CAPÍTULO 12

13 3 0
                                    

Clarisse foi para cama, e ficou espantada em saber que, não estava pensando no beijo, na verdade ela nem se lembrava do beijo, era como se não tivesse acontecido, seu primeiro beijo deveria provocar alguma coisa no seu corpo, no seu coração; mas nada, ela não sentia nada, talvez um pouco de excitação em lembrar, não do beijo em si, mas do fato de ter beijado. Era pra ser uma coisa incrível seu primeiro beijo.
Será que sempre vai ser assim ?
Por Deus, ela queria paixão, e fogo, Nicholas disse certa fez que tinha fogo envolvido.
Será que era demais pedir essas coisas? Só de pensar nisso ela já ficava corada, sua mãe a mataria se soubesse as coisas que ela estava pensando.
Era inapropriado demais, mesmo para a privacidade do seu quarto e da sua mente.
Ela chegou a pensar em contar para Nick, mas ela desconfiava que ele já estava desconfiado, e depois teve a briga deles, e então ela saiu, feito uma louca, e foi embora.
Ela teria muito o que explicar depois, mas no momento ela iria se concentrar em dormir, o que não seria muito difícil, já que o beijo não estava te tirando o sono.
Como ela desejava um beijo que lhe tirasse o sono.
Aqueles devem ser os melhores
E ela dormiu, fantasiando esse beijo, sem perceber que quem a beijava era seu Nicholas, e o que mais doeu é que ele não era dela de verdade.
                                        •~•
— ela estava fazendo alguma coisa
— o que ?- perguntou Henry
— Clarisse!
— o que tem Clarisse ?
— você não prestou atenção no que eu estava falando ?
Henry negou com a cabeça
— pois bem - falou Nicholas - ela estava lá fora
— e?
— e ela voltou desacompanhada, e ela tava com um olhar, não sei explicar, mas sei que tem alguma coisa aí
— você já tentou considerar o fato, de que , talvez ela se sentiu sufocada e foi tomar um ar lá fora ?
— não
— então ?
— então que eu conheço Clarisse. Henry, ela não toma ar quando está nervosa, ela xinga, não importa quem seja, ela xinga, fica arrependida depois mas, quando ela está nervosa ela não tenta se acalmar, porque ela não consegue se acalmar.
—  e o que você acha que ela estava fazendo então ?
— não sei
— não sabe ?
— não Avery, já disse que não sei
— bem, parece que você sabe
— vou precisar de um presente
— como ?
— preciso comprar um presente, ou alguma coisa não sei
— por que você precisa de um presente Enrioth?
— porque eu a ofendi - ele disse fazendo careta
— e como você fez isso ?
— tentando dizer o que ela pode ou não fazer, e onde ela pode ou não ir sem companhia, posso tê-la chamado de imprudente também
— meu deus
— sim - o marquês assentiu com a cabeça
— você está encrencado
— completamente
— lady Isabelle mencionou que Clarisse não gosta de ser mandada
— ela de fato detesta
— ela gosta de você
— e o que isso tem a ver ?
— ela vai te desculpar. Não consigo imaginar Clarisse não te desculpando - Hanry disse como se eles estivessem falando sobre o clima.
— acho que você não conhece Clarisse direito Henry
— não, eu acho que você não percebeu Nicholas, Clarisse não poderia ficar sem falar com você, desde pequenos, e eu me lembro porquê passei muitas férias na sua casa em Kent, não tem como ela não te desculpar
Nicholas não respondeu, Henry continuou
— as vezes eu tenho a impressão, de que se você matasse alguém, ela te perdoaria, ou ainda pior, te ajudaria a esconder o corpo.
— não acho que isso seria uma possibilidade
— eu acho que seria exatamente assim. Aceita Nicholas, Clarisse não viveria em um mundo sem você, tanto quanto você não viveria em um mundo sem ela.
As palavras eram tão duras e tão verdadeiras que Nicholas se sentiu arrepiar, mas é claro que ele culpou o clima.
