CAPÍTULO 11

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As nove horas Nicholas chegou ao soirée, acompanhado de Hanry.
As nove e dez, ele já havia cumprimentado dezesseis debutantes e falado com cinco mães casamenteiras. Parece pouco, mas uma só é capaz de destruir um exercício de mil homens, imagina o que cinco delas não fez a Nicholas.
As nove e vinte dois ele já não aguentava mais, parecia que todas as meninas queriam dançar com ele, mas não queriam convidar ele para dançar, mas sim, serem convidadas. Isso não fazia sentido, se elas quisessem dançar, era só pedir, ele nunca negaria uma dança a alguém.
Nove e vinte três foi o auge, ele ja havia reclamado de tudo com Henry, não parava de receber olhares esperançosos das debutantes, e teve uma que até mandou um beijinho para ele.
E depois Clarisse ainda reclama que eu parto corações....
E Clarisse. Não havia sinal de Clarisse, ele já estava ali a exatos vinte e quatro minutos agora, e ainda não tinha visto ela, mas sua amiga Isabelle estava no recinto.
— você viu Clarisse? - ele perguntou a Henry
— não, mas seria muito difícil eu conseguir- ele continuou - a menina é minúscula Enrioth
— eu sei
— ela facilmente passa despercebida
— vem - chamou o marquês
— pra onde ?
— achar Clarisse, lady Isabelle immori está ali vamos perguntar a ela
— pois bem - foi a resposta do amigo
Eles chegaram e a cumprimentou
— lady immori disse cada um beijando sua mão. E depois Nicholas continuou - a senhorita por acaso viu Clarisse ?
E ela riu
— eu tinha certeza que dois dos mais lindos cavalheiros da sociedade não seria monopolizados por mim sem algum motivo, motivo a qual devemos chamar de Clarisse
Então Henry riu
— pesso desculpas senhorita
— não há necessidade disso eu lhe garanto. Eu só estava brincando
— entendo
— mas respondendo a sua pergunta, não eu não há vi. Ela chegou com seus pais, mas depois desapareceu. Confesso que esperava encontrá-la com você milorde
— Henry
— oi ?
— você se importaria de fazer companhia a Isabelle - eles já tinham deixado de lado a formalidade, afinal eram amigos - enquanto eu procuro por Clarisse ?
— será um prazer- ele se virou para ela e disse - lady Isabelle - então ela lhe deu o braço
— o senhor se incomoda de dançar uma valsa comigo milorde ?
Não é de se espantar que aquela fosse melhor amiga de Clarisse. E isso levou ao pensamento que ele estava tendo antes, é realmente muito mais pratico quando uma dama convida.
Ele não pode impedir uma pontada de orgulho, aquela garota era corajosa.
— nem um pouco. Devemos
— devemos
Então Nicholas saiu para procurar sua amiga. E fugir das debutantes casadouras
                                        •~•
Clarisse não sabia ao certo como ela deveria se sentir.
Ela havia chegado ao soirée junto com seus pais, foi convidada por lorde Edward para uma valsa, a qual ela não conseguiu recusar. Então ela o acompanhou até a pista e valsou, no mesmo instante, sua mente foi levada para todas as vezes que ela dançou com Nicholas, ela sabia que era inapropriado ficar comparando todas as valsas que ela dançava com as valsas de Nicholas, mas ela não podia evitar.
Ela nunca dançaria com ninguém do jeito que ela dançava com Nickye.
Lorde Edward era alto, tinha cabelos castanhos, e a pele bronzeada, e dançava bem, mas não era como deveria ser.
A mão na cintura dela parecia errada, não encaixava e estava fora de lugar, eles estavam muito próximos, e ele girava ela é a todo momento ele procurava no salão por outra pessoa.
Então ele sugeriu que eles dessem uma volta na varanda, e começou a levá-la para fora.
Ela acompanhou.
