can't stop

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oie, como vocês tão?
eu pessoalmente tô exausta e meio da saco cheio de tudo e de todos, se pá que eu entre em hiatus, sei lá
boa leitura




Foi apenas três dias mais tarde que conseguiram arranjar uma daquelas máquinas instantâneas para vender, e mais alguns pacotinhos de filme.

— Essa porcaria é absurdamente cara.

— É uma câmera fotográfica, Sammy, é claro que é cara.

— Mas tanto assim?

— Essa aqui é até barata, se você for comparar. E é usada, também. Bom, o que importa é que a gente conseguiu a maldita câmera, né?

— Eu espero que valha a pena.

— Meu Deus, Sammy, para de resmungar. Tá parecendo um velho.

— Tudo bem, tudo bem, parei. Não vou deixar justo você me chamar de velho.

— Passa pra cá, eu quero tirar uma foto.

— De quê?

— Ah, sei lá, qualquer coisa. Aqui diz que a primeira foto não sai, porque tem que tirar a tampa do pacotinho.

— Ãn?

— Esquece. Dá aqui.

Hyunjin entregou a câmera, um tanto confuso. Jeongin apontou para qualquer lugar e apertou o botão; a primeira "foto" era só o plástico preto do pacote de filme. Depois de jogar aquilo fora, Jack olhou ao redor, indeciso. Qual seria sua primeira foto? O primeiro registro de que aquela viagem de fato acontecera?

Sorriu quando concluiu o que queria, e se afastou de Sam, que ainda estava muito perdido com aquela história toda. Ele posicionou a câmera e mirou na caminhonete, pegando um pouco do céu azul e sem nuvens do verão. Clicou. Puxou a foto e esperou por uns minutinhos até a imagem se formar.

— Voilà. Eis a nossa primeira foto.

— A caminhonete. Claro. Você tá ficando previsível, Yang.

— Cala a boca. Comprou a caneta?

— Comprei.

— Então dá aqui.

— O que você vai escrever?

— A data de hoje e o meu nome, pra gente saber quem foi que tirou cada foto no futuro.

— Decisão inteligente. Eu provavelmente confundiria o que é meu com o que é seu.

— Quer tirar uma?

— Agora não. Não tenho nenhuma ideia em mente. Vamos embora?

— Eu vou comprar um sorvete. Quer alguma coisa?

— Olha, uma 7Up cairia bem. Ah, e um isqueiro. Não quero ficar dependendo de você.

— Tá legal.

— Meu dinheiro tá no carro.

— Você me paga depois, então. Tá Sol demais e eu quero voltar logo pra dentro.

Hyunjin riu e foi para a caminhonete enquanto Jeongin se dirigia ao mercadinho do outro lado da rua. Apoiou a cabeça no banco, ligou o rádio e esperou. Vinte dias. Estavam na estrada há quase um mês, e tudo parecia estar acontecendo tão rápido. O tempo voava. E aquilo fazia com que Sam pensasse demais, coisa que ele detestava.

Onde iriam parar? Quando iriam parar? Aquilo estava demorando muito tempo, Hyunjin sabia, porque estava se demorando propositalmente. Estava fazendo mais paradas propositalmente, ficando menos tempo na estrada propositalmente. Passando mais dias em uma cidade com a desculpa de que precisavam de dinheiro.

Estava fazendo tudo aquilo porque queria prorrogar aquele prazer tão magnífico. Porque não queria se despedir de Jack Yang tão cedo. Sabia que, em um dado momento, seus caminhos se descruzariam e cada um iria para um lado. Seria assim, tinha que ser. O que quer que estivesse acontecendo ali, agora, era passageiro e não podia durar.

Só que era incômodo. Hyunjin não queria que acabasse. Não só a viagem, como também a companhia de Jeongin. Tinha se apegado a ele. Às suas provocações, revirares de olhos, perguntas e reflexões. Aos seus cigarros e segredos. Ao seu silêncio. Aos seus toques. Céus, tinha se apegado demais aos seus toques.

Mas o que poderia fazer? Não queria parar e não queria que ele parasse. Não queria abrir mão dos beijos e de tudo mais. Era egoísta, mas, caramba, Jack lhe fazia bem de um jeito completamente novo e não intencional. E ele sentia que aquilo era recíproco, que também alegrava os dias cinzentos de Jeongin. O problema é que não havia futuro para eles. Sam sabia, sempre soube. Só que agora — e ele também sabia disso —, agora era tarde demais. Era tarde demais para pular fora, e ele nem queria isso.

A única coisa que Hyunjin queria, naquele momento, sendo bem sincero, era mergulhar de cabeça no mar de mistérios que era Jack Yang.

— Sammy?

— Uh? Ah, você já voltou? Nem te vi entrar aqui.

— Você tava olhando tão fixamente pro teto que achei que tinha passado mal.

— Não precisa se preocupar, Yang. Eu só me distraí. Vamos?

— Claro. Ah, e os isqueiros acabaram. Desculpa.

— Tranquilo.

Por hora, Sam iria apenas afastar aqueles pensamentos preocupantes da cabeça. Por hora, ele iria aproveitar o calor agradável, a música boa, o vento que entrava pela janela e a companhia de Jeongin.

let's hit the fucking road and never look back Onde histórias criam vida. Descubra agora