something

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tô me sentindo um lixo yey ((:
não aguento mais essa fic yey (((:
faltam só mais três capítulos yey ((:





Passaram uma semana em Nova York antes de caírem de volta na estrada. O Sol brilhava, o vento era agradável e o clima estava ameno; parecia que a natureza estava cooperando para que o fim da viagem de Sam e Jack fosse o mais perfeito possível. Porque a viagem estava, sim, chegando ao fim, essa era a verdade eminente.

Muito embora nenhum dos dois quisesse admitir.

Jeongin observava conforme a metrópole se afastava pela janela da caminhonete, tão perdido em devaneios quanto poderia estar. Hyunjin, por sua vez, cantarolava Cryin', do Aerosmith, distraído com as músicas de seu amado CD. Era um daqueles momentos em que o silêncio deixava de ser constrangedor e se tornava muito bem-vindo. Tinham vários desses momentos, cada um perdido em seu próprio mundinho particular.

Sam não queria ficar quieto. Queria conversar com Jeongin, em parte porque adorava as reflexões e comentários ácidos dele, e em parte porque queria aproveitar ao máximo o pouco tempo que tinham. Era estranho, mas o final estava ali, não verbalizado.

Haviam muitas coisas, inclusive, que não estavam verbalizadas entre aqueles dois. Algumas delas incomodavam Hyunjin; outras, ele preferia que ficassem assim. De qualquer modo, ambos sabiam que não podiam ficar na estrada, vadiando, para sempre. Mesmo que quisessem.

Era verão, afinal de contas.

E o verão, bom, ele tem suas próprias regras.

— Ei, Sammy, qual é o nome dessa música?

— Essa? Chama Stray Cat Strut. É do Stray Cats. Acho que é a música mais famosa deles.

— Eu curti. É bem a sua cara.

— Você e a sua lista inacabável de coisas que, segundo o seu julgamento, são a minha cara.

— E eu tô errado?

Sam sorriu.

— Você me conhece bem demais, Yang.

Silêncio.

— E isso é ruim?

— Não pra mim.

Silêncio.

Os quilômetros foram rodando, sem rumo, uma música sendo sucedida por outra enquanto eles se mantinham calados. O CD acabou. Hyunjin ligou o rádio e voltou a sorrir quando percebeu que estava tocando Wish You Were Here.

— Olha só, Yang.

— Olha só.

— Quais são as memórias?

— Ãn?

— Quando eu te pedi pra listar cinco músicas românticas, você citou essa e disse que o que a tornava uma música romântica eram as memórias. Que memórias?

— Ah, isso. A primeira vez que me apaixonei, essa é a memória.

— E aí?

— E aí o quê?

— O resto da história, seu babaca.

— Vai se ferrar. Não é nada demais, só um romance juvenil. Eu tinha uns treze anos e ainda não tinha saído de casa, e a garota em questão morava na minha rua e era viciada em Pink Floyd. Não só em Pink Floyd, claro. Ela era toda cult, sabe? Cheia das bandas alternativas e cabeça. Eu só conheço Cure, Smiths e Joy Division por causa dela. Echo & The Bunnymen também.

— Você curte umas coisas velhas, né?

— Velho, não. Clássico.

— Tá, tá, tanto faz. Mas e aí?

— Bom, aí a música favorita dela era Wish You Were Here.

— Que clichê.

— Cala a boca, Sammy. Enfim, era a música favorita dela e eu decidi aprender a tocar ela no violão, pra impressionar a menina, né. Ver se assim eu arranjava um encontro e quem sabe finalmente beijava na boca.

— E eu sou o canalha.

— Meu Deus, você é insuportável. Como eu ia dizendo, antes de você me interromper pela milionésima vez, eu aprendi a música e toquei pra ela. Ela adorou, claro. Eu tocava direitinho. Aí a gente saiu umas vezes, deu uns beijinhos, eu pedi ela em namoro, ela aceitou, menos de duas semanas depois ela transou com um dos meus únicos amigos e me deu um fora histórico na frente do colégio inteiro. Essa é a história.

— Caralho.

— É.

— Tadinho de você, Yang.

— Não ia durar, mas, sei lá, ela não precisava ter me traído. Nem me dispensado na frente de todo mundo. Ela era mais velha que eu, um ano só, mas aí pegava meio mal pra turminha dela sair com um moleque mais novo. Acho que foi isso. Ou não. Ou eu era só pentelho mesmo.

Eles riram.

Pararam em uma pousada bonitinha não muito tempo depois. Não estavam com disposição para nada, então Sam apenas comprou uns salgadinhos, cerveja e um maço de cigarros antes de irem direto para o quarto. A Lua brilhava no céu enquanto eles conversavam, no chão, a janela aberta deixando o ar fresco entrar.

— Me dá um cigarro?

— Você já descolou um isqueiro?

— Merda. Não, foi mal.

— Tudo bem. Toma.

— Valeu.

Hyunjin tragou.

— E aí?

— E aí?

— Meu peito tá estranho, Yang. Eu sinto meu coração apertar, e eu não sei se é só metaforicamente. Eu só, sei lá, eu só...

— Queria ter mais tempo?

— É.

— A gente sempre quer ter mais tempo.

— É só que, eu queria, sabe, poder ficar contigo. Por que é que a gente não pode tentar?

— Eu não acho que eu consigo, Sammy. Por favor, não insiste nisso.

— Eu não vou. Ei, você tá chorando? Ei, Yang, olha pra mim. Não chora.

— Não adianta porra nenhuma falar isso.

— Vem cá. Vem cá, aproveita enquanto dá. Vem, Jeongin.

— Você nunca me chamou pelo nome antes.

— Nem você. Mas acho que a gente precisa fazer isso pelo menos uma vez, né?

— É.

— Vem logo.

— Tá legal, Hyunjin.

Jack sentou-se entre as pernas de Sam, com a visão ainda turva por conta das lágrimas. Apoiou a cabeça no peitoral alheio e tragou o cigarro que tinha em mãos.

— Sammy.

— Oi.

— Eu.... puta merda, que raiva!

— Raiva de quê?

— De mim mesmo. É tão difícil falar o que se passa na minha cabeça, mas eu quero. E eu tô cansado de não fazer o que eu quero.

— Fala, então.

— Você pensa que é fácil?

— Só fala de uma vez. Vai ver assim fica menos difícil.

— Eu acho que eu tô apaixonado.

Silêncio.

— Eu também tô.

Silêncio.

let's hit the fucking road and never look back Onde histórias criam vida. Descubra agora