CAPÍTULO 37

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— rápido, eu preciso de fogo, imediatamente- gritava o médico - conte-me sobre isso, já aconteceu antes ?
— sim, duas vezes antes dessa, a primeira foi com sete anos, e a segunda a alguns anos.
— todas elas com a mesma intensidade ?
— não sei sobre a segunda, mas a primeira foi um pouco mais fraca do que essa, eu acredito.
Então quando o médico se aproximou de Clarisse com um charuto nas mãos, Nicholas pensou que ele deveria estar completamente louco.
— o que você pensa que está fazendo ?
Clarisse estava parada igual a um difundo ao seu lado.
— salvando a vida dela milorde, se o senhor me permite.
— tem um bebê - ele confessou ao médico que apenas assentiu, incendiando um dos lados do charuto, e aproximou o ar que saia para perto do nariz e boca de Clarisse.
Enquanto Nicholas olhava concentrado demais para aquilo, tentando entender o que estava acontecendo, e rezando para que o que quer que fosse, funcionasse. Ou ele iria até o inferno para trazer eles de volta.
— são ervas medicinais milorde, elas tendem a ajudar - o médico não estava em pânico, mas também não parecia calmo. Nicholas não sabia o que esperar.
— ela vai - ele não conseguia acabar o pensamento, então em vez disso perguntou - ela vai ficar bem ?
— esperasse que sim milorde, mas depende de quanto tempo ela ficou inconsciente, por muito tempo é prejudicial, tanto para mãe quanto para o bebê. E se for o caso eu não poderei fazer mais nada por eles.
Ele olhou pra ela, ainda deitada no sofá, com os olhos fechados, parecia um anjo de tão bonita, parecia uma musica calma, e ele percebeu a ironia de tudo, Clarisse nunca era calma, e se ela fosse comparada à música, seria a música desafinada. Ela havia falado isso pra ele anos antes numa carta.
— eu não posso acreditar, ela tava bem, ela me disse que já fazia anos que ela não tinha uma crise, ela pensou que estivesse curada.
— eu temo que não exista cura milorde.
O rosto do marquês ficou branco. Ele sentiu o sangue parar de correr em suas veias
— pode acontecer novamente ?
— sim senhor
— ela não vai aguentar, por Deus, eu não vou aguentar.
Ver ela assim, desacordada, jogada nos seus braços, tremendo. Era demais para ele, agora ele entendia as preocupações da mãe dela. Ele mesmo estava tentado a tranca-lá no quarto
— o que ela tem ? - ele conseguiu perguntar. Com medo da resposta do médico.
—  Le asthme. - respondeu o médico
— a asma ?
— A palavra asma significa dificuldade em respirar. o broncoespasmo é a manifestação principal da doença.
— e o que isso significa ?
— a contração das fibras musculares seria capaz de estrangular as vias aéreas, impedindo a passagem de ar para grandes áreas dos pulmões. acredita-se que o mecanismo da doença consiste em estimulação nervosa, determinando espasmo dos bronquíolos.
Nicholas não respondeu, então o médico continuou
— em asthmatici, evoluem para respiração curta, enquanto seus pulmões se tornam irritados e bloqueados eventualmente pela inalação continuada das partículas.
— meu deus. E o tratamento ?
— geralmente essas ervas funcionam.
— geralmente ?
— se ela acordar a gente vai ter certeza.
Nicholas não ficou nem um pouco aliviado com a resposta do médico. Ele só pegou a mão dela e apertou, como se, se ele ficasse segurando firme, ele conseguiria impedi-la de ir embora.
Como se ele pudesse segura-lá na terra pra sempre. Pra ele.
Se ela acordasse, ele nunca passaria nem um dia sem dizer que a ama.
Nicholas não soube dizer quanto tempo se passou até ela acordar, nem soube colocar em palavras todos os pensamentos que passaram pela cabeça dele. Então o médico olhou pra ele e disse :
— pelo visto as ervas funcionaram.
Então nicholas olhou para Clarisse, e ela começou a abrir os olhos, e ele nunca pesou que pudesse haver um dia mais feliz em sua vida, e ele sentiu que um peso enorme havia sido tirado de cima dele, o alívio foi imenso;
— e o bebê ? - ele perguntou ao médico
— aparentemente está tudo certo, vamos esperar para ver, vou examinar depois e volto daqui a alguns dias para fazê-lo novamente
ela olhou pra ele com os pequenos olhos castanho esverdeado, aqueles olhos, que em pouco tempo ele pensou que nunca mais fosse ver.
— nick? - ela disse, ainda deitada e com a voz falhando.
Então ele não podia mais segurar .
— Coração! meu deus, você me matou de susto - então ele pegou a mão dela e levou aos lábios, depois beijou sua testa e seus lábios, sua barriga e voltou a encara-la
— você voltou - a voz dela ainda estava muito fraca, e seu peito estava um pouco acelerado.
— eu vou sempre voltar pra você coração
— então isso quer dizer que você vai embora de novo ? - ele nunca mais iria deixá-la, não de novo.
— não mais. Nunca mais, ao menos se for com vocês - essa era toda a verdade que existia.
— o q.. o que você está falando nick? Eu não estou entendendo - ela estava começando a ficar melhor.
Ele admirava tanto ela, e lhe doida o coração se de olhá-la.
— eu te vi morrer duas vezes Clarisse, antes quando éramos crianças, e hoje. As duas vezes nos meus braços, e em nenhuma eu soube o que fazer. Eu não podia te perder antes e eu não posso te perder agora
Eles não perceberam quando o médico saiu do cômodo.
