOnde histórias criam vida. Descubra agora