— ela é minha melhor amiga Henry
— exatamente por isso. Eu tenho certeza que ela te desculpara
— veremos
— ela não consegue ficar muito tempo brigada com você Nicholas, e eu realmente acho que não é necessário um presente, ela te perdoará se você simplesmente pedir perdão, ou ..
— ou o que ?
— ou ela vai acabar te desculpando eventualmente, mesmo se você não falar nada
— Clarisse não é assim tão passiva como você parece pensar, é por Deus, a mulher mais impossível que eu conheço.
— se você diz - disse o amigo mexendo no colo que já estava praticamente vazio
— vi você dançando com lady Isabelle - estava na hora de Nicholas mudar de assunto.
— ela me convidou na sua frente Nicholas é claro que você viu
— vocês pareciam bem juntos
Ele não respondeu
— ela faria uma boa esposa - disse Nicholas
— não sei se eu quero uma esposa Nicholas
— antes você queria
— antes eu não tinha certeza
— certeza de que ?
— que que eu poderia machucar o coração de uma mulher
E Nicholas pensou na conversa que teve com Clarisse, sobre ser o notório perfeito cavalheiro libertino
Se existia nesse mundo algum coração a qual Nicholas nunca partiria, esse coração seria o de Clarisse.
Ele não sabia o quão longe ele estava da verdade.
                                        •~•
— lady Bllemt, Clarisse - desse Hamilton- lorde Nicholas está aqui para vê-la.
Mas já era hora dele aparecer e se desculpar
— mande-o entrar por favor Hamilton
— claro senhorita - quando o mordomo saiu e fechou a porta, Clarisse correu para o sofá, para se arrumar e se aprumar e parecer que não estava esperando e que também não está feliz com a visita. Afinal ela merecia um pedido de desculpas.
Então Nicholas entrou na sala, com toda a graça que o acompanhava sempre, ela lembrou de respirar depois de quase perder o ar.
— Clarisse
— hum
— acho que lhe devo uma desculpa
— hum - ela olhou para baixo, onde um livro repousava em suas pernas
— estou aqui para pedir desculpas - ele estava sorrindo
— hum - ela virou uma página, depois outra, e mais uma.
— já foi três Clarisse
— hum-hum
Ele sorriu de novo
— você não está inteiramente estressada né ?
— hum ? - era pra soar como uma pergunta então ela levantou uma sobrancelha
— não acho que esteja
— hum - era uma indagação
— acho que você só quer me ver implorando por perdão
— hum-hum - ela concordou
— não que eu vá
Ela não respondeu, já havia chegado em sete
— implorar por perdão eu quero dizer - ele continuou
— você não disse que veio aqui com o propósito de me pedir desculpas ?
— mudei de ideia
— jura ?
— juro
— me pergunto porque
— porque nos já passamos dessa formalidade
— é? Bem, então se eu lhe esfaquear, propositalmente, e depois me arrepender, eu também não vou ser obrigada a pedir desculpas ?
— são situações diferentes Clarisse
— não parece assim pra mim
— mas é
— e quem disse ?
Ele não respondeu
— você não vai pedir desculpas ?
— suponho que não
— você se sente arrependido ?
— sim
Ela ponderou
— isso funciona para mim
Depois de um tempo
— você não precisa ficar com vergonha de pedir desculpas Nickye - esse era um tom que ela usava só quando queria fazer graça - todos nós vamos precisar nos desculpar de alguma coisa em algum momento da vida. Você só vai precisar fazer isso mais vezes do que a maioria.
E então ele percebeu, o que o Henry tinha falado antes, era inteiramente verdade, Clarisse nunca iria ficar brava com ele, não de verdade pelo menos, claro que se a magoasse ele pediria desculpas, e Clarisse desculparia, ela sempre desculpou. E uma pontada de carinho cruzou o seu peito. Ela era sua melhor amiga, ela sempre seria, aquele lugar na vida dele nunca seria ocupado por mais ninguém.
