Cap 64: Back to Home

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Ville abriu a porta e correu desesperadamente. Havíamos finalmente chegado em casa. Eu ainda estava pendurando minha bolsa e tirando o casaco quando ouvi minha mãe falar.

-"Oh vocês chegaram!"

-"Cadê eles?" - Ville perguntou, angustiado.

-"Os bebês? Estão lá em cima dormindo, querido." - Minha mãe respondeu calmamente.

Ville mal esperou a resposta e saiu em disparada pela escada. Como se não houvesse amanhã. Minha mãe sorriu, observando.

-"Ele tá bem?"

Eu também não sabia.

-"Não sei." - Fui sincera.

Ficamos alguns segundos em silêncio. Antes de eu voltar a conversar novamente.

-"Ele tá meio agitado ultimamente, não sei bem o motivo."

-"Quer dizer que você chega e não me avisa nada?" - Ouvi uma voz familiar reclamar.

-"Lexy!"

Ela me abraçou e retribuí. Como estava com saudades de vê-la! Queria ficar ali com elas e matar a saudade mas haviam duas coisinhas que precisavam de um belo cheiro.

Subi as escadas devagar. Ao contrário de Ville, a viagem de volta havia me cansado. Abri a porta lentamente. Ele não me ouviu entrar, estava conversando com os bebês.

-"O papai vai voltar logo. E quando voltar vai encher você de presentes. Você gosta de presentes, não é?" - Ele falava baixinho com Aurora.

Não pude deixar de admirar.

-"Você vai sentir minha falta, não é?" - Perguntou ao bebê.

Naquele momento, pude entender melhor como ele se sentia. Estaria longe, sem poder ver os filhotes, sem saber se estavam bem ou precisando de algo e esse pensamento com toda a certeza o perturbava.

-"Ville..." - Chamei baixinho.

Ele olhou pra mim, dando um leve sorrisinho.

-"Olha como ela cresceu..." - Falou enquanto eu me aproximava.

-"Foram apenas dois dias, Ville." - Quase ri.

-"Eu sei, mas..."

Ele olhava pro bebê adormecido na cama. Um anjinho, tão belo. Eu amava minha família mais que tudo. A família que nunca imaginei que iria formar.

-"Vou sentir falta deles." - Informou, pesaroso.

-"Eu sei, querido. Eu sei."

Afaguei seus cabelos enquanto ele pegava Aurora no colo, acariciando seu pequeno rostinho.

-"Ela é tão linda..." - Falei.

-"Como você."

Ele falou ainda olhando para o bebê e depois lentamente olhou para mim. Eu poderia ter lhe dado um beijo em retribuição mas tínhamos que colocar Aurora no berço.

Ville levantou e caminhou devagar até lá, cantarolando baixinho. Colocou Aurora gentilmente no colchão macio após lhe dar um beijinho na testa. Eu amava o quão sentimental ele era. Sempre tão sincero e verdadeiro.

Me juntei a ele, observando o sono do bebê. O abracei por trás, sentindo seu calor. Apoiei a cabeça em suas costas, agradecendo mentalmente por tudo que a vida havia me dado.

-"Quer dormir?" - Ele perguntou, tentando me olhar por cima do ombro.

Pensei um pouco.

-"Hmmmm, acho que não." - Sorri, maliciosa.

Ele sorriu de volta, virando em minha direção. Fiquei na pontas do pés, esperando pelo beijo, que logo veio. Aquele beijo lento, despreocupado. Aquele que nos faz sentir em casa, na proteção dos braços de quem amamos. Isso até ouvirmos um choro. Ville sorriu durante o beijo e o desfez.

-"Que foi, papai?" - Falou pra Valentim.

É, a vida de pais não era fácil. Ainda mais de gêmeos. Ville foi acalentar o outro bebê enquanto eu trocava de roupa. Estava cansada e dormir realmente parecia ser uma ótima opção. Mas antes, precisava ir comer algo e jantar junto dos familiares me parecia ótimo.

-"Ville, vou tomar banho tá? Se precisar de alguma coisa me chama." - Avisei.

Entrei no banheiro e fui logo encher a banheira. Coloquei a água na temperatura certa e aguardei. Me olhei no espelho. Vi o reflexo de uma mulher feliz e realizada. Sorri para mim mesma. Essa era eu, a nova Beatrice.

Deixei meus pensamentos felizes me conduzirem para dentro da água. Apesar dos aquecedores estarem ligados, a casa ainda tinha aquele ambiente frio, típico do inverno finlandês.

Não demorei muito no banho, apenas o suficiente. Não sequei a banheira. Talvez Ville quisesse tomar banho também. Peguei a toalha e me enrolei.

-"Vill..." - Nem cheguei a terminar a frase.

Ele estava deitado na cama, junto com Valentim. Ambos dormiam, aconchegados um ao outro. Aquela cena fez meus olhos encherem de lágrimas.

Tratei logo de me enxugar o mais rápido possível e coloquei um casaco e uma calça de moletom. Fiz um coque desleixado e subi na cama pra pegar Valentim, colocá-lo pra dormir no lugar certo.

Mas um braço tatuado não deixou.

Ville estava agarrado ao bebê. E apesar de estar dormindo, parecia estar defendendo a cria. Isso me fez soltar um sorrisinho bobo.

Deitei sem fazer barulho. Fiquei admirando os dois. Valentim dormia tranquilamente, assim como o pai. Era como se os bebês o envolvesse em uma aura de proteção. Isso era bom mas ao mesmo tempo, sabia que ele iria sofrer quando voltasse a rotina da banda. E isso iria acontecer logo.

Tentei não pensar nisso.

Acariciei os cabelos do bebê e depois arrumei os de Ville, tirando algumas mechas que caíam em seu rosto.

-"Beah?" - Ouvi minha mãe chamar da porta.

Ville abriu os olhos no mesmo instante mas os fechou tão rápido quando abriu. Esperei. Nada. Continuou dormindo.

-"Oi mãe?"

-"Vocês vem comer? O jantar está pronto."

Levantei da cama e fui até ela, que sorriu, notando que Ville estava dormindo agarrado ao bebê.

-"Você tem sorte, filha."

-"É, eu sei." - Sorri de volta.

Fechei a porta com todo cuidado para não acordar as três coisinhas fofas que dormiam no quarto. Fui com minha mãe até a sala de jantar e ajudei a pôr a mesa. Quando já estava tudo arrumado, Ville apareceu, com a maior cara de sono.

-"Oh, Ville. Pensamos que você estivesse dormindo." - Minha mãe sorriu.

Ville coçou o olho, ainda sonolento.

-"O cheiro da comida te acordou né?" - Lexy brincou.

-"Definitivamente." - Por fim, ele respondeu.

O jantar foi alegre. E eu estava me sentindo a pessoa mais feliz do universo. Grata por tudo aquilo. Quando decidi vir a Finlândia, nunca imaginei que estaria aqui agora. Parece que a vida ainda tinha muitas surpresas na manga. Para todos nós.

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⏰ Última atualização: Jul 07, 2020 ⏰

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Love: in Theory and Practice - Chapter one (Ville Valo OC) - Em ReformaOnde histórias criam vida. Descubra agora