Capítulo 34

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— Oi... Richard! — fala Kevin.

Kevin... o amigo traidor, que conheci ainda quando era muito jovem, na escola, da qual confiei plenamente, por muito tempo.

Por ironia do destino Kevin fora padrinho de meu casamento, assim como eu fui padrinho dele um ano depois que havia me casado, ele se casou com uma mulher chamada Amanda, porém, os dois divorciaram um ano e meio depois, nunca entendi o motivo, quer dizer, não entendia até descobrir que ele estava tendo um caso com minha mulher.

As desconfianças de que ela estava me traindo aconteceram logo após Emma nascer, o celular tocava e Grace se afastava de mim para atender, falava baixo, como se estivesse escondendo algo, e quando eu perguntava, ela sempre dizia que era uma amiga... ela começara a me evitar na cama, começara a ficar distraída, de início pensei que era por conta de Emma que era muito nova e isso a estava cansando.

O que fora um erro... havia algo por trás daquilo tudo e não demorou muito para eu descobrir.

Me lembro claramente daquele dia. Do dia em que descobri a traição...

Eu tinha ido viajar, e acabei voltando antes do dia previsto, tentei avisar para Grace, mas ela não atendera o telefone, quando cheguei já era de noite, mas em casa em vez de encontrar Grace, encontrei uma mulher que não conhecia, mas que segundo ela fora contratada para ficar como babá de Emma.

De início ela ficara receosa, mas depois de muito insistir com perguntas, consegui descobri que Grace havia ido jantar fora com um homem...

E naquele instante, já tive a certeza da traição...

Queria pegá-la no flagra. Então pedi para mulher continuar cuidando de Emma, e fiquei no quarto apenas na espera de Grace chegar, fora duas horas de aflição, até que pela janela do quarto a vi descer do carro, acompanhada dele, de Kevin, o vi deixá-la na porta de entrada e se despedir dela com um beijo.

Um beijo nos lábios.

Naquele instante senti meu coração despedaçar, uma raiva fora nascendo dentro de mim, e lágrimas foram descendo dos meus olhos, eu travei, não sabia o que fazer.

Fiquei parado apenas olhando Kevin ir embora, e quando Grace entrou, eu desci e fui até ela, para disparar o que havia visto, lhe encher de acusações, de xingamentos.

Eu não deveria ter esperado tanto, não deveria ter deixado ele ir embora, eu queria tirar satisfações com os dois juntos, então, assim que comecei a discutir com ela, já arrastei para fora de casa, para ir até a casa dele, queria encará-lo, queria dizer para os dois o quanto achava-os desprezíveis pelo que fizeram. Queria dizer tudo aquilo que não disse assim que eu o vi beijar minha mulher, mas que infelizmente eu travei.

Deixei ainda Emma com a babá, e arrastei Grace até o carro, dirigindo na direção da casa de Kevin, não era muito longe, a essa altura ele deveria ter chegado em casa.

Porém, nunca conseguimos chegar lá... o acidente acontecera, Grace morreu, e nunca quis ouvir as explicações de Kevin, na discussão não permiti que Grace se explicasse.

Nunca entendi de fato as razões pelas quais eles fizeram isto, porém, para mim traição não tem de fato explicação, na verdade, nunca tive a coragem de saber, as únicas coisas que acabei sabendo sobre a relação deles, foram as mensagens que eles trocaram e que encontrei no celular de Grace, que havia ficado na bolsa, caído na sala de estar, quando a arrastei para fora de casa.

E ali eu tive a pior descoberta da minha vida, o que apenas aumentou mais a raiva, mágoa deles, e também acabara sendo mais uma das razões, da qual eu nunca mais quis encarar Kevin.

Lembranças CinzentasOnde histórias criam vida. Descubra agora