Gilbert

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- Isso é tãaaaao errado - Ela diz arrastando a palavra quando eu estaciono o carro na frente do prédio do seu melhor amigo.

Analiso o lugar, o condomínio tem uma entrada bem mais resguardada do que o antigo no qual ela morava, o portão branco é enorme e um segurança fica na ilha de entrada verificando quem entra e quem sai de dentro do edifício. Seu ex namorado não a machucaria ali, constato imediatamente, ela está protegida aqui.

Isso de certa forma acalma uma preocupação latente no meu peito.

- Pense pelo lado positivo, as vezes errar faz bem - Eu comento voltando a encarar a linda mulher ao meu lado.

Ela sorri para mim, eu estico o meu braço e toco delicadamente em seu rosto. A harmonia de Beyonce ainda paira sobre nós como se fosse uma soundtrack exclusiva para este momento em particular.

Nós não conseguimos nos soltar depois daquela dança, depois daquele beijo, acredito que dançamos pelo menos mais uma cinco músicas depois daquela, abraçados como se nada e ninguém mais importasse. Beijei-a de novo, duas vezes, só nos soltamos quando uma garçonete apareceu com um sorriso constrangido para perguntar se queríamos algo a mais.

Eu a trouxe de volta para casa e mesmo no carro eu usava qualquer tipo de desculpa para simplesmente tocar em Anne, em sua mão, em sua perna, seu rosto ou cabelo. Me sentia completamente absorto no que aquela menina era, em seu carisma, sua simpatia, paixões e seus sorrisos que faziam as bochechas corarem e as sardinhas aparecerem mesmo que por baixo de toda aquela maquiagem que a ruiva utilizava.

Anne, no trajeto de volta, estava mais solta ao meu lado, ela mexeu no meu rádio e colocou em alguma estação que tocava músicas antigas pop, cantou no carro olhando para mim e eu dava risada, minha mão o tempo inteiro circulando entre ficar em sua perna ou segurando a dela em um microfone imaginário. Era como se eu tivesse medo de soltá-la e ela fosse desaparecer no ar.

Eu iria arruinar a minha vida.

Tinha certeza disso.

A minha carreira inteira vai para o espaço por causa dessa imprudência.

Não posso me envolver com uma aluna! Estou apenas começando! Nem achei uma especialização para o meu mestrado ainda e já estou jogando tudo o que eu lutei por anos no lixo.

E pior ainda: nem sequer consigo me importar com isso nesse momento.

Anne me observa com os olhos azuis claros brilhando em afeição, ela segura a minha mão que está em seu rosto e beija a palma dela, eu sinto meu coração perder o compasso, me inclino para frente e encosto minha testa na sua, ela sorri para mim.

E puta merda que sorriso lindo!

Eu estou perdido. Lascado. Completamente arruinado.

Me aproximo mais um pouco deixando meus lábios encontrarem os seus novamente, o sentimento que me atravessa pode muito bem ser comparado a mais pura das alegrias: quase como chegar em casa pela primeira vez depois de muito tempo. Calmo. Sereno. Apaixonante. Como se o mundo estivesse, de repente, trabalhando apenas para manter-nos juntos ali.

Droga de mulher magnética e irresistível. Tinha de ser tão... tão... tão... Céus! Nem o melhor estudioso de linguística encontraria uma palavra para descrever essa mulher.

Ela se afasta devagar com seu rosto está corado, Anne belisca o lábio inferior de maneira a expressar sua felicidade-barra-nervosismo, olha de relance para as janelas do carro, querendo certificar-se que não foi flagrada por ninguém.

Eu é quem devia ser cuidadoso aqui! Mas estar tão envolto de Cuthbert está me deixando disperso, só consigo pensar nela.

- Vou entrar antes que alguém me veja, ta bom? - Ela comunica, destrava a porta e antes que consiga sair do carro, eu seguro a sua mão e beijo as costas.

Meu professorOnde histórias criam vida. Descubra agora