Capítulo 19 - E eu consigo não desculpar?

810 68 29
                                    


Avisos:

Oiii, gentxi!
É bem provável que eu vá sumir de novo, igual ando sumida, porque a inspiração tem estado nível zero por aqui e eu tô odiando esses últimos capítulos. Não quero entregar qualquer coisa pra vocês :( 
Enfim... vocês que lutem com esse cap horrível só pra não ficarem tanto tempo sem nada.


Rafa POV

Meu celular tocou e eu paralisei quando vi que se tratava de uma chamada no Facetime e que era a Manu quem estava ligando. Me tranquei no quarto, sentei na cama, respirei fundo e atendi a ligação.

Um sorriso se formou nos meus lábios, por mais que eu tentasse não demonstrar irritação devido ao comportamento da pequena nesses últimos dias.

— Oi, Manoela - Falei o mais séria que consegui.

— Desculpa, desculpa, desculpa, desculpa, um milhão de vezes desculpa. - Ela fazia aquele bico fofo e eu não conseguia não desculpá-la, além de ter vontade de guardar num potinho e não deixar ninguém se aproximar.

— E eu consigo não desculpar?

— Não, porque você me ama. - Ela falou sem pensar e automaticamente um silêncio constrangedor se instaurou no ambiente. Quando éramos somente amigas, era muito comum a gente falar que se amava, que éramos almas gêmeas e tudo mais. Agora, essas palavras assumiam outra conotação.

— Maria Manoela, eu conheço esse moletom! - Falei rindo, tentando quebrar o gelo da fala anterior dela. Eu tinha dado falta do meu moletom favorito, mas não fazia ideia de onde estava. Eu até poderia achar que ela tinha um igual, mas claramente a peça que ela vestia era grande para o seu tamanho. E ela não tinha nem feito o esforço de tirar o moletom pra eu não perceber que estava com ela.

— Vou ter que pedir mais umas desculpas, né? - Ela riu baixinho — É que eu não estava sabendo como ia lidar com a saudade e a falta de sentir o teu cheiro, mas também tava com vergonha de admitir isso, então eu posso ter pego teu moletom escondido - Com a mão que não segurava o celular ela se escondeu, tapando o rosto envergonhada.

— Awnnn, meu Deus. Cê me mata, Manoela, cê me mata... Tá tudo bem, considere um presente. Mas por favor traga todas as vezes que a gente se encontrar pra eu matar a saudade dele também.

— Yeyyyyyyyy. - Ela comemorou fazendo uma dancinha  Mas já que você falou da gente se encontrar... Acho que é hora de falar sério.

Eu fiquei quieta, apenas assenti com a cabeça, deixando que ela falasse.

— Eu cheguei em São Paulo e a primeira coisa que fiz foi terminar de vez com o Igor. Não faz sentido eu continuar com isso, não é com ele que eu quero estar.

— E como cê tá com isso, pequena? - Perguntei genuinamente preocupada.

— Ah, um término é sempre difícil, né? Mas não tinha porque ficar protelando isso se já não fazia mais sentido.

— Sim, entendo. Cê tem razão...

— Além do que, é impossível ignorar tudo que a gente viveu fim de semana e as coisas que eu to sentindo, sabe?

Respirei fundo. Ô, se tem alguém que sabia quão difícil era ignorar essas coisas esse alguém era eu. Eu ainda não sabia como ia lidar com tudo, mas eu sabia que eu sentia aquilo e que era impossível lutar contra meus sentimentos. Neste ponto, minha única possibilidade de escolha estava em me permitir viver aquilo que eu sentia ou não.

— Sei bem. - Eu ri e senti minhas bochechas corando.

Manu POV

Aparentemente eu tinha me saído bem na missão de fazer a Rafa me perdoar. Mesmo que ela fizesse isso com bastante facilidade, eu estava determinada a não deixar mais ela triste. Por isso, começaria a ter mais cuidado com meus comportamentos, pois sabia que além de um possível relacionamento eu estava lidando com uma grande amiga. Magoar a Rafaella era a última coisa que eu queria.

Continuamos a conversa por mais um bom tempo, falando sobre coisas aleatórias e combinando nosso próximo encontro. Agora ela precisava vir a São Paulo com bastante frequência devido ao trabalho, razão pela qual queria até alugar um apartamento por aqui. Como ainda não tinha, combinamos que ela ficaria na minha casa. Eu até tinha um pouco de medo de estar apressando as coisas, mas não fazia nenhum sentido que ela gastasse com isso e também que não aproveitássemos muito bem o pouco tempo que teríamos juntas.

A ligação já tinha mais de 1h quando ela disse que precisava desligar para se arrumar para uma live da revista Marie Claire, que ela participaria como convidada. A carreira dela estava realmente bombando e eu ficava muito feliz com isso. Além de todo trabalho como influencer, ela tinha sido contratada pela Globo e estava estudando muito pra fazer um bom trabalho como atriz. Meus olhinhos brilhavam quando eu via onde ela estava chegando, pois sabia o quanto ela tinha se esforçado pra isso.

Assim que desligamos fui tomar banho e me preparar para assistir a live dela. Eu queria mostrar que me importava e que apoiava os sonhos e a carreira dela. Antes disso, como estava sumida das redes sociais há alguns dias resolvi postar uns stories, então pedi para a Catarina fazer algumas fotos minhas no sofá com meu pote de pipoca e a latinha de Guaraná, já aproveitando para fazer um publi.

Fiquei assistindo a live e fiz alguns comentários para mostrar que estava ali, todos elogiando ela e a trajetória dela no programa e na vida. Era bizarro o quanto eu estava boiolinha por aquela garota.

Rafa POV

Meu humor estava incrível depois do reaparecimento da Manu. A live também tinha sido ótima e saber que ela estava assistindo me deixava ainda mais feliz. Era incrível que ela apoiasse o meu trabalho, eu valorizava muito isso.

Resolvi dar uma passada no twitter para agradecer todos os fãs que tinham acompanhado e percebi que as minhas mentions estavam uma loucura. Minha sensação inicial foi de gratidão, pois o pessoal devia ter gostado da live. Até que eu percebi que não se tratava disso...

Manu tinha postado alguns stories e os fãs de BBB pareciam ter saído diretamente do CSI. Parece que eles tinham percebido que o moletom que ela estava usando era meu e agora existiam mil teorias sobre isso, inclusive algumas que acreditavam que Ranu era um casal e conseguiam até atrelar o sumiço da Manoela a isso. Como esse povo era tão ligado?

Enquanto eu rodava pela timeline lendo tudo com atenção, recebi uma mensagem da minha prima falando sobre a teoria. Ela estava debochando da situação, chamando o fandom de louco e dizendo que não sabia como alguém questionava a minha heterosexualidade. Eu não tive coragem de fazer qualquer outra coisa que não fosse concordar com ela. Eu acho que nunca teria coragem de admitir nada para o mundo.

Eu até tentei me conter, mas as lágrimas começaram a rolar pelo meu rosto sem que eu pudesse fazer qualquer coisa a respeito. Eu não achei que essa confusão pudesse doer tanto... que uma mulher bem resolvida e bem sucedida como eu podia ter vergonha e medo de assumir que amava outra mulher... que o pavor de não ser aceita pela minha família fosse me paralisar...

Fui tomada por uma crise de ansiedade e precisei buscar todos os exercícios que minha terapeuta tinha me passado ao longo desses anos de tratamento para conseguir contê-la. Apesar de estar um pouco mais calma, dormi chorando e sem saber como eu lidaria com aquilo tudo. 

Impasse - [RaNu]Onde histórias criam vida. Descubra agora