• Capítulo 1 •

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Carol Biazin POV

Eu sempre me considerei uma pessoa com sorte. Não do tipo que ganharia uma bolada na mega ou algo em uma raspadinha de banca qualquer. Entretanto, moro na bela e grande Nova York, trabalho como assistente em uma das mais importantes empresa da cidade, Cooper Records, tenho ótimos amigos e uma família incrível, meio maluca, mas incrível. Havia apenas um assunto que eu não conseguia resolver em minha vida: Mulheres.

Desde menina eu sonhava com aquela mulher. Sim, percebi que gostava de garotas apenas no primeiro ano do ensino médio.

Sim, aquela mulher que chegaria de mansinho, mas causando uma bagunça em minha vida, aquela que me deixaria com as pernas bambas e o coração martelando como se eu fosse uma adolescente apaixonada; eu tinha um plano para minha vida, arquitetado minuciosamente, principalmente nesse assunto.

Porém, como a vida é uma caixinha de surpresa, as mulheres que surgiram nunca me agradavam por completo, eu sempre encontrava um defeito insignificante, mas que me incomodava além da compreensão. Ou eram altas demais, velhas demais, ou esquisitas demais.

Minha mãe sempre me dizia: "Carol, você tem que parar de procurar defeitos em todas que aparecem ou acabará uma solteirona amargurada. Vende seus olhos e permita-se ser feliz." O problema é que esse negócio de vendar os olhos era mais fácil na teoria do que na prática. Após muita luta comigo mesma, eu consegui fazer isso por um tempo.

Conheci Bárbara em uma das festas de gala que a parceria da Cooper Records promovia a cada ano. Ela era bonita, engraçada e inteligente; haviam coisas nela que me amolavam, mas eu tentei fechar meus olhos e aproveitar quando ela me chamou para namorar. E estava funcionando, não quero dizer que ela causava as reações que eu sonhava quando era uma garota, mas eu me sentia confortável em sua presença e me parecia menos repugnante do que várias outras que apareceram.

Com o tempo, eu realmente acreditava que poderia funcionar entre nós duas, que eu poderia sentir algo mais profundo por ela, corresponder os sentimentos que ela me declarava. Que ironia! Seis meses depois a encontrei enroscada nos braços e no resto do corpo da minha melhor amiga, no meu carro. Eu realmente fiquei mal com a separação, não que eu tivesse chorado copiosamente, gastando um pacote de lenços, mas havia um aperto no peito que era sufocante. Eu estava gostando da maldita cafajeste.

À partir de então, eu decidi seguir o meu caminho sozinha e acreditar em minhas opiniões sobre as mulheres que surgiam em meu caminho. Eu amo o meu trabalho, apesar de ser uma rotina de organizar papéis, telefones e compromissos do meu chefe, com algumas reuniões; e eu coloquei em minha cabeça que eu apenas me casaria com alguém que eu amasse mais do que eu amo o meu trabalho.

E até hoje, nenhuma chegou nem perto.

Talvez alguém esteja fazendo alguma espécie de vodu ou uma macumba contra mim para que eu apenas me desse mal no tópico relacionamentos; a ideia de alguém espetando agulhas em mim através de algum boneco nefasto não me alegrava.

•ᴗ•

Era um ensolarado domingo de manhã, eu estava em meu apartamento, arrumando-o e reclamando de como eu odiava serviço de casa. Ô trabalhinho sem futuro! Era um apartamento pequeno, mas eu adorava; era bem aconchegante, sem muita coisa amontoada e limpo. Após horas de murmúrios pelos cotovelos, que até mesmo minha cabeça estava doendo, terminei o que estava fazendo e joguei-me no sofá.

- Oh, vida cruel! - Fechei os olhos e logo a campainha soou. Grunhi e me levantei, batendo os punhos no sofá.

- Espero que alguém tenha morrido! - gritei. Abri a porta para encontrar uma Rafaela sorridente com uma garrafa de vinho em mãos.

- Minha irmã. - Ela falou e jogou seus braços sobre meus ombros, abraçando-me fortemente.

- Rafa! - Devolvi e me afastei para que ela entrasse. - Você ganhou isso em algum lugar? - Perguntei, apontando com o queixo para a garrafa, em seguida fechei a porta atrás de mim.

Fazia uns bons meses que eu não a via e distrairia-me sua presença, eu estava morrendo de saudades da minha irmã.

- Não, eu comprei. - Seu sorriso se alargou ainda mais, surpreendendo-me como isso foi possível. - Temos que comemorar, maninha! - Rafa ia falando e caminhando pela cozinha, abrindo os armários e pegando duas taças. Logo estávamos perto da mesa, meu quadril encostado no vidro e olhando para o vinho girando na taça.

- Então, me dirá o motivo desta celebração ou terei que adivinhar? - Questionei, erguendo meus olhos para ela.

- Adivinhe então! - Ela mordeu o lábio inferior em meio a um sorriso.

- Eu até tentaria mas minhas costas doem. Diga-me logo, criatura. - Rafaela largou a taça sobre a mesa, aumentou seu sorriso mostrando-me todos os seus dentes brancos, lembrando-me do Harry no clipe de Adore You, com aqueles dentes brilhantes, e ergueu a mão em minha direção.

- Eu vou me casar, Cá! - Sua voz entredentes saiu gritante. Engasguei, tossindo descontroladamente e Rafa se mudou para perto de mim, perguntando se eu estava bem e batendo em minhas costas.

- Como é? - Perguntei arregalando os olhos - Eu nem sabia que você estava namorando! - Falei me sentindo um pouco brava.

- Como assim? Estamos juntos há seis meses.

- Seis meses? E já vão se casar?

- Estamos apaixonados! - Ela disse, sonhadora.

- Pense bem minha irmã, nem banco dá cheque especial tão rápido. - Larguei a taça ao meu lado.

- Você pode ficar feliz por mim? - Ela perguntou, seu sorriso caindo um pouco. Suspirei e vi que eu estava sendo uma péssima irmã.

- Eu estou, chatinha. - lhe abracei fortemente.

Se tiver qualquer erro me avise, por favor.
Beijinhos.
Aproveitem a história.

Uma Namorada Por Encomenda - DayRol - Intersexual | ConcluídaOnde histórias criam vida. Descubra agora