CAPÍTULO 35

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— o que você vai fazer ?
Era a décima terceira vez que a izzy fazia a mesma pergunta
— não sei
E era a décima terceira vez que Clarisse dava a mesma resposta
— você ainda o ama ?
— sim izzy
Ela juntou as sobrancelhas
— como vice sabe ?
— o que ?
— que você o ama
Ahhhh
—  É quando você não consegue odiá-la, por partir seu coração
A amiga parecia querer dizer alguma coisa, mas voltou para a pergunta
— e o que você vai fazer agora ?
Clarisse teria rido se não fosse a pergunta que ela estava se fazendo por dentro também
Por fim ela suspirou e disse
— agora eu vou tomar chá com lorde Edward na madame rosebelle
Então Clarisse sorriu para izzy e saiu do quarto
Ultimamente ela estava deixando todas as suas preocupações para amanhã, e amanhã nunca chegava para ela resolver as coisas. Quando chegou perto da escada ela precisou parar, ela estava tendo muita tontura ultimamente, alguns enjoos e muita dor de cabeça, um pouco disso deveria ser o estresse, mas com certeza o bebezinho estava deixando ela cansada e indisposta, ela colocou a mão na barriga, que estava normal ainda, e sorriu, como era possível já amar uma coisinha tanto assim ?
Esse bebê ainda nem nasceu e já disputa lugar com o seu pai no coração dela, foi de uma forma errada e invertida que tudo aconteceu, mas ela nunca de forma alguma em toda sua vida se arrependeria do seu filho.
Quando ela conseguiu descer as escadas Edward já a estava esperando com um buquê. E ela não pode evitar reparar na péssima ironia, eram rosas vermelhas. Ela queria chorar imediatamente, só aquilo já tinha sido capaz de destruir seu passeio, é claro que ela não esperava que ele fosse saber quais eram suas flores favoritas, mas parecia cada vez mais errado que as que ele comprou era a que ela não gostava. Se ela acreditasse em destino, isso com certeza seria um sinal de que ela não deveria estar com ele.
— lady Clarisse! Está adorável como sempre
Ela aceitou as flores e sorriu
— muito obrigada lorde Edward, eu gostei muito das flores, não precisava! - ela mentiu, o que pareceu o deixar contente, visto que ele sorriu satisfeito e disse a coisa mais óbvia que ele pode
— combina com você
Ela sentiu uma queimação em seu coração com as palavras dele, e ela queria gritar que LÍRIOS AMARELOS COMBINAVAM COM ELA!
Mas ela sorriu sem mostrar os dentes, com medo da decepção aparecer por todo o seu rosto e disse
— vamos ?
— claro
Ele pegou a mão dela e a ajudou a entrar na carruagem, eles conversaram animosidades, até Edward perguntar por Nicholas.
Clarisse queria se esconder dentro do chão, será que ela nunca ficaria longe de Nicholas ?
— como está lorde Nicholas Clarisse ? Não o vi muito ultimamente, parece que ele teve que sair
"Sim ele saiu. DO PAÍS. para não precisar lidar com as coisas"
Ela engoliu o no que cresceu na sua garganta imediatamente, ela tentou disfarçar, que não queria falar sobre o assunto mas não teve sucesso olhando pra fora, e eles ainda estavam longe da loja de chás
— ele foi embora por agora
E aparentemente isso despertou a curiosidade dele
— jura ? E para onde ele foi ?
Clarisse não devia ter concordado em sair com ele. Ela se concentrou em arrancar um fio invisível da sua luva, ela tossiu três vezes tentando encontrar alguma resposta, olhou pela janela observando as pessoas passarem pela calçada, com suas vidas, cada uma delas com seus próprios problemas para resolver e estes seus problemas eram terríveis, e talvez alguns até fossem realmente horríveis, ela tinha noção de que pessoas morriam de frio e fome, que algumas não tinham onde morar, que outras eram abandonadas era uma sucessão de problemas cada um diferentes entre si, e se algum desses olhasse para o dela poderia o julgar idiota ou sem importância, mas ela sempre viveu uma vida privilegiada ela nunca conheceu dificuldades ou miséria, nunca precisou de nada que não fosse capaz de conseguir, ela não sabia como era essa vida que os outros viviam onde eles precisavam lugar todos os dias, onde as dificuldades aumentavam cada dia mais e eles acabavam perdendo a esperança mas eles nunca desistiam, por isso talvez seu problema fosse realmente indulgente e bobo perto de outros, mas esse era o único que ela tinha e ele era para ela, muito ruim.
Me desculpa pessoas que sofrem realmente, eu entendo sua dor, então por favor tent não julgar a minha.
— não sei exatamente. Nos não nos separamos.. digamos que, nos bons termos.
— vocês brigaram ?
— sim
— e ele foi embora ?
— exatamente
— ele parece um idiota para mim
Ela riu, o primeiro sorriso verdadeiro que ela deu em um bom tempo, e agradeceu mentalmente por lorde Edward tê-la levado nesse passeio
— acho que sim
E graças a Deus eles chegaram, lorde Edward foi um cavalheiro maravilhoso abriu a porta e deu a mão para ela.
Depois de acomodados, o chá chegou e ele começou a puxar assunto, sobre todas as coisas. Mas tudo que ele falava ou perguntava machucava um pouco mais sua ferida ainda aberta, ele não podia falar sobre infância, porque a dela era com Nicholas
Não podia falar sobre seus gostos de flores porque ela lembrava dos lírios - secos na sua casa, e dentro das páginas de alguns dos seus livros favoritos-
Não podia falar sobre suas habilidades em valsar porque ela lembrava das aulas quando criança pisando no pé do marquês, ela só valsava com o marques.
