Cap 3: Voz de veludo

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Sentei numa mesa e o vi se afastar para pedir meu suco. Quando ele passou, vi também algumas garotas o olharem de um jeito que me fez sentir incomodada. Ele voltou rápido com meu novo copo de suco nas mãos. Ele colocou o copo na minha frente e sorriu.

-"Aqui está." - E balançou os dedos no ar como se tivesse acabado de fazer algum tipo de mágica sensacional. Tive de rir. Ele riu junto.

Ele parecia ser de riso fácil, aquelas pessoas que riem de tudo, mesmo que não tenha graça nenhuma.

Ele sentou e de repente pareceu preocupado. Nós ficamos em silêncio um curto tempo. Nos olhando até ele corar e desviar o olhar. Merda. Ele é tão fofo. Ele abriu a boca algumas vezes como se quisesse falar algo e desistiu todas as vezes. E num pulo me adiantei sem pensar muito:

-"Qual o seu nome?"

Ele me olhou um tanto confuso e me perguntei se eu tinha feito algo errado, tipo quebrado alguma regra de cumprimento finlandês, sei lá. Mas então ele riu novamente e balançou a cabeça.

-"Desculpe amor, eu sou uma bagunça. Esqueci de me apresentar." - Ele disse sorrindo -"Eu sou Ville."

*Vil-leee*

Ele quase cantou quando disse, e fiquei pensando se era realmente um nome ou um apelido. Ville. Era diferente. Atraente. Combinava com ele.

-"E você?"

-"Eu?"

-"É. Você tem um nome também eu acho..."

-"Ah claro! Eu me chamo... Eh..."

-"Se chama?..." - Ele tentou conter um sorriso.

*Ótimo*
Agora eu tinha esquecido meu próprio nome.

-"Beatrice. Isso. Me chamo Beatrice."

-"Tem certeza disso?" - Agora ele riu.

-"É claro que tenho!"

-"Beatrice... Hm. Gosto disso."

A forma como ele falou meu nome... "Beatrrrice", fez um arrepio percorrer meu corpo. Não sei se ele já havia notado que sua voz era linda. E deixei isso escapar como uma pateta.

-"Sua voz é linda..." - Falei como um sussurro.

Ele deu um leve sorrisinho e novamente as covinhas em seu rosto apareceram. Ele era encantador, como um anjo. Um anjo um tanto trevoso claro, mas mesmo assim um anjo.

-"Obrigado por isso, kulta*." - Ele disse em voz baixa aprofundando sua voz, o que a tornou ainda mais bela.

Esse homem parecia ser cheio de mistérios, como uma caixinha de Pandora e me senti tentada a desvendar cada um deles.

Ele ficou tímido com meu elogio repentino e percebi que lidar com elogios deveria ser difícil para ele assim como é para mim. E ele começou a me parecer estranhamente familiar. Como se o conhecesse desde sempre.

Ele mexia os dedos, cutucando os cantos das unhas. Parecia nervoso. Olhei ao redor, as pessoas pareciam encará-lo, fazendo um buraco em suas costas. E ele parecia sentir. Como pensei. Vampiro.

Foi quando lembrei que Lexy ainda devia estar lá e olhei diretamente para mesa onde estávamos.

Ela estava lá. E fez um sinal de "Ok" com o maior sorriso. Ótimo. Ao menos se algo desse completamente errado, eu poderia voltar correndo para os braços da minha amiga.

Voltei meu olhar para Ville. Quase engasguei: ele me olhava tão profundamente, uma forma diferente de olhar. Não parecia nem de longe o garotinho tímido de um segundo atrás. Eu tive medo. Não dele. Mas de nunca mais vê-lo caso ele fosse embora. Eu queria que ele ficasse. Queria conhecê-lo. Queria que... Ele fosse meu.

Love: in Theory and Practice - Chapter one (Ville Valo OC) - Em ReformaOnde histórias criam vida. Descubra agora