Capítulo 14

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Rafa caminhava de um lado para o outro em frente à porta já aberta aguardando a chegada de Gizelly. Seu coração estava disparado desde que desligou o interfone, e tudo que havia ensaiado parecia que havia desaparecido de sua cabeça assim que ouviu o nome dela na voz do porteiro. 

Que bela atriz que não conseguia memorizar suas próprias falas, não é mesmo? Aquilo, no entanto, não era uma atuação. Não há um roteiro fechado para a vida e, por isso, sentia-se muito mais vulnerável que em qualquer cena de uma peça ou de novela que pudesse fazer.

Antes que pudesse divagar muito, a porta do elevador se abriu e Gizelly apareceu, sorrindo timidamente. Se antes seu coração estava disparado, agora podia jurar que ele havia parado. Estava parado, e transbordava. Transbordava de tanta coisa que nem conseguiria nomear.

Estava vulnerável, sim; mas era Gizelly. Ia ficar tudo bem.

— Oi, Titchela! Obrigada por ter vindo. — disse abraçando a outra, sentindo-se imediatamente ancorada por sua presença.

— Oi, Rafa. Obrigada pelo convite. — respondeu, colocando as mãos nas laterais da cintura da influenciadora.

— Entra, entra. — falou a mineira após algum tempo, não querendo largar a advogada. — Eu tô cozinhando uma comidinha pra gente, mas já tá praticamente pronto. Vem comigo até a cozinha?

— Nossa, que cheiro delicioso! O que que é? — perguntou Gizelly assim que entrou no cômodo.

— Risoto de cogumelo com salmão.

— Men-ti-ra! É meu prato favorito!

— Eu sei. Eu lembro de você comentar lá no BBB. E eu te via atacando os salmão nas festa tudo, né fia?

— Saudade open de salmão. — riu Gizelly. — Não precisava disso tudo, Rafa.

— Precisava sim.

— Como você tá?

— Tô bem. Dormi tão bem na Manu. E você?

— Também. O dia foi pesado por conta da mudança, mas consegui adiantar bem as coisas.

— Mas você não pegou muito pesado, né? Cê sabe que o Dr. Paulo disse que você tem que descansar. Sua imunidade melhorou mas nunca se sabe, né, se pode piorar de novo. — disse com a preocupação evidente na voz. — Eu num vou aguentar você doente que nem ficou daquela vez que teve um monte de problema quando arrancou os sisos! Se bem que dessa vez eu pelo menos tô perto. Tá longe naquela época foi difícil!

— Tô me cuidando sim, bebê. Pode deixar!

— Eu fico preocupada.

— Tá tudo bem, Rafa. Eu tô me cuidando bem melhor, você sabe.

— Verdade, Titchela. Eu tô orgulhosa.

As duas se encararam com sorrisos tímidos, que alcançavam mais o olhar do que a boca.

— Se bem que eu tenho que admitir que tenho saudade do seu bochechão e da sua voz com a língua meio presa. — comentou Rafa, imitando o jeito de falar de Gizelly quando estava com problemas na boca.

— Mas bem que você não sentiu falta da minha língua presa ontem, né, Rafaella?

Rafa sentiu-se corar e preferiu desconversar.

— Você quer beber alguma coisa? Um vinho? Uma cerveja?

— Acho que vou só na água hoje mesmo. Tô me cuidando, tá vendo?

Conversaram um pouco sobre seus respectivos dias enquanto Rafa servia os pratos e Gizelly a ajudou a levá-los até a mesa da sala de jantar.

— Rafa, isso tá divino! — elogiou a capixaba logo que levou o garfo à boca.

O começo pode ser assim (Girafa)Onde histórias criam vida. Descubra agora