hit the road jack

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oiee, voltay. tudo bem com vocês?
se puderem, votem e comentem, por favor
boa leitura!


— Então você apareceu.

Jack Yang, ou Jeongin, como era seu nome de batismo, tinha uma mochila velha que pendia em um dos ombros. O sorriso torto de Hyunjin era direcionado exclusivamente para a figura mais baixa, que deu de ombros.

— Fazer o quê? Não tenho nada a perder mesmo.

— Beleza. Bota isso aí lá atrás que a gente já vai.

Jeongin concordou, abriu a porta do lado direito da caminhonete e jogou a mochila para trás do banco. Então ocupou o lugar, e Sam veio se sentar ao seu lado. Ligou a chave na ignição, o rádio, e então acelerou, cantando pneu pela ruazinha tranquila.

O calor do verão era tamanho que o asfalto quase derretia. As janelas abertas deixavam um vento morno entrar no carro, bagunçando os cabelos pretos dos dois rapazes. Não que os cabelos de Hyunjin fossem arrumados, para início de conversa, mas ele precisava tirar os fios da frente dos olhos constantemente.

Jeongin tirou os sapatos e encolheu os pés no estofado gasto do banco. Apoiou a cabeça na lateral do carro, os olhos percorrendo de maneira entediada a cidade pequena.

— Nem acredito que tô finalmente saindo daqui, Yang.

— Nem eu, Sammy.

— Tá sentindo isso? É o gostinho da liberdade, e, caraca, eu adoro ele.

— Liberdade, é?

— Não nasci pra ficar preso, sabe? Ficar em um lugar só. Já cheguei a mudar de cidade umas cinco vezes num espaço de dois anos e meio. 

— Interessante. Eu sou mais caseiro, mesmo. Não curto muito me arriscar, não.

— Mas qual é a graça da vida se você não se arriscar, Yang?

Silêncio.

— Acho que eu tenho bons motivos para não curtir me arriscar, Sam.

Silêncio.

Os olhos de Hyunjin pararam em Jack Yang, interessados. Ele estava ocupado demais observando a paisagem rural para notar, ou ao menos fingia não perceber. E fingia bem. Sam quase conseguia acreditar que ele não se importava.

Dani California começou a tocar no rádio. Hyunjin deu um sorriso contido, que passou despercebido por Jeongin. Gostava daquela música. Sentia uma nostalgia de algo que nunca tinha vivido, e gostava daquilo.

— Onde você descolou o carro? Ele é velho demais, sem ofensas.

— Não tô ofendido, relaxa. Meu velho me deu. Disse que era uma lataria inútil, e que eu podia fazer o que bem entendesse com ele. A caminhonete tava detonada, Yang, você nem imagina. Aí eu decidi que iria consertar ela, e quando acabasse, iria embora. E foi o que eu fiz.

— Só espero que ela não morra no meio do caminho.

— Eu fiz um bom trabalho, Yang. Sou bom nisso.

— Você era mecânico?

— Tipo isso.

Dessa vez, foram os olhos de Jeongin que se detiveram no outro. Olhos pequenos e curiosos, ansiando uma resposta. Hyunjin apenas sorriu de canto, e se manteve quieto. Que Jack fosse corroído por sua curiosidade quase infantil.

— Daqui a pouquinho nós entramos na estrada.

Silêncio.

A cidade ficou para trás. As pessoas, os trabalhos, as casas. A lanchonete que Sam frequentava assiduamente. A pracinha onde Jeongin ficava horas olhando para o céu, perdido. Os jardins com plantas ressecadas por causa do calor, as velhas fofoqueiras com seus aventais, o cheiro do almoço do vizinho. Tudo isso tinha ficado para trás.

À frente havia apenas uma estrada quase vazia, uma vegetação que se estendia para as laterais, um céu azul de verão e um calor digno do inferno.

— Como você se sente?

— Como assim?

— Como você sente, agora que deixou a cidade pra trás?

— Eu me livrei da cidade, Sammy, mas não dos meus demônios.

Silêncio.

let's hit the fucking road and never look back Onde histórias criam vida. Descubra agora