Nunca mais havia beijado desde que meu marido morreu, senti-me completamente invadida com aquele toque dele, aquilo me deu um ataque de pânico, e tentei usar de todas minhas forças para empurrá-lo, consegui, e por instinto acabo lhe acertando um tapa no rosto, já percebendo em seguida que ele não gostou nada daquilo.
— Sabe, Hannah eu gosto das mais difíceis! — Ele fala, meus olhos ardem por conta das lágrimas que começam a se acumular.
— Você não sabe que você está fazendo... vai embora daqui! —Eu mando, a essa altura meu coração parece que vai explodir de tanto que bate, minhas mãos suam demais, minha respiração falha em alguns momentos, ainda não consegui me recuperar do que ele fez.
Ele me olha por alguns instantes, seus olhos estão totalmente vermelhos, e em vez dele ir embora, ele fecha a porta, e vem de uma forma ameaçadora em minha direção.
A cada passo que ele dá em minha direção, eu recuo, porém, em um momento ele age rápido, acelera os passos, eu tento fugir, mas ele acaba sendo mais rápido, me agarra, caio para trás e ele por cima de mim. Eu grito, me debato, mando ele me soltar.
Mas por mais que eu grite, ele me segura com mais força:
— Por que você resiste? Por que não me dá uma chance? Por que? — Ele reclama, parece fora de si. Com certeza ele é daqueles tipos de homens que deveria passar muito longe da bebida, ou simplesmente ela acabou o fazendo revelar o que ele realmente é.
— Me solta, por favor, eu não quero...
— Por que não quer? Por que prefere aquele metido a fazendeiro? — Ele pergunta, erguendo o corpo, enquanto permanece sentado em cima de minha cintura.
— Não te interessa, eu não te devo satisfação, eu não sou nada sua! — grito irritada, tento empurrá-lo, tirá-lo de cima de mim, mas isso apenas o irrita mais, e o faz acertar um tapa em meu rosto.
Eu dou um novo grito, lágrimas começam a escorrer e rolar sem controle algum por minha face, fico com dificuldade para respirar, enquanto minha cabeça dá um nó, à medida que imagens que tento tanto esquecer volta em minha mente sem controle algum.
— Fica quieta, para de se fazer de metida só porque veio da cidade grande, quer desprezar todo mundo, mas comigo não vai funcionar, eu vou te colocar no seu lugar! — Ele fala num tom grosseiro, o rosto dele fica todo vermelho.
Puxo o ar, mas quase não o sinto, viro a cabeça e sinto ele deitar por cima de mim, e beijar o meu pescoço.
Fecho os olhos com força, a língua áspera dele me enoja, a boca dele desce pelo meu ombro, e naquele instante sinto meu cérebro falhar.
Eu saio dali... saio para um lugar que consegue ainda ser bem pior que aquele, vou para o lugar que desesperadamente quero sair, e voltar para aquele chão frio, onde estou sendo tocada sem permissão, por um homem que me enoja.
Eu grito, começo a me debater, tudo fica escuro de repente, por um instante sinto meu ar falhar ainda mais, ouço-me puxar a respiração desesperada, escuto outros barulhos, mas eles estão longe:
— David, não faz isso, David! — falo desesperada, novamente ele me segura, mas agora está me puxando do chão, e me abraçando.
— Hannah... Hannah...
Não é a voz de John, abro os olhos, pisco e penso por um instante que estou sonhando, Richard... é ele, ele que me segura.
Olho para os lados e não vejo nada, fico confusa, penso se alucinei, se tudo que aconteceu fora algo de minha cabeça.
— John... John... —é a únicas palavras que consigo soltar, mas é o suficiente para Richard entender tudo.
—Eu tirei aquele canalha daqui... ele fugiu, mas se você quiser vamos agora na delegacia denunciá-lo, por tentativa de estupro!
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Lembranças Cinzentas
RomanceExiste algum tipo de regra para superar uma dor? Hannah e Richard estão sempre fazendo essa pergunta, duas pessoas totalmente diferentes, mas que tem algo em comum: Ambos vivem preso a uma dor muito profunda que viveram no passado. Hannah mudou-se p...