- Então, você vai me contar porque está tão quieta e triste ou eu vou precisar arrancar isso de você de alguma forma? - Cole perguntou sentando ao meu lado.
Eu estava mais confusa do que triste naquele momento, para ser mais exata, ficava repassando na minha cabeça o que diabos aconteceu na reunião com professor Blythe: para começar, ele parecia distante demais, rude demais, impessoal demais, durante mais da metade da nossa reunião eu fiquei pensando no que eu poderia ter feito de errado para que ele estivesse me tratando daquela forma, será que eu o ofendi de alguma forma na nossa última orientação? Será que eu disse algo de errado? E então eu decidi pedir-lhe desculpas mesmo que eu não tivesse encontrado nenhum equivoco da minha parte. Ora, ele era o professor, algum motivo ele devia ter para estar me tratando tão indelicadamente, sendo assim, como ele é o meu professor preferido, eu decidi pecar pelo exagero do que pela modéstia e pedi desculpas.
Em seguida, Blythe me deu um sermão enorme sobre como as coisas deviam permanecer em um nível profissional, aquilo me surpreendeu, porque eu venho sendo a pessoa que literalmente diz para ele que o homem não devia ficar focando em mim dentro de sala de aula, que isso é antiético, mas ele parecia insistir naquilo, é ele quem fica me encarando, é ele quem não disfarça, como que de repente eu era a errada na situação? Fiquei triste, não nego. Fique chateada com a forma que ele me tratou hoje e estava me acusando de coisas infundadas, eu achei que nós dois estávamos iniciando uma boa amizade, daquelas que eu poderia pedir conselhos para ele referente a alguma classe que eu teria de ministrar.
Porém, aparentemente ele não queria isso. Eu me sentia uma trouxa por estar, novamente, idealizando algo em minha mente que jamais aconteceria.
Sai da reunião com o coração partido.
No entanto, é aqui que a coisa mais estranha aconteceu: Gilbert Blythe. O professor, palestrante e pós graduado em Linguística Comportamental Gilbert Blythe, a pessoa mais bipolar que eu passei a conhecer, veio atrás de mim e pediu para sair comigo. Eu estava tão chocada naquele momento que mal consegui assimilar. Já vi pessoas mudarem de ideia precipitadamente, mas a rapidez que ele levou para uma hora estar brigando comigo e na outra querendo minha companhia em um encontro foi desconcertante.
Eu nem soube o que responder, para ser sincera, eu mal conseguia acreditar no que estava acontecendo. E a minha confusão acabou passando a impressão errada, ele foi embora e assim que Cole chegou para me buscar, eu entrei em seu carro completamente atordoada, mal conseguia expressar o que eu estava sentido.
Meu melhor amigo percebeu que eu não estava bem e me trouxe para o lugar que eu mais aprecio nesta cidade: a biblioteca pública. Um prédio antigo e grande, um castelo construído com pedras medievais, possui cinco andares de pura cultura e inteligência, nós dois subimos até o nosso andar preferido: o terceiro, onde se escondem os livros de mistérios, romances e sobrenaturais.
Eu procurei um canto isolado da biblioteca e me sentei no chão com um livro de Shakespeare nas mãos, mas mal conseguia prestar atenção no que ele falava quando meu amigo se ajeitou ao meu lado, encostando as costas na parede de concreto atrás de nós dois.
Eu me sentia... mal. No entanto, eu não entendia o porquê exatamente disso, eu não devia ficar triste com o fato do meu professor querer ter uma relação estritamente profissional comigo, isso é o mais lógico, eu havia criado uma estória na minha cabeça onde eu era a protagonista e ele tinha uma participação importante, Blythe arrancou isso e jogou no lixo, era o mais sensato a ser feito. Compreensível. O que estava complicando as coisas era ele, cinco minutos depois, me convidar para sair e nem sequer ter me dado o direito de pensar direito sobre o assunto, deduziu imediatamente que eu neguei e foi embora.
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Meu professor
RomanceGilbert Blythe acabou de receber uma nova proposta de emprego: Lecionar para o último período do curso de Letras a sua especialidade, Psicologia Comportamental. Sem entender como isso pode influenciar na vida dos seus alunos, o homem decide encarar...