Narrador

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Mikaelle olhava atentamente para o rosto da mulher na sua frente com certa ironia, enfrentando a situação com tamanho deboche que chegava a transbordar e espalhar-se pelas suas expressões faciais. Isso definitivamente era a coisa mais infantojuvenil que ela já tinha aceitado fazer por dinheiro.

No entanto, dinheiro ainda é dinheiro, não importa como ou de onde vem.

A mulher analisa as fotos tiradas na quarta-feira da semana passada por Collins com puro ódio, é como se todo os piores sentimentos estivessem reunidos em apenas uma pessoa e ela fosse incapaz de esconder isso, mesmo que tentasse, é uma emoção forte demais, indescritível, uma traição absurda ainda que apenas para ela, por não conseguir superar problemas ou um relacionamento passado. 

Era engraçado de se pensar, ponderou Mikaelle, a mulher traiu o ex namorado, agora que ele está se relacionando com outra pessoa - mesmo que seja uma aluna - é como se estivesse cometendo um crime.

Hipócrita. Todos são.

- Obrigado, senhorita Collins - Agradece com a voz pesada.

As duas estão em uma das salas de orientação do prédio, não que ela fosse a primeira opção de Mikaelle para orientação, gostava de Blythe, além de inteligente é carismático e um colírio refrescante para os olhos, um célebre da linguística. 

No entanto, infelizmente, ele tinha mal gosto para suas namoradas e ela não queria sair prejudicada se por acaso as informações vazassem.

E com toda certeza, esse segredo iria acabar escapando.

Mikaelle se estica para frente e batuca os dedos na mesa.

- Não trabalho de graça - Relembra com curta e grossa. 

Diana Barry revira os olhos, pega sua bolsa e tira um envelope cheio de dentro, jogando-o na mesa. 

Quase setecentos dólares.

- É isso? - A professora perguntou vendo-a contar as notas de forma prepotente.

- Sim - A morena se levanta e oferece a mão para a mulher em sua frente que aceita-a rapidamente, apertando - Foi ótimo fazer negócios com você, professora Barry.

Sem esperar respostas, a aluna pega suas coisas, enfia o envelope dentro da bolsa e sai da sala enquanto Diana Barry volta a analisar as fotos em sua frente, remoendo algo que ela jamais valorizou, mas agora deseja com ardência.

Mikaelle entrou em seu carro e dirigiu até a delegacia mais próxima.

O que as pessoas não fazem por amor.

Entrou empurrando uma das portas de vidro e cumprimentou o policial responsável pelo secretariado, ele sorriu para ela, reconhecendo-a.

- Senhorita Elle! - Cumprimentou já pegando a ficha - Veio tomar um café conosco pelo jeito.

Ela respirou fundo e ofereceu um sorriso contido.

- Todo dia no mesmo horário, Blaine - Respondeu rubricando sua assinatura no lugar apropriado para visitantes - Mesmo lugar?

O policial concorda.

- Já está esperando por você.

A morena se vira e caminha tranquilamente pelo corredor cheio de salas com detetives e policiais trabalhando arduamente para manter os perigos fora do alcance dos bons cidadãos, encontra uma porta de ferro no final, ela cumprimenta o oficial que está a resguardando e ele abre, os dois seguem juntos até a sala dos visitantes que é separada por uma porta de madeira com uma janelinha pequena central, para que se possa analisar o ambiente de dentro.

Meu professorOnde histórias criam vida. Descubra agora