Não podia falar sobre o beijo deles, porque ela se lembrava dos lábios do ouro e de todas as coisas que ele fez com ela, e que uma delas agora crescia em sua barriga.
Não podia falar de futuro, porque ela não sabia se sua criança teria um pai
— Como a senhorita imagina seu futuro Clarisse?
— infelizmente não consigo me ver tão longe, não tenho qualquer tipo de perspectiva é o senhor?...
foi-se a época em que ela se via morando em uma casa com um jardim de lírios amarelos e um amor eterno.
Não podia falar sobre a natureza porque lembrava da cor dos olhos dele.
Não podia falar de nada aparentemente.
Por fim ele acabou se superando. Ela sabia que ele nutria sentimentos por ela mas não esperou que fosse tão forte e pareciam ser verdadeiros e ela não queria partir seu coração. Mas ela já sabia a resposta antes dele acabar a perguntar
Não é porque você não quer machucar alguém que essa pessoa não vai acabar machucada. Ela e Nick eram a prova viva desse fato.
— Clarisse, sei que não faz muito tempo que nos conhecemos, mas eu já vejo muito em você, sei que você pode ter receios, mas eu não tenho nenhum, você aceita se casar comigo ? Me fazer feliz e me deixar te fazer a pessoa mais amada desse mundo ?
Ela começou a virar e perder o ar. Era tudo que ela precisava, um casamento, um pai para seu filho, e ser amada.
Mas como ela poderia negar seu filho de conhecer seu verdadeiro pai? Como ela poderia separar duas pessoas que mereciam se encontrar, ela é claro ainda precisava de coragem para dizer as ele para voltar, mas ela faria um jeito nisso também.
Mas como ela podia pedir amor para alguém se ela não podia retribuir. Seria tão injusto, ela não podia fazer isso com ele, mas também não podia fazer isso com ela mesma. Ela não podia aceitar ele, sabendo como era ser amada por outro, não podia se permitir fazer isso.
Ela tinha milhões de defeitos, era mentirosa e trapaceira, era competitiva e julgava as pessoas com muita frequência, ela xingava e respondia, ela batia e arremedava linhas nas pessoas, ela enchia as garrafas de bebidas do seu pai com água/ chá/ suco de uva quando era menor e bebia escondido. Mas ela se negava a ser hipocrita e egoísta. Ela não podia amar ele como ele merecia ser amado, então ela não podia aceitar o amor dele.
Não era esse o futuro que ela imaginou, mas aparentemente era o que ela teria.
Então ela reuniu tudo que ela tinha, e disse:
— Eu sinto muito eu gostaria de dizer que meu coração e seu,  gostaria que o senhor fosse o motivo do meu amor, gostaria que nossa história fosse forte o bastante para ser pra sempre ou pelo menos por mais tempo. E se eu te amei, foi um amor calmo, um amor de amigo, lorde Edward você foi muito bom pra mim é por isso que eu não posso te prender comigo, não posso te negar o amor que merece. Porque eu sei que eu não sou o suficiente e que você precisa mais amor do que eu posso dar, o senhor tem um coração enorme e merece alguém que te ame verdadeiramente. Isso não muda o fato de que é a pessoa mais bondosa que eu conheci nessa vida..
— Mas eu não sou ele ? - ele perguntou
Ela não respondeu no início, não por vergonha, mas por contemplação, ela estava absorvendo tudo que aconteceu em poucos meses, então olhou no fundo dos olhos dele e foi o mais sincera possível
— Não.. infelizmente você não é ele. Por mais que eu quisesse que você fosse.
— E ele tem seu coração ?
Ela sorriu, um sorriso triste, era tudo que ela podia dar ultimamente
— Desculpa Edward, com Nicholas as coisas todas são diferentes, tudo é mais difícil com ele, mas também tudo é... melhor. De alguma forma ainda desconhecida por mim, as cores são mais fortes e a chuva é mais leve, tudo que eu vivo com ele tem um significado diferente. meu mundo não é meu mundo sem ele, sim meu coração é dele, desde que eu me lembro, mesmo ele não estando aqui para reclama-lo
— Porque ?  - e ela percebeu que ele não a entendia, porque ele nunca havia amado alguém assim, e ela se sentiu na obrigação de explicar.
— Porque ele de alguma forma é exatamente o que eu preciso, não rima coisa mais capaz de ser explicada, como se as peças que faltam em mim são as que ele possui, e é exatamente o que eu preciso pra seguir em frente, todos precisamos de alguém assim, até você. Alguém que faça seu coração bater descompensado.
— Eu entendo - mas ela sabia que ele não entendia, não de verdade. Não até encontrar essa pessoa.
— Gostaria que o senhor pudesse encontrar no seu coração um espaço para me perdoar, e gostaria também que, você encontrasse esse tipo de amor. Sabe, a vida ainda pode nos surpreender se você deixar. As coisas mais especiais aparecem quando você não está procurando de verdade.
Ele sorriu e beijou a bochecha dela
— está tudo bem Clarisse, você vai ser feliz eu sei que sim.
Então ele levantou e foi embora. E ela se pegou mais uma vez chorando, que grande estupida que ela era.
— oh menina não chora - disse rosebelle abraçando-a - espera que seu coração se acalme, ele sabe onde a senhorita deve chegar.
Se ele sabia, seu destino estava muito longe, e ela não sabia mais se teria forças para persegui-lo.

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