• Capítulo 7 •

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Carol Biazin POV

- E então? - Questionei, mordendo o lábio inferior em ansiedade.

- Bem, ela... é, ela... - Ela olhou para a amiga em um pedido de socorro silencioso.

- É, ela é ... mulher. - A outra falou e eu a mirei com um olhar de "eu estou sabendo essa parte".

- Oh, vamos meninas, desembuchem. - Falei, exasperada. - Eu já não estou no meu melhor estado.

- Você precisa de uma amiga antes que o avião decole?

- Ou talvez um cafézinho. - Elas estão tentando me distrair e isso não é bom.

- Parem com isso. - Murmurei entredentes. - Como ela é?

- Tudo bem. - A morena finalmente cedeu - Ela é ... normal.

- Sim. - A loira disse. - Ela tem dois braços, duas pernas e um cabelo ... nada mal. - Não aguentando mais esse bate-papo de malucos, me virei disfarçadamente e quase tive um troço.

Puta que pariu!

Após uma longa analisada na mulher da poltrona 12, me virei mais branca do que um pavão albino e as duas aeromoças me puxaram para trás da cortina, provavelmente com medo de que eu caísse dura ali e estragasse o passeio dos outros.

- Vocês estavam sendo legais. - Murmurei após aceitar uma xícara de chá. - E que história é essa de um cabelo nada mal? Puta merda, a mulher é uma pica-pau gigante, terei que pedir para o futuro marido francês da minha irmã proteger suas árvores ou elas amanhecerão cheias de furos.

As garotas não fizeram nenhum esforço para esconder as risadinhas e eu apenas revirei os olhos. Afastei a cortina mais uma vez e quis chorar.

A dita cuja tinha as madeixas na altura dos ombros, encaracoladas e pintadas de um loiro vivo, aquele tipo que se você vê-lo de longe e estiver dirigindo, você para pensando ser o semáforo. Aliás, talvez não, pois a mina parecia ser anã ou quase isso, e olha que eu nem sou alta, notei quando afastei a cortina uma segunda vez e ela estava em pé; não que eu fosse uma modelo de passarela, magra e alta, longe disso, mas para uma acompanhante altura é fundamental, assim como o sorriso é um cartão de visita.

Falando em sorrisos, o cartão de visitas do tipo com certeza estava vencido, se o cigarro em sua boca, ou o cigarro que estava ali já que umas das aeromoças disse que não era permitido fumar no avião, indicasse alguma coisa.

ODEIO fumantes.

Enfim, onde eu parei? Oh, claro, fisionomia. Abaixo dos cabelos metálicos, havia um óculo enorme emoldurando um nariz que humilharia a pica-pau mencionada anteriormente pelo tamanho. Acho que me equivoquei em relação ao pássaro. Tatuagens cobriam ambos os braços, ela usava uma regata, uma bermuda de surf e chinelos.

Droga!

- Eu estou ferrada! - Murmurei e virei o líquido doce na minha boca. - Como eu vou apresentar uma hippie molecona para a minha família?

- Ainda dá tempo de você sair correndo do avião. - A aeromoça morena sussurrou e eu vi ali a minha fagulha de esperança.

Como se um raio caísse na minha cabeça, o grande pássaro formado por liga metálica começou a andar e a voz do piloto soou pelas caixas de som pedindo que apertássemos o cinto. Acho que eu preferia um raio.

Desanimada, voltei para a minha poltrona, não antes de olhar para a mulher atrás de mim novamente e me afundar no banco. Cara, essa é a mulher de cinquenta mil dólares? Para ela ia toda a minha grana de anos? Foi então que a verdade bateu em mim, eu fui passada para trás.

Merda, sabia que não deveria confiar nesses sites desconhecidos. Mas Thay conheceu outras pessoas que usaram esse site, poxa. Será que sou eu a azarada? De jeito maneira meu dinheiro ia para essa hippie cheirando a fumaça.

•ᴗ•

Foi uma longa e exaustiva viagem até o aeroporto de Nice, uma linda cidade no sul da França, não que eu já tenha estado aqui mas ... Qual é, é a França.

Tudo parece ser maravilhoso. A não ser as pessoas, que possuem a fama de não possuir um hábito higiênico muito saudável; esse povo só toma banho uma vez na semana e realmente espero que meu cunhado seja mais asseado, bem, bem mais asseado.

Desci do avião rapidamente, orando interiormente para não encontrar a mulher que não veria nem a cor do meu dinheiro, o que não funcionou pois quando eu estava me afastando toda contente para pegar a minha mala, ouvi alguém chamando meu nome. Olhei para trás e lá estava ela, a pica-pau gigante.

- Ei, você é Carol Biazin? - Questionou, sua voz arrastada, e eu queria dizer que não, sair correndo e esquecer toda essa loucura de acompanhante. Entretanto, minha consciência levou a melhor sobre mim e eu suspirei.

- Sim - Falei, desanimada.

- Esqueceu sua bagagem de mão. - Ela me estendeu uma frasqueira com um pedaço de papel grudado na parte superior, meu nome escrito nele.

- O-obrigada. - Gaguejei e estendi a mão para pegar o objeto.

Fiquei surpresa quando ela acenou e se virou para ir embora. Ela não ia comentar nada? Por exemplo, de como eu fui uma trouxa por cair nesses sites idiotas? E para piorar toda a situação, duas mulheres estavam paradas a uma certa distância, acenando com as mãos e braços e eu pensei que se pudessem dançar sem pagar um mico maior, elas fariam.

- Paizinho! - Minha mãe gritou e eu caminhei até ela. - Olá, querida, que saudades.

- Oi mamãe! - A abracei e fiz o mesmo com minha irmã.

- Você está tão linda, maninha. - Rafa murmurou antes de morder o lábio inferior e vasculhar o ambiente atrás de mim. Ela estava verificando se eu estava sozinha.

- Obrigada, você também. - Falei, arrancando seu olhar de volta para mim.

- Veio sozinha novamente, querida? Não se preocupe, vamos arrumar alguém legal para você! - Minha mãe começou e eu revirei os olhos. Como sempre, direto ao ponto.

- Mãe, eu...

- Oh, não diga que não quer isso, claro que quer! - Ela disse, animada. - E sabe quem veio também? Bárbara! - Ela praticamente gritou a última palavra com um entusiasmo impressionante. - E está uma gatinha! - Acrescentou e esperou a minha reação.

- É, legal. Soube que ela está aqui com a nova namorada e que ela é linda. - Cuspi, mas ela não entendeu o recado e continuou, calmamente.

- Oh vamos, só não é decente separar as pessoas depois do altar. - Revirei os olhos, um pouco horrorizada. - E acho que ela ainda gosta de você, Carol. Vai perdê-la? Prefere ficar sozinha por orgulho?

Eu não podia acreditar que minha mãe estava do lado da mulher que me traiu. Eu sou sua filha, caramba. E traição é algo imperdoável para mim.

Abri a boca para argumentar contra sua ideia maluca de me unir com aquela idiota, porém, a fechei quando senti uma mão na parte inferior das minhas costas e lábios tocaram os meus laconicamente.

- Desculpe-me a demora, foi difícil conseguir pegar nossas malas. - Uma voz rouca murmurou no meu ouvido, fazendo com que todos os pelinhos do meu corpo se elevassem.

Uma Namorada Por Encomenda - DayRol - Intersexual | ConcluídaOnde histórias criam vida. Descubra agora