Epilogo

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(n/a da autora: terá a citação da música je te pardonne nessa narração, se vocês quiserem, estou deixando o link ali, quem quiser ler, eu basicamente reescrevi essa estória ouvindo essa música)

ANNE

Eu estava ansiosa, tão nervosa que não conseguia sequer ficar parada no lugar.

Sete anos.

Sete anos desde que eu fui expulsa injustamente da Universidade de Green Gables e me mudei para Los Angeles e me formei em UCLA com honras em psicologia.

Eu estava pronta, tinha treinado o mês inteiro para esse momento, estou esperando a pelo menos dois, eu queria isso, minha própria palestra no Teatro dos Gregos em Green Gables, eu vou apresentar minha tese sobre a teoria da omissão, aquela que estou batalhando a anos para conseguir concluir.

- Trouxe seu smoothie - Roy se aproxima de mim com um copo de 500ml de suco de morango.

Eu pego-o e tomo um longe gole, oferecendo um sorriso para ele em seguida.

- Eu amo tanto você por isso agora - Agradeço beijando sua bochecha de maneira estalada, ele me retribui com outro sorriso.

Et j'ai tenté d'te haïr mais la colère est partie (E eu tentei te odiar, mas a raiva foi embora)

Les bons souvenirs l'emportent sur la haine et la rancœur (As boas memórias superam o ódio e o rancor)

Sete anos. Faz sete anos que eu não vejo Blythe. Sete anos que eu deixei o meu próprio coração para trás após ele ter conquistado o que ambicionada sem mim.

Sete.

Definitivamente não é o meu número da sorte, por isso eu agendei minha palestra para as seis da tarde.

Respirando fundo, eu esperei a diretora do evento terminar de me apresentar: Anne Shirley Gardner, formada em UCLA com honras em psicologia, pós-graduanda em Linguística Comportamental pela Universidade de Columbia. Já palestrei por mais de cinco lugares diferentes e agora estou aqui, recendo o privilegio de me apresentar onde eu havia me apaixonado por ele.

E devo dizer, foram os longos e mais prazerosos quarenta e cinco minutos que eu já tive, as pessoas estavam atentas ao meu falar, me dando toda a atenção que eu mereço durante o que deve ser a semana acadêmica mais importante que eu já performei.

Assim que eu finalizo meu último slide, olho para o salão cheio de estudantes e linguistas em minha frente, abro um sorriso educado e perto do microfone, libero:

- Agora está no momento de vocês soltarem a voz, podem fazer suas perguntas - Peço com gentileza.

Sétima fileira.

Sétima cadeira.

Alguém levanta a mão.

Não consigo enxergar direito, a luz do refletor está apontada para mim, fazendo minha visão falhar um pouco com a luminosidade forte, eu coloco a mão na testa para tentar fazer uma sombra, aponto para a pessoa que não sei identificar exatamente se é homem ou mulher e libero com um "sim".

- Devo concluir então que a Linguística Comportamental irá transformar todos nós em detectores de mentiras? - Ele questiona sua voz suave e atrativa.

Minha respiração prende na garganta, eu reconheceria o tom dessa voz em qualquer lugar, senão isso, essa pergunta, senão ela, esse homem.

On se croise sans se lancer un regard (Nos cruzamos sem trocar um olhar)
Je n'sais quoi dire quand on m'fait la remarque (Eu não sei o que dizer quando nos olhamos)
Notre entourage tente de nous raisonner (As pessoas ao nosso redor tentam achar uma razão)
Je pense qu'il est temps de se retrouver (Eu acho que é hora de nos reencontrar)

Meu professorOnde histórias criam vida. Descubra agora