Ela tentou falar:
— Nicholas, você não vai me perder. Não ainda. Não hoje.
Ele lhe deu outro beijo rápido nos lábios. E apertou sua mão.
— escuta, por favor
Ela assentiu com a cabeça, e ele continuou, colocando todo o seu coração pra fora.
— você disse que eu fujo, sempre que acontece alguma coisa - ele riu sem graça - é verdade, mas sempre foi mais fácil fugir. Era melhor eu ir embora do que você, por isso eu fui facilmente para ethon, e por isso eu fugi depois que você disse aquelas coisas, porque eu posso viver num mundo com você me odiando, ou não gostando de mim. Mas eu não posso vivem em um mundo sem você, coração. Era mais fácil eu ir do que eu perder você. Do que eu ver você partir. Eu sou muito egoísta, eu fui muito egoísta, por não poder te deixar, e não poder te ver ir embora. A verdade é que, se você não sobrevive Clarisse, então eu também não. Você foi tudo que eu sempre tive, e foi a casa que eu conheci, mas apesar de fugir eu nunca conseguia ficar longe o bastante, então eu voltava todo verão, e ia embora no outono, porque te ter por pouco tempo era infinitamente melhor doque não te ter. E, se eu estivesse longe, pelo menos eu podia imaginar você viva. Eu nunca vou conseguir te deixar Clarisse. E o que você disse hoje mais cedo, que não queria que eu ficasse porque me sinto responsável, isso não é verdade queria, eu não estou ficando por isso, estou ficando porque eu pertenço aqui, eu pertenço em qualquer lugar que esteja seu coração.
Ela estava chorando, as lágrimas desciam como cataratas dos seus olhos, e ele a amou mais ainda.
— o que ?
— eu nunca vou conseguir explicar o que eu senti quando te vi desmaiada antes, e hoje, hoje foi ainda pior, porque, a última coisa que eu te disse não tinha sido 'eu te amo' porque Clarisse, eu amo, eu nunca amei ninguém como você, e é por isso também que eu partia corações, porque nenhum era o seu, então nenhum deles conseguia me prender por muito tempo.
Depois de um tempo ela limpou as lágrimas e conseguiu dizer:
— acho que tá na hora de você parar de fugir Nicholas.
Ele riu, como se sua alma nunca tivesse experimentado tamanha felicidade.
— eu também acho coração. Agora vai ser sempre verão pra gente. - ele disse e beijou sua testa carinhosamente
— graças a Deus - então ela sorriu, e foi o sorriso mais lindo que ele já viu, ela puxou ele para um beijo. Os beijos dele eram sempre os melhores.
— Clarisse
— Nicholas
E, Eles disseram ao mesmo tempo :
— você quer casar comigo ?
Eles eram definitivamente duas metades que se completavam juntos. Porque eles responderam juntos " sim ".
No futuro quando eles fossem contar a história dele para os seus filhos, eles nunca saberiam dizer quem propôs quem em casamento. Porque os dois propuseram e aceitaram ao mesmo tempo.
Mas Clarisse ainda não havia terminado
—não vai ter a parte da obediência - ele não esperava nada menos dela
—como ?
—não vai ter a parte da obediência Nicholas.
—Porque ?
—Porque eu não sou um cachorro, e não poderia mentir diante de do padre e de Deus.
—Me obedecer não faz de você um cachorro Clarisse - não que ele quisesse que ela obedecesse ele, ele sabia que ela nunca faria isso.
—Claro que não faz de mim um cachorro, faz de mim uma idiota subordinada, e eu posso afirmar que isso eu não sou. - ele mal podia imaginar como seria o futuro deles.
—Clarisse eu ...
—Eu não sou como Tristan seu cavalo e não vou lhe jurar obediência, não vou abrir mão dos meus ideais e princípios pelos seus, e eu não aceito que você abra mão dos seus por mim, mas não me peça para fazer isso assim como eu não estou lhe pedindo.
—Eu não espero que você obedeça
—Como ? - ela parecia surpresa, ele não pode evitar o sorriso
—Não espero nada de você Clarisse porque eu já sei tudo de você, eu nunca lhe pediria isso, não espero que me obedeça porque seria muito chato, você é minha melhor amiga, mas acima de tudo é a pessoa que me coloca no lugar, que não tem medo do meu título que tem discussões comigo por coisas mais triviais. Você não precisa me obedecer Coração.
—Nick eu..
—Clarisse eu nunca poderia pedir obediência de você, não é quem você é, e certamente iria contra quem eu sou. Você é livre para fazer suas escolhas. - e parece que foi a coisa certa a se falar, porque o sorriso que apareceu no rosto dela foi impagável, e mais preciso do que ele poderia imaginar.
Se ela tinha dúvidas de que ele era o homem certo, agora elas já não existiam. Ele foi feito para ela.
—Eu te amo Nicholas, acho que sempre amei, e te amo mais a cada dia, mesmo que isso me faça uma boba.
—Eu te amo Clarisse, acho que desde sempre, quando você brigava comigo por matar joaninhas, eu te amei desde a primeira vez que você gritou comigo e todas as outras vezes. E eu vou sempre amar você, não me importa se você é desastrada ou não consegue manter uma conversa fluindo sem desviar do assunto, mesmo com seu medo de lagarto ou suas manias e gostos diferentes. Eu sou seu Clarisse.
—Fico feliz em saber
—Só isso ?
—Sim
—Eu abri meu coração e você só diz isso ?
Depois de uma pausa ela acrescentou :
—eu sou sua também Nickye, por bem ou por mal.

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