Capítulo 17

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— O que houve, Gi? Cê tá estranha.

Rafa havia voltado de viagem ansiosa para finalmente se reencontrar com Gizelly. Desde o fim das gravações da parceria com o Girafas, fazia quase um mês, a rotina de compromissos as impossibilitava de se ver com a mesma frequência de antes. Primeiro, Gizelly teve de ir ao Espírito Santo visitar a avó e debater os próximos passos de seu projeto sobre o sistema carcerário com o Secretário de Justiça do Estado, que havia sido um sucesso até então. Logo em seguida, foi a vez de Rafa se ausentar, passando mais de duas semanas entre o Rio de Janeiro e Goiânia. Elas haviam conseguido se ver pouquíssimas vezes, em encontros muito mais curtos do que desejavam que fossem.

A princípio, Rafa tinha ficado um pouco receosa sobre como ficaria a relação delas, tão incipiente, com a barreira da distância. Não demorou muito para perceber, para seu alívio, que não havia mudanças significativas comparado a como elas já se comunicavam antes, principalmente mais perto do fim da quarentena. Elas continuavam se apoiando, se elogiando e confessando a saudade uma da outra. Talvez a maior diferença é que agora Gizelly havia deixado seu hábito de antibiótico para trás e passou a respondê-la mais rápido.

Assim que retornou a São Paulo, Rafa foi a seu apartamento apenas para deixar suas coisas e tomar um banho, e apressadamente se dirigiu à casa da capixaba. Estava transbordando de alegria de estar novamente com Gizelly. Passada a emoção inicial, entretanto, podia perceber no semblante da outra mulher que havia algo de errado.

Sua mente logo pensou que o problema era com ela, ou que talvez fosse o estranhamento por terem ficado tanto tempo sem se ver. Antes que pudesse se alongar nesses pensamentos, no entanto, lembrou-se do combinado de comunicarem seus receios e sentimentos sempre, e, por isso, optou por perguntar.

— Ai, Rafa. Desculpa! Eu não queria comentar nada pra não estragar a noite. Eu tô tão feliz de você tá aqui. Mas é que logo antes de você chegar eu vi umas coisas que eu não queria ver. Aí eu fiquei um pouco de mal humor, desculpa. Mas já vai passar. Ainda mais com você aqui!

— Não precisa se desculpar, Gi! O que aconteceu?

A advogada explicou que havia visto algumas críticas em relação a seu projeto com o governo do Espírito Santo, desmerecendo sua capacidade e conhecimento técnico por ser ex-BBB, e questionando suas reais intenções com seus projetos sociais. Rafa ouviu tudo indignada, mas manteve a compostura como sempre.

— Você tá com um projeto lindo, super importante pra sociedade, que ajuda pessoas que nunca tiveram visibilidade nenhuma. O que você tá fazendo é tão bonito, Gi. E não só esse projeto, mas todos os que você tá colocando em prática! Eu me emociono só de pensar em você falando lá pra gente no Big Brother desses seus planos todos e agora ver que você tá indo atrás de cada um deles. — falou com a cabeça inclinada enquanto seus olhos brilhavam. — Eu realmente acho que essa é a missão que Deus te deu.

— Eu também acho. Mas é tão difícil ver essas coisas...

— Eu tô falando sério, Gi. — reforçou, pegando em sua mão e olhando profundamente em seus olhos. — O que você tá fazendo é lindo. Você é linda. E justamente por isso vai ter muita gente no seu caminho que infelizmente vai sentir inveja da sua força e vai tentar te atacar, tentar te diminuir. Mas a sua melhor resposta não é com palavras, mas com ações. Porque quanto mais você fizer, menos eles vão poder falar. Eles até vão tentar, mas não vão conseguir. Então você tem que acreditar em você, Gi. Olhar pra dentro e ver o que tá lá de verdade, o que Deus colocou pra você. E Ele deixou tanta coisa boa pra você. Você tá só no começo da sua missão. Por favor, me promete que você não vai se esquecer nunca disso. Eu pelo menos vou tá aqui pra te lembrar disso sempre.

O começo pode ser assim (Girafa)Onde histórias criam vida. Descubra agora