Capítulo 16

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Rafa ria alto no hall de entrada para o apartamento de Gizelly. A capixaba tentava colocar a senha na fechadura digital de sua porta, mas nem a memória, nem a coordenação motora estavam colaborando.

Elas haviam saído da celebração de encerramento das gravações do projeto do Girafas e estavam ligeiramente bêbadas. Haviam ido a um bar tanto para comemorar o sucesso das filmagens quanto para se despedir da equipe de produção, com quem tinham adorado trabalhar. O programa faria sua estreia dali quase dois meses, e não viam a hora de verem como ficariam os vídeos.

Naquele momento, no entanto, não conseguiam mais pensar nisso. Tudo que queriam era entrar no apartamento.

— Caraaalho! Cu, buceta, pinto! Abreee! — disse a capixaba chutando a porta. — Por que que eu fui inventar de ser fina e colocar essa coisa moderna, Senhor? Qual era o problema da boa e velha chave? Eles ficam inventando essas coisa só pra criar problema pro povo! E o pior é que a gente cai, né?

Rafa gargalhava, apoiando a cabeça e ombro na parede. O lado brava de Gizelly sempre a divertiu mais do que qualquer outra coisa.

— Me ajuda, Rafaella! — disse batendo palma e tentando manter a postura brava, mas também riu quando olhou para a mineira. — Vaaaai! Vamo tá ajudando senão a gente vai ter que dormir aqui do lado de fora.

— Você, né, querida? Eu posso ir pra casa porque eu sei a senha da minha fechadura.

— Ah, é assim, então?! — voltou-se pra porta e tentou uma nova combinação. — Não é possível uma coisa dessas! Por que eu inventei de trocar a senha hoje também?! Sangue, fogo e labareda! Me ajuda, Senhor, que senão eu vou derrubar essa porta na base da raiva!

— Gi, Gi... — disse Rafa, tentando ficar mais séria.

— O que foi, Rafa?

— Nada. Vamo, me fala as senhas que cê acha que é que eu tento pra você. — falou se aproximando, conseguindo prontamente passar tranquilidade para a outra.

Depois de duas tentativas, conseguiram abrir a fechadura.

— Não acreditooo! Esse trem tá de sacanagem, só pode! — Gizelly abriu a porta com força, descontando nela sua frustração, e a segurou para a influenciadora também entrar no apartamento. — Vai ficar aí rindo de mim mesmo, Rafaella?

Decidida, ela andou em direção a Gizelly e a beijou.

Estava apenas fazendo o que tinha sentido vontade de fazer a noite inteira. Aliás, fazia dias que queria beijar a advogada, mas não haviam tido nenhum momento a sós, longe de olhares alheios, desde a noite em sua casa.

Caminharam até a parede sem parar de se beijar. Rafa colou seu corpo ainda mais no de Gizelly, puxando-o para si ao mesmo tempo em que fazia força contra ele. O beijo ficava cada vez mais intenso.

Ela havia sentido falta daquele gosto e, principalmente, daquele corpo. Ainda o estranhava, porém era um estranhamento bom. Era diferente sentir um corpo tão menor do que estava habituada; mas, se por um lado ele parecia franzino, de frágil não tinha nada. Rafa conseguia sentir toda a força que ele continha. Isso a excitava e a motivava a descobri-lo cada vez mais, a admirar sua suavidade, a sentir como ele se encaixava tão bem em seu próprio corpo.

— O que foi isso? — perguntou Gizelly, afastando-se após alguns minutos. — Não que eu teja reclamando, né.

— Cê fica linda quando tá toda bravinha.

— Ah, é? Você fez de propósito então, Rafaella?!

— Era só o que faltava. Quem esqueceu a senha não fui eu, não, fia! Eu só aproveitei. — disse dando mais um beijo em Gizelly. — Mas se você continuar me chamando de Rafaella eu vou embora.

O começo pode ser assim (Girafa)Onde histórias criam vida. Descubra agora