Gilbert

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Eu e Anne estamos em um bom "lugar" em nosso relacionamento, embora no sábado passado nós dois tenhamos descoberto uma enorme barreira referente a intimidade - sua falta de segurança e medo de ter uma relação sexual -, nós dois parecíamos dispostos a encontrar um meio termo e aprendermos juntos um novo caminho que a fizesse se sentir confiável.

Estamos mais próximos, apesar de não termos mais tanto tempo juntos por causa da nossa agenda lotada, todos os dias nós conversamos pelo menos uma hora seja por mensagens, celular ou no nosso bat espaço na sala 21C. Anne confia em mim, isso é evidente pela forma como ela sente-se confortável na minha presença, é perceptível - sempre quando eu toco nela ou me aproximo -, que a ruiva só se afasta por causa de um receio interno, uma voz que não consegue ser calada e é bem mais forte que ela.

Ainda que eu faça o meu melhor para ajudá-la a superar seus temores, enquanto Anne não conseguir confiar em si mesma comigo, nós dois nunca avançaremos juntos.

Não que eu realmente esteja incomodado com isso, claro que eu assumo: sinto falta de sexo. Qualquer trouxa que já tenha praticado esse ato sabe o quão prazeroso é, mas eu não dependo dele e não desejo apressar o tempo de Anne. Se a ruiva precisa que eu seja paciente, posso muito bem engolir minhas necessidades carnais e esperar por ela, existe formas bem convencionais cujo eu posso usufruir para me satisfazer se eu realmente necessitar disso.

Retomando ao fato de nós dois estarmos aproveitando cada segundo que temos juntos: não me refiro apenas ao fato de estarmos mantendo uma linha de comunicação aberta, Anne parece ter sentido na pele o seu medo pelo toque masculino, acredito que ela tinha uma vaga ideia dele, mas não sabia o quão avançado estava. Conversamos um pouco sobre isso e ela pediu que eu não recuasse.

- Preciso que você me mostre que não vai me machucar, não só com palavras, mas atitudes - Ela comunicou com o seu dedo abrindo um por um os botões da minha camiseta cinza escura.

- Anne, não quero que você tenha medo de mim, se você quer tempo, eu não me importo... - Comecei a amenizar a situação, mas a sua mão tampou a minha boca com rapidez e eu encarei seus olhos azuis receosos.

- Gil, eu não estou me forçando a ter esse tipo de intimidade com você, o que eu faço, é o que eu quero. No entanto, necessito que você não se afaste, preciso descobrir a diferença, obviamente nós não vamos avançar até o ato em si enquanto eu não me sentir pronta, mas eu gosto... - Ela respirou fundo e destampou a minha boca - Gosto da dinâmica que temos, consigo sentir a admiração que você sente, e, é exatamente esse tipo de sensação que eu preciso agora. Você me faz sentir amada e rara, eu nunca tive isso e me transborda. Não tenho medo de você e preciso que você não me trate como se eu fosse frágil ou quebrável. Eu não sou.

Ou seja, sábado além de explicitar um novo obstáculo que devemos superar juntos, também expandiu um tipo novo de confiança entre nós dois, nos tornamos o porto-seguro um do outro. Ela acredita em mim e não vai deixar que a sua falta de confiança me afaste ou acabe regredindo algum passo que avançamos juntos a algum tempo atrás.

Neste caso, posso dizer com firmeza que, por causa da nossa sobrecarga, eu e Anne não conversamos muito, ultimamente, apenas aproveitamos os pequenos momentos para ficarmos juntos ao invés de conversar. Então não demorou nem dois minutos para ela estar sentada em cima da mesa e eu no meio das suas pernas quando eu a encontrei na saleta, que nós dois tomamos como nossa, terça a noite na faculdade.

Eu estava receoso em continuar com ela neste recinto, apesar de nós dois sabermos que ninguém realmente transita nessa parte da faculdade, especialmente a noite, semana passada quando estávamos juntos eu senti que alguém nos observava. Quando eu saí, fiz questão de passar de sala em sala antes de voltar para o campus a fim de descobrir se havia bisbilhoteiros se escondendo em algum canto, mas não encontrei, pensando que era apenas um reflexo instintivo de auto proteção, ignorei e não contei a Anne. Talvez minha mente estivesse apenas me avisando que estamos abusando da sorte nos encontrando quase todos os dias nesse lugar.

Meu professorOnde histórias criam vida. Descubra agora