E talvez a razão pela qual ela sempre desculpava ele, era porque ela precisava dele, tanto quanto ele precisava dela.
— Clarisse - ele se ouviu dizer
— diga
— se eu matasse alguém
— hipoteticamente ?
— sim
— okk
— mas se fosse literalmente. Se eu me tornasse um assassino
— ora você já é Nicholas, o tanto de joaninhas que você assassinou ao longo dos anos, chega a ser triste de lembrar
— se eu matasse uma pessoa de verdade, que vive e respira, o que você faria ?
Era uma pergunta seria, e ela sentiu como se aquilo fosse definir a amizade deles
— eu não precisaria fazer nada, porque eu te conheço, e sei que você nunca faria isso
— não é bom o suficiente Clarisse
— você quer saber se eu me tornaria uma criminosa ?
— sim
— eu seria sua cúmplice - ela disse por fim
Ele ficou lívido.
— depois eu denunciaria nos dois para as autoridades, e seria nossa penitência, não haveria nada pior do que ficar presa com você. Totalmente uma tortura - ela acrescentou.
Aquela era sua amiga
— eu trouxe um presente para o meu não pedido de desculpas
— sério ?
— caso você não me desculpasse, e precisasse te comprar com alguma coisa
— mal posso esperar para descobrir se teria funcionado
Ahhh teria com certeza teria, mas ele não disse isso. Ao invés, tirou uma caixinha do bolso, e entregou a ela
— fiquei feliz que você trouxe o assunto joaninha  tona Clarisse
E quando ela abriu a caixa, tinha uma pulseira, de ouro tão delicada quanto ela podia imaginar, e os pingente eram duas joaninhas, uma verde de esmeralda, e uma vermelha de rubi. Era a coisa mais linda que ela já tinha visto
— joaninhas ? - ela olhou para ele
— vai ser sempre joaninhas Clarisse
Os presentes dele eram sempre joaninhas. E eram os mais preciosos.
— isso teria funcionado perfeitamente, na verdade só bastaria você entrar na sala e me entregar o embrulho e eu o teria desculpado.
— bom saber
— mas você já sabia
— sabia
E ela sorriu. Só que dessa vez era um sorriso verdadeiro.
— vamos - ela chamou
— aonde ?
— você vai me acompanhar até a livraria
— vou ?
— vai
E ele foi
Depois de um monumento ele encontrou uma brecha para perguntar
— você vai me contar o que você estava fazendo ontem ?
— claro que vou
— estou esperando
— um momento, não significa que é um momento depois
— Clarisse
— pode ser daqui a dez minutos, ou em dez anos, quem sabe
— Clarisse Amari Bllemt eu gostaria de saber imediatamente
— não seria isso o que todos queremos ?
Ele não respondeu
— ora Nicholas, você deveria estar grato. Estou te ajudando a controlar a sua paciência.
— minha paciência está ótima, muito obrigado
— eu discordo completamente, lembra o que sua mãe falava das rugas Nicholas, você não quer se transformar em um homem feio, coitada das suas preciosas mulheres, elas ficariam muito triste. Ora se bem que, seria de fato muito melhor, aí você não teria mais que se preocupar em partir corações 
Ele riu, algum momento depois ele perguntou :
— era algo impróprio de uma dama ?
Ela sorriu, e ele sabia que aquele sorriso não significava coisa boa
— eu vou deixar para a sua imaginação Nicholas.
E antes dele acrescentar mais alguma coisa
— olha que maravilha, chegamos. Estou tão ansiosa, tem esse romance novo, que eu ouvi falar....
Então eles entraram, e deram de cara com lady Marthy.
Clarisse parou de falar imediatamente, era um pedaço de pedra do lado dele. Ela ainda estava brava por ter sido repreendida.
— lorde Enrioth, marquês de st. Ajax - ela enfatizou o título, certamente para irritar Clarisse - lady Clarisse. É um prazer encontrá-los
— o prazer é todo nosso eu posso garantir lady Marthy.
