Capítulo 31

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— Quem é aquele senhor que eu vi perto do lago? — pergunto, assim que voltamos para a casa grande.

— Ah o Michael... É o caseiro, ele já morava aqui antes de eu comprar a fazenda... É um senhor muito sábio e se dá muito bem com a Emma... Ela gosta muito dele! — Ele comenta, me viro e o olho, sento no sofá, enquanto penso no que ele disse.

— Realmente ele é... — digo me lembrando do dia que o conheci, se não fosse as palavras dele talvez eu não estivesse aqui agora.

— Você o conhece? —Richard me pergunta.

— Ahm... o vi uma vez, ele falou comigo quando me encontrou no parque, foi bem simpático, parece que percebeu que eu estava triste e disse umas palavras positivas para mim... — digo, enrolando-me nas palavras.

— Ele é assim mesmo, fala sempre palavras positivas... — diz, parece pensativo também, como se tivesse se lembrando de algo que lhe aconteceu, talvez algo referente a Michael.

Porém, não falamos mais sobre ele.

Aquele dia foi bem agradável, gosto da paz, do silêncio e da beleza da fazenda, observo o pôr do sol pela janela do quarto, e fico um bom tempo ali, apenas olhando o horizonte. Penso no quanto precisava disso, dessa beleza e calma, que por um tempo anda faltando em meu interior.

Logo após o pôr do sol, fico um tempo no quarto de Emma, curtindo cada minuto, conversar com ela é gostoso, me faz esquecer um pouco dos meus problemas, e ainda o tempo passa rápido demais, enquanto nós conversamos e desenhamos, algo que Emma parece gostar muito de fazer.

— Você desenha muito bem tia Hannah! — comenta Emma, assim que dá uma espiada em meu desenho. Eu estou desenhando uma casa numa floresta, espio o desenho de Emma e vejo que se trata de um arco-íris.

— Você gosta muito de arco-íris, não é?

— Sim, ele é muito lindo, pena que não vejo muitos, dizem que se chegarmos no fim dele, encontramos um tesouro! Eu queria tentar... — Ela diz, enquanto pinta o arco-íris dela.

— O que você compraria com esse tesouro? — pergunto, Emma parece pensar, coloca a ponta do lápis de cor rosa nos lábios e demora alguns instantes para responder.

— Um cachorrinho e ajudaria meu pai a terminar a piscina, não vejo a hora dela ficar pronta! — Ela diz, e volta a pintar, fico a olhando com um sorriso no rosto.

Quando Emma cansa de pintar e decide tomar banho, eu decido dar uma volta na varanda, ao chegar lá me dou conta de que já anoiteceu, fico observando as estrelas, enquanto sinto minha barriga começando a dar os primeiros sinais de fome.

— E aí, como você está? — uma voz masculina pergunta, me trazendo para realidade. Olho rapidamente para Richard, que está parado ao meu lado, com as mãos no bolso.

— Foi bom o meu dia, tipo, a calmaria... é como uma terapia! — confesso, voltando a olhar para o céu, a brisa suave da noite é boa, algo que eu não costumava sentir, já que não saia de dentro de casa, e evitava até mesmo olhar a rua pela janela.

— Consegue ouvir? – Ele pergunta de repente.

— O quê?

— O barulho do rio. Ouça... — Ele fez silêncio indicando com a mão a direção de onde o rio passava, não tinha percebido ainda. Mas ao prestar atenção, realmente consigo escutar o barulho. — Não dá para vê-lo por conta da distância da vegetação à frente. Mas gosto de ouvi-lo, as vezes sento na varanda e fico apenas ouvindo esse som... ele é bem...

–... Tranquilizador? —completo a frase, ele sorri e assente.

Fico observando ainda à minha frente algum tempo agora me concentrando naquele som, até que sorrindo observo algo piscar mais para frente.

Lembranças CinzentasOnde histórias criam vida. Descubra agora