Anne

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Billy me levou até o Poisson, o meu restaurante favorito de frutos do mar no centro da cidade, eu fiquei o caminho inteiro da faculdade até o estabelecimento nervosa, querendo perguntar sobre o que ele queria conversar comigo. Eu já tinha uma ideia, mas Prissy me esconder os reais motivos me deixava nervosa, minha cabeça idealizava quinhentas situações diferentes, e, oficialmente? Nenhuma me agradava.

Exatamente por causa desse sentimento ansioso tudo em minha volta parecia me irritar em um nível extremo: a música que tocava no carro, o jeito como ele batucava os dedos no volante ao ritmo da melodia, como o loiro dirigia o carro, o trânsito, os quatro sinaleiros fechados que enfrentamos, o fato de que ele quis primeiro pedir a comida e esperar o jantar acontecer antes de termos "a" conversa.

Falamos diversas banalidades, sobre o emprego dele, o meu, as novidades do mundo, as aulas, as provas, chegou em um ponto que ele perguntou sobre minha pequena reunião com professor Blythe, sutilmente querendo saber do que se tratava de forma interessada, e... Meu Deus como estava homem estava enrolando!

Eu expliquei para ele que era sobre o trabalho de conclusão de curso, como eu estava atrasada e sem orientador, precisando de alguém urgentemente, e como Blythe é novo na faculdade, não possui nenhum compromisso com outros alunos, o que automaticamente me permite ter completo acesso a sua inteligência. Além de, é claro, Billy saber que eu admiro o seu trabalho. Para a minha completa surpresa, ele abriu um sorriso alegre e orgulhoso, dizendo: "eu espero que ele aceite! Vai ser um trabalho incrível. Se você me permitir, eu gostaria muito de ver a banca".

Então, foi nesse momento que eu percebi: não íamos terminar o namoro nesta noite. Por isso ele estava me enrolando. Mas que merda, Prissy! Por que não me falou? Por que me deixou esperançosa?

- Billy - Chamei o seu nome depois que o mesmo dispensou a garçonete, seus olhos azuis voltam-se para mim, entretidos. Bom, pelo menos alguém estava tendo uma boa noite - Você queria conversar comigo.

Seu sorriso murcha e ele respira fundo, ajeitando-se.

- Certo, vamos lá então - Eu concordo com ele, esperando sua defesa - Eu sei que o nosso relacionamento não está às mil maravilhas - Ele comenta e eu falo seu nome - Por favor, apenas me deixe falar, aí depois você diz o que tem para dizer. Eu escuto seu lado e você escuta o meu, pode ser? - Ele pede com os olhos um pouco tristes e os ombros tensos. Eu concordo novamente, me encostando na cadeira - Sei também que você vem tentando terminar comigo a meses e eu te impeço toda vez - Ele respira fundo, cansado - Mas Anne, eu preciso que você entenda que eu amo você. Não existe mais ninguém além de você para mim. Eu sei que é clichê dizer isso, mas quando eu escuto aquelas músicas que dizem "you're the one" (você é o único/um), eu penso em você no mesmo instante. Porque é você, Anne. Para mim é você.

- Billy... - Eu começo a negar apressadamente, mas ele me interrompe.

- Eu sei, eu sei - Ele engole o seco e me encara com os olhos marejados - O que eu fiz com você no passado foi errado, quebrou a gente e eu venho tentando compensar desde então - Ele se inclina sobre a mesa e pega minha mão, começando a fazer carinho nela - Mas o que eu não percebi, fazendo isso, é que eu acabo fazendo você se lembrar de tudo o que aconteceu, e isso é um erro meu, peço desculpas - Eu abro um sorriso singelo e ele toma este gesto como um sinal verde, continuando: - Então, contra tudo o que me disseram hoje, e a algum tempo, eu venho hoje pedir mais uma chance - Ele pede e quando eu estou pronta para dizer "não", ele apressa-se para me interromper: - Uma última vez. Prometo fazer diferente, eu não estou sendo o cara pelo qual você se apaixonou, você merece ter aquele cara de volta. Nada de comparações, nada de desculpas, ciúmes exagerados e segredos.

Eu respiro fundo e tiro minha mão da sua, cruzando os braços na mesa, Billy me encara com uma expectativa monstruosa e eu não sei o que fazer, ele estava pedindo uma "última chance" pelo que eu acho ser a vigésima vez, e eu estava ponderando aceitar novamente, pela vigésima vez.

Meu professorOnde histórias criam vida. Descubra agora