— o que os trazem aqui ?
— livros - respondeu Clarisse seca
Nicholas lançou a ela um olhar de advertência, e cutucou suas costelas.
— lady Clarisse e eu viemos atrás de um livro específico, assim como acredito que veio a senhora.
Não era de se espantar que as mulheres todas se encantavam com Nicholas, ela pensou, ele era encantador, simplesmente encantador
— o que Nickye  - Clarisse exagerou em seu nome, exatamente para irritar lady Marthy, ele sabia - quer dizer, lady Marthy, é que ele está aqui para me comprar um livro novo, já que o meu antigo eu perdi, quando arremessei em sua cabeça essa mesma tarde. Após ele não se ajoelhar na minha frente e implorara meu perdão.
A senhora não respondeu, seu queixo estava pregado no chão, então Clarisse continuou
— mas não se preocupe, ele se desculpou devidamente depois, por Deus, chegou a quase beijar meus pés. Imagina só lady Marthy, o futuro duque de Hawley. - então a menina deu um sorriso vitorioso.
Aquilo não era verdade, mas se era a história que ela escolheu contar para lady Marthy, ele não se oporia. Lady Marthy por sua vez ficou espantada com Clarisse, certamente pensando que tipo de dama arremessa as coisas, ainda mais em um futuro duque.
— e lorde Enrioth, permite que ela faça essas coisas com o senhor ?
Ele deu de ombros
— não é como se eu pudesse impedi-la lady Marthy
Agora a velha estaria pensando que Clarisse era um animal selvagem, pelo menos ela poderia torturar Nicholas para lhe dar o livro, já que ele deu a entender isso.
— Nicholas não é bom em desviar de objetos que voam em sua direção
— Clarisse não sabe controlar seu temperamento
— Nicholas querido, não podemos nos esquecer de buscar seu remédio para indisposição - disse Clarisse com um olhar amável para ele - nos não queremos desapontar suas amantes.
E isso foi o fim para lady Marthy, e para Nicholas que começou a rir até perder o fôlego
— Clarisse, preciso te dar os créditos aqui, isso realmente foi excepcional. Senhor, com certeza foi o melhor momento do meu dia
— eu sei, Nick você viu a cara dela ? Foi impagável, absurdamente impagável.
— ela deve estar me achando uma louca
— não acho que você terá esse problema
— porque ?
— porque para te achar uma louca, teremos que pensar que algum momento você foi sã, e nos sabemos que isso não é verdade.
Ela riu
— vamos pegar logo seu livro - ele disse
— o quão generoso você se sente hoje Nick?
— nem pensar, não vou pagar
Quinze minutos depois ele estava pagando o livro, enquanto Clarisse sorria de orelha a orelha triunfante.
— esse é um título interessante milady - disse o proprietário da loja
— Clarisse e suas leituras improprias
Ela cutucou ele
— não é impróprio Nicholas
— não são muitas damas que compram esse livro - disse o proprietário
— o que o torna ainda mais adequado para Clarisse - disse Nicholas para ele
— não existe tal coisa, de livro para garotas e livros para garotos, eu leio o que tenho vontade senhor.
— de fato ela lê - comentou Nicholas - certa vez a encontrei lendo um livro chamado " as virtudes do corpo do ser humano"
— ela parece ser uma moça de espírito livre
— de fato ela é
Ótimo, Clarisse passou de inapropriada, para espírito livre.
— e quem declara o que é apropriado Nicholas ? - ela perguntou enquanto eles estavam indo embora
— uma pessoa que nunca experimentou nada de bom que esse mundo oferece.
— por que a gente não toma um chá, na loja de chás da senhorita rosebelle?
— você gostaria de um chá Clarisse ?
— eu adoraria Nicholas
— então é chá que você terá.

Como se apaixonar por um marquês Onde histórias criam vida. Descubra agora