Cap 10: Funeral of Hearts

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POV de Ville:

-"Beah, por favor, me dê uma chance..." - Eu implorei.

-"Uma chance para quê? Pra você destruir minha vida? Eu não preciso de mais estragos além dos que você já fez. Você nunca vai deixar de ser o que você é: um canalha. E eu não preciso disso em minha vida. Eu não preciso de você."

Ouvir ela dizer aquelas coisas estava quebrando meu coração. Eu não queria e não podia acreditar no que ela dizia. Mas ela estava certa: eu iria destruir a vida dela. Eu não poderia estar lá sempre que ela precisasse de mim. Mal paro em casa. Eu só tinha que entender de uma vez por todas que nasci para ser um maldito eremita, sempre sozinho. Um lobo solitário.

Ouvir aquilo tudo me magoou profundamente. Eu não queria deixá-la. Senti um nó se formar em minha garganta quando percebi o rumo que a conversa estava tomando. E eu não queria chorar. Não na frente dela. Mas sou fodidamente sentimental. Então as lágrimas escaparam.

Não queria uma despedida. Queria tê-la comigo. Mas ela deixou claro: ela não precisava de mim. Ela não me queria por perto. E eu jamais obrigaria alguém a estar comigo. Eu seria capaz de largar tudo, se isso significasse deixá-la feliz.

-"Me desculpe por isso... Eu não posso mudar quem sou. Ou o que faço. Tudo o que você falou é verdade. Eu... Não sou bom para você. Eu não iria conseguir te dar uma vida como você merece. Eu... Me desculpe..."

Tentei não quebrar mais do que já estava quebrado. Ainda tentava entender o que eu havia feito de errado. Mas então lembrei: não foi o que fiz mas, sim quem eu era.

-"Apenas me deixe em paz, Ville. E apague meu número. Não quero ser incomodada por você. Eu já te esqueci. Faça o mesmo: me esqueça."

Ouvir aquilo doeu tanto. Doeu mais do que todo o resto. Porque eu sabia que não seria capaz de esquecer. Ela virou as costas e saiu. Dois segundos depois eu estava sentado no chão com o rosto entre as mãos, soluçando.

Eu queria ter contado a ela quem eu era realmente. Mas não tive coragem. Porra Valo. Era só ter dito. Assim ela não teria nem se aproximado e você não estaria chorando agora.

Mas por que eu não disse?
Tive medo. As pessoas sempre se aproximam de mim por interesse e já estou farto disso. Só queria ter uma vida normal, onde eu não precisasse ter medo de me apaixonar.

Não tem como deixar de ser o 'Ville Valo' num passe de mágica. Não tinha solução. Ela não iria me perdoar por isso. Eu só tinha que aceitar minha sina.

As palavras dela ecoavam em minha cabeça e eu não conseguia parar de soluçar. Então ouvi alguém da produção gritar:

"Cinco minutos Valo!"

Porra.

Eu não queria ir. Não queria subir no palco. Isso só me fazia lembrar o motivo de eu estar ali agora. Mas é isso que eu sou: um maldito músico finlandês tentando viver. Não podia fugir disso. Amo a música. É a minha razão de viver. Mas nesse momento... Só queria ficar ali jogado, chorando.

-"Ville?"

-"Que merda foi agora?" - Falei irritado.

Mige estava agachado ao meu lado, com um olhar de pena no rosto.

-"Não me olhe assim, Mige! Droga!" - Tapei o rosto com as mãos.

-"Hey, cara... Podemos cancelar o show. Vai dar um trabalhão depois, mas você não está nada bem." - Mige falou, preocupado. - "Olhe pra mim Ville..."

Olhei para ele sem vontade alguma, cansado de tentar esconder a situação. Eu estava horrível, e sabia disso.

-"Porra Ville. Não vamos tocar. Vem cá, me dá a mão. Vamos lá pra dentro."

Love: in Theory and Practice - Chapter one (Ville Valo OC) - Em ReformaOnde histórias criam vida. Descubra agora