Meu professor

Narrador

O ar dentro da sala de conferência da UGB estava tão pesado que poderia ser palpável se alguém realmente tentasse alcançá-lo.

O comitê inteiro - cinco reitores além de Elizabeth Hall - estavam sentados ao redor de uma enorme mesa de tampo de vidro, julgando aquele casal que havia encontrado em tão pouco tempo e de forma tão avassaladora, o amor.

Anne estava sentada em uma cadeira do outro lado da mesa, em frente a todos, centralizada, sendo o foco de toda aquela intimidadora audiência, a passos largos, quase quilométricos, estava Gilbert, na ponta da mesa - quase como excluído - encostado na cadeira com o braços cruzados, cabisbaixo.

O conselho havia chegando em um veredito, eles tiraram pelo menos trinta e cinco minutos da reunião para relembrar de toda a situação que eles estavam metidos, como isso poderia prejudicar ambos, mas, especialmente a Gilbert que permanecia em silêncio durante todo o observatório. Anne tentou defender-se vez ou outra, mas acabou sendo acusada por Lincoln Frederick de suprir uma "paixonite tóxica" contra o professor que, novamente, não disse nada a respeito.

Existia duas opções na mesa e nenhuma delas era realmente boa: a primeira, Cuthbert permanece na faculdade, reprova na matéria de conclusão de curso e no ano seguinte refaz sua tese com um orientador a escolha da instituição e se forma na metade do ano, formatura de gabinete, simples e prática. Com essa opção, Gilbert Blythe seria demitido da UGB; a segunda e última opção, seria o professor assinar um termo de sigilo, trocado de campus e daria aula para alunos apenas do curso de psicologia, calouros do primeiro período que acabaram de ingressar na faculdade, perderia seu direito de orientar e suas aulas seriam supervisionadas a cada dois meses pelo coordenador de curso. Neste opção, se aceitasse, Cuthbert seria a expulsa.

- Isso não é justo! - Anne reclamou e Hall arqueou as sobrancelhas - Eu mostrei a vocês vez passada uma foto de Billy, provei que não é o professor Blythe.

A mulher negou, embora eles estivessem em um conselho com seis pessoas, nenhum dos homens realmente se diria a Anne como uma pessoa. Apenas Frederick o fez uma vez para acusá-la, mas na sua grande maioria era reitora Hall, como se eles falassem: "apenas mulher entende a mente feminina".

- Senhor Williams não estava mais nessa faculdade quando supostamente a relação de vocês iniciou ou quando as fotos foram tiradas. Ele estava na cadeia por agressão a um amigo seu, senhorita Cuthbert, senhor Cole Mackenzie - Hall exemplifica, fazendo a ruiva encolher os ombros.

Uma onda de ansiedade passa por ela, Anne queria virar-se e encontrar com os olhos de Gilbert, saber o que fazer. Ele está, novamente, acanhado demais em seu canto.

- Stalking é crime, senhora Hall. Pessoas vão para a cadeia por isso - Volta a tentar, sentindo-se desamparada.

- Namorar uma aluna também - Ela constata.

- Apenas se for menor de idade - Anne rebate no mesmo instante, quase sem pensar, e, isso tira uma reação de Gilbert que se ajeita na cadeira.

Ela tinha acabado de entrar em uma armadilha do conselho e confirmado a relação dos dois em voz alta, ainda que todos naquela saibam que o namoro é real. Não havia como provar até agora.

Bom, que bela merda.

- Senhorita Cuthbert, o conselho já ponderou sobre as opções de vocês e não existe outras senão aquelas que oferecemos no inicio dessa reunião - Steve Moore, o terceiro conselheiro do comitê se pronuncia, ele tem cabelos negros meio grisalhos, pelas rugas em seu rosto é possível dar-lhe cinquenta e cinco anos, não mais que isso e definitivamente nada menos - Não existem argumentos plausíveis que vocês possam usar nessa sala que vá modificar a forma como vemos essa situação.