Eles viraram e lá estavam eles, encarando a noite, não, ela encarava a noite, ele encarava ela.
Não são esses os olhos que deveriam me encarar....
Então ele começou a se aproximar, devagar a princípio, e quando ela percebeu, ele a estava beijando.
E não parecia certo, ela já havia lido alguns livros - impróprios - e sabia como deveria ser. Não sabia exatamente como seria, mas tinha alguma ideia, bem vaga. Então seus lábios se colaram nos dela, sua mão desceu para seu quadril, enquanto a outra estava em seu cabelo, então era isso que era beijar, ela tinha essa sensação de que o que ele estivesse fazendo com ela, deveria ser melhor.
Não era ruim, só poderia ser melhor.
Talvez se fosse com outra pessoa ? Ela afastou esse pensamento. O que ela estava fazendo não era apropriado, mas com certeza beijar uma pessoa pensando em outra era ainda pior para ela.
Então ela se afastou, ela deveria ter se afastado antes, uma dama nunca deveria aceitar aquele tipo de tratamento. Ele nem a estava cortejando, por Deus onde ela estava com a cabeça ?
Sua sanidade já tinha ido havia tempo.
Mas ela estava curiosa, para ser honesta, ela estava curiosa desde quando recebeu aquela carta de Nicholas, dizendo que havia beijado uma bailarina. E depois veio outras, varias atrizes, algumas viúvas, outras casadas, criadas e damas de companhia. Ela não podia julgá-las, ela tinha olhos, e ela conhecia Nicholas, ele era lindo de morrer, com aqueles olhos verdes, e todo o resto, ela entendia os que as garotas viam nele, por Deus ela mesma via essas coisas. Ela não fingia que não via, estava lá, qualquer pessoa com olhos veria. Meu deus, um homem certa vez olhou para Nicholas de um outro jeito. Ela queria saber como era, por isso permitiu que fosse beijada, pura e simples curiosidade.
— lorde Edward...
— não posso me desculpar por isso lady Clarisse, a senhorita é encantadora
— entendo, mas preferia ser beijada por alguém que admire meu cérebro, não apenas meus atributos físicos.
Ele não respondeu
— mas de qualquer forma  eu fiquei encantada.
Ele sorriu
— acho melhor acompanhá-la para dentro
— não há necessidade disso, eu lhe garanto
Então ele concordou com a cabeça, e ela voltou para o salão, ao virar, esbarrou com alguém, alguém muito alto e forte, ela perdeu o equilíbrio e iria cair de bunda no chão.
Ah seria muito cômico se não fosse no meio de um salão cheio de pessoas que pela manhã a chamaria de desastrada.
Então mãos as seguraram, e ela já estava novamente equilibrada pelo seus pés
—- ah senhor, pensei que fosse cair, devo agradecer - então ela olhou pra quem a tinha segurado -Nickye!!
— Clarisse
— que bom que é você ! A quanto tempo chegou ? Eu não lhe vi antes, pensei que tivesse mudado de ideia sobre vir
Então ela olhou ao redor
— aquele é lorde Avery dançando com Isabelle ?
— de fato é.
— eles estão encantadores juntos
— de fato estão.
— eles parecem um casal, não ?
— sim parecem.
— acho que eles formariam um ótimo casal
— você acha ?
— claro que sim
— humm
— ele dança incrivelmente bem
— se você diz
— sim estou dizendo
— humm
Era o segundo
— Isabelle também
— humm
Terceiro
— achei que ela está linda essa noite, não só essa noite como em todas, mas principalmente está noite. Ela está maravilhosa
— hum-hum
E lá se foi o quarto, ela aguenta sete, sete sempre foi seu número, e o número de vezes que ela aguentava as monossílabas de Nicholas, e ele sabia que a conta era até sete. Ele estava contando. E ela também.
— você está procurando por alguém Nickye?
— hum-hum
Cinco.
— presumo que seja eu.
