Prólogo

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Abri os olhos tentando reconhecer o local onde me encontrava, a cabeça doía bastante, trémula soluçava assustada,a boca estava seca... o que raios aconteceu?

Olhei ao redor com a visão turva, o galpão escuro me envolvia, apenas um feixe de luz entrava pelas janelas velhas, suava frio, o medo percorria a minha espinha ao passo que o meu peito subia e descia descontrolado.

Tentei levantar e foi quando me apercebi que tinha as mãos e os pés atados com a corda que cortava a circulação, estava imóvel, sentada na cadeira enferrujada, descalça e seminua, tentava soltar-me assustada e os flashes da noite passada atingiam-me como raios.

Flashback on:

-Mandaram-me entregá-la este envelope.-disse o garçom que caminhava de um lado para outro, recebi o papel em mãos confusa.

-Ah, quem mandou entregar?-perguntei tarde demais, ele já tinha se ido.

A música ao fundo, as pessoas bem vestidas conversando e rindo alheias ao medo que me consumia. Discreta abri o envelope e retirei o papel, as letras recortadas de várias revistas fizeram o corpo arrepiar, mas as palavras...essas fizeram o coração parar:

Vem ter comigo em dez minutos antes que o teu querido Miguel vire boneco para morgue, segundo andar á direita.”

Fechei os olhos trémula, meti o papel de volta no envelope e rápido tentava fingir normalidade enquanto alcançava as escadas do enorme salão. Subi apressadamente, meu coração batia desregulado, de novo não...

Se ao menos eu tivesse sido honesta tudo poderia ter sido diferente, agora ele poderia morrer por minha causa, de novo, tudo se repetia como um filme de terror sem fim. Virei á direita com lágrimas nos olhos, desorientada continuava a andar sem saber exatamente qual era o meu rumo,o vestido vermelho arrastava no chão.

-Miguel...-gritei ao adentrar no espaço vazio.

O barulho das pessoas animadas lá embaixo e a música abafada aumentavam a tensão, ouvi a porta fechar atrás de mim, virei assustada, tentando ver alguma coisa no meio daquela escuridão.

-Miguel...responde-me.-disse apavorada e antes que pudesse pensar a cabeça foi atingida com uma coisa dura.

Senti a mente se desligar e o corpo cair lentamente no chão sem força até por fim apagar.

Flashback off

Agora tudo fazia sentido, depois de tudo que passei nos últimos meses não era realmente uma surpresa estar ali: presa, amarrada e provavelmente morta nos próximos minutos.

-Socorro...-gritei por ajuda desesperada, chorava copiosamente e pela primeira vez eu senti que iria morrer.

Tentava soltar-me histérica, o medo dominava o meu ser enquanto as lágrimas borravam a maquiagem perfeita da gala,era para ser uma grande de noite mas não desse jeito.

-Socorro...-gritava angustiada com a respiração descontrolada, se calhar fosse melhor assim, eu havia começado aquilo tudo e eu deveria terminá-lo, não podia continuar a colocar a vida de todo mundo em risco.

Ouvi o som das correntes sendo arrastadas pelo chão, gritava com medo de quem pudesse ser, a sua sombra começava a ser revelada.

-Tu...-disse com raiva em meu peito vendo seu rosto finalmente, eu estava tão lixada!

Amélia 2 [CONTINUA]Onde histórias criam vida. Descubra agora