Ele não respondeu, bom.
— era algum assunto em particular que você gostaria de tratar comigo ?
— hum - dessa vez ele rosnou, impaciente e muito nervoso. Será que ele a viu com lorde Edward ?
Seis
Estava começando a ficar divertido
— Nicholas, você me daria a honra dessa dança ?
Agora ele teria que responder, por que 1) ele não poderia evitar a pergunta sem parecer rude, 2) deixaria ele irritado porque ele não poderia chegar ao sete, 3) pessoas estavam passando e a ouviram convidando.
Ótimo agora ela pareceria uma debutante desesperada e que precisava convidar as pessoas, porque ninguém a convidava.
Mas era Nick, ela não ligava de ser direta com ele. Ela já foi pior é ele também.
— eu adoraria lady Clarisse - respondeu ele duro e com a mandíbula travada.
— lady é? Interessante, eu aqui pensando que estava conversando com uma porta - depois de uma pausa - aparentemente a porta tem modos de cavalheiros
Ela sorriu e piscou pra ele.
— humm
— aí está. Sete. Agora você pode começar a falar Nicholas
— onde você estava ?
— andando - ela não diria mais nada, os olhos dele queimavam de raiva.
— andando ?
— sim foi o que disse
— sozinha
— presumo que sim, visto que você me encontrou desacompanhada
— lá fora ?
— sim Nicholas, la fora, não é grande coisa, não sei se você percebeu, mas tem varias pessoas lá fora
— não acho que você deveria fazer isso
— você não acha ? - ela começou a ficar nervosa
— foi o que disse
— sim foi o que você disse.
— eu não gostaria de vê-la andando lá fora. Sozinha - ele enfatizou o sozinha - novamente. É perigoso
— sim, é muito perigoso para o seu ego Nicholas.
— Clarisse
— Nicholas
— Clarisse - tinha raiva na sua voz, ele a estava achando imprudente. É claro que ela sabia dos perigos de ser uma mulher, ela sempre sabia dos perigos de ser uma mulher, sem voz, e sem direitos na sociedade. Era triste, sem contar injusto.
— Nicholas, como você pode ver, eu estou bem
— mas poderia não estar
— eu não vou ficar andando pra cima e para baixo com uma babá nos meus tornozelos Nicholas thorei Enrioth, você não precisa de baba porque eu deveria precisar ?
— Clarisse, eu não acho que você saiba como isso é perigoso
— lhe asseguro que eu sei
— se você soubesse você não seria tão imprudente
Deus proteja o homem que a chamar de imprudente novamente
— e você está sendo intrometido Nicholas
Alguns dos casais que dançavam a sua volta começaram a encarar. Eles estavam fazendo uma cena, provavelmente já haviam levantado a voz uma vez ou outra.
— Eu estou pensando em você Clarisse, o que aparentemente você não faz
— como ousa ?
— ousando
— você não pode tomar decisões ao meu respeito Nicholas. Se eu quiser eu vou lá pra fora e fico por quanto tempo eu achar necessário, e não ninguém nesse mundo que vá me parar
— eu vou
— Eu não vou e não posso concordar com você, apenas porque você acha que está certo, você nem sempre vai estar certo e eu nem sempre vou concordar, lide com isso Nicholas, porque é assim que a vida é, e assim que vai ser, e é assim que eu sou, e se você me conhecesse metade do que eu te conheço, você saberia disso, e saberia que eu não vou facilitar as coisas pra você porque é meu melhor amigo.
Dito isso, ela parou no meio da dança, e saiu.
Ele a conhecia, ele sabia que ela estava irritada, ela nunca aceitou bem as pessoas que tentavam controlá-la, e ele fez exatamente isso.
— Clarisse - ele chamou, e ela nem olhou para trás
Pelo visto, ele devia um pedido de desculpas, e um presente.
Deus abençoe o futuro marido daquela mulher.

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