CAPÍTULO 22

10 2 0
                                    


Clarisse já estava a quarenta minutos no salão de baile, já tinha dançado umas três danças, conversado com praticamente todas as damas presentes. E, ela estava entediada, ela nem queria ter ido, queria ter ficado no seu quarto de hóspedes em casa e condenando suas atitudes, mas por insistência da mãe de Nicholas, que exigiu sua presença, e disse que ela só não iria se estivesse muito doente, portanto ela foi arrastada para o salão, talvez a verdade fosse outra. Talvez ela quisesse ir, mas estava muito preocupada com a possibilidade de encontrar Nicholas em algum lugar, porque ela não saberia como agir. Ela deveria fingir que nunca aconteceu ? Deveria fingir que não foi afetada por ele ? Deveria agir como se não fosse grande coisa ?
Clarisse, você já foi burra antes, mas nuca desse jeito!
Beijar Nicholas, meu deus onde ela estava com a cabeça ?
E agora, se ele aparecesse o que seria dela.
Como se as coisas já não fossem confusas o suficiente antes.
A verdade é que, se você gosta de alguém, você não beija aquela pessoa, porque os sentimentos que existiam antes ficam mais fortes.
E Clarisse não sabia lidar com isso. Ela iria fingir que estava normal com o beijo. Sim, ela conseguiria fazer isso. Não deveria ser tão difícil.
                                       •~•
Nicholas não sabia exatamente o que ele estava fazendo quando entrou no salão de baile de lady Margarethe, ele havia sido convidado, mas não tinha a intenção de ir, até se ver sendo arrumado por seu valete, se dirigir a carruagem e parar em frente à casa da viúva.
Então ele desceu, e como um bom cavalheiro inglês, entrou no salão, cumprimentou algumas pessoas e procurou evitar Clarisse. Como se algum dia em toda sua vida, ele fosse ser capaz de evitá-la. Ele nem precisou se esforçar muito para isso, porque viu de relance, no vestido verde mais lindo que ele já vira nela. Era perfeito, combinava com ela, e quando ela girava, ela parecia uma fada.
Girava ?
Ela estava dançando. Mas com quem ?
Porque ela estava dançando com alguém ?
Ele sentiu uma súbita vontade de ir lá e arrancar ela do parceiro de dança. Ele não queria que ela dançasse com mais ninguém além dele.
Mas ao invés disso, ele pegou um copo de whiskey, e voltou a conversar com lorde Hurply, sorriu em algum momento, mas não sabia sobre o que estavam conversando, porque sua atenção estava sempre em Clarisse, nos braços de outro homem.
Para!
Clarisse vai se casar com outro homem, o beijo não significa nada. Ela estaria muito melhor sem você, e você não tem condições de se casar com ela ! Você não pode se casar com ela.
E então, nus desviou de olhar Clarisse sumiu. Ela não estava mais no centro do salão, valsando.
— com licença lorde Hurply - então ele saiu, e foi procurar Clarisse, e se ele a conhecesse direito, ele tinha uma ideia de onde ela estava.
Ele atravessou as portas que davam para o terraço, e a avistou, ainda mais linda do que ele imaginava, olhando para o céu.
E ele sentiu uma imensa vontade de beijar ela de novo, como se seu corpo não existisse, se não estivesse junto ao dela, ele precisava dela, e era um sentimento tão forte e tão profundo, que ele nunca saberia nomeá-lo. Ele queria ela, e não entendia porque. Mas ele sabia que ao final daquela noite, Clarisse estaria com ele de novo. E isso, já era o suficiente para participar do baile. Se ele pudesse ter mais um beijo, já valeria a pena. Tudo valeria a pena por Clarisse.
Então ele se aproximou, bem devagar e parou ao lado dela.
                                      •~•
Era muitoooo difícil fazer isso. Foi o primeiro pensamento que Clarisse teve.
Quando Nicholas entrou no salão e Clarisse olhou pra ele, naquelas roupas perfeitas e que ficavam ótimas nele, naqueles olhos verdes tão lindos que ela jurou que poderia se perder neles, ela soube que não importava o que ela fosse tentar fazer. Ela nunca, nunca, nunca conseguiria fingir que o beijo não tinha sido nada pra ela. E ela sabia que ele sabia que ela sabia que ele sabia que ela não iria conseguir ignorar o beijo.
Ela estava dançando com lorde James, primo de lady Marthy. Mas no segundo em que Nicholas entrou no recinto, a dança perdeu a graça, e ela já não conseguia se concentrar, chegou a tropeçar três vezes, três! Porque estava olhando para Nichols por sobre os ombros de James. Por fim, ela se desculpou, e disse que não se sentia bem, o que não era inteiramente mentira, visto que, sempre que Nick estava por perto, o corpo dela resolvia funcionar de um jeito estranho.
Porque ela não podia se sentir assim por outros homens ? Porque tinha que ser Nick ? Seu melhor amigo Nick ? O que nunca terminaria com ela.
Ela se desvencilhou de James, e saiu para tomar um ar, mas nem se passaram cinco minutos inteiros quando ela sentiu que outra pessoa estava lá com ela. Não qualquer pessoa, sua pessoa.
Então Nicholas se aproximou dela, de vagar, e parou ao seu lado. Ela pensou que ele fosse falar alguma coisa, ou será que ela deveria falar alguma coisa.
Mas ela não teria nada pra dizer, e se tentasse, pareceria uma boba. Então decidiu ficar em silêncio. O silêncio era o melhor caminho.
Mas ele estava lá, tão perto, tão lindo, ela olhou pra ele, mas ele ainda estava concentrado olhando para o céu. Ela queria beija-lo, seria tão bom. Foi tão bom. Ela queria ter parado o tempo naquele momento, ela viveria pra sempre naquele momento presa na sala verde com Nicholas. Mas ela não faria nada, não dessa vez pelo menos. Roubar um beijo foi audaciosos demais para uma vida inteira. Dessa vez, ela iria se manter plena, e intocada, e quem sabe, se ela tivesse sorte, muita sorte Nicholas roubaria um beijo dela dessa vez. Ou ao menos, pediria por um. Afinal, ela era uma lady, e uma lady não deveria negar um pedido educado de um cavalheiro.
Uma menina sempre pode sonhar.
—Dance comigo ?Uma dança de verdade, sem pisar no pé - ele disse quebrando o silêncio.
Ela demorou muito para poder responder, mas ela não estava certa de que tinha ouvido alguma coisa.
—Não tem música- disse ainda perdida
—A gente não precisa de música - ela disse sorrindo, e ela sabia que nunca poderia negar nada pra ele, de um beijo a uma musica. Tudo dela era dele.
—Não, claro que não...
—e então ?
—Então ? - ela repetiu sem entender
—Vamos ? - ele estendeu a mão, que já estava estendida antes. Ótimo, ela era realmente eu boba.
—Vamos! - talvez Clarisse tenha exclamado um pouco alto demais.
E então eles dançaram, na sacada, embaixo das estrelas, do lado de fora de um salão lotado, sem música, uma valsa completa. E ela não conseguiu se lembrar de alguma outra dança já ter sido tão perfeita.
E enquanto eles dançavam, uma gota de água caiu nos ombros de Clarisse, mas ela não percebeu, eles estavam dançando, e era só isso que importa. A cada giro que ela dava, ele a puxava para mais perto, a cada volta ela se aproximava mais um pouco, e nunca desviavam os olhos.
—E sempre bom dançar com você Nickye
—Com você também Rissye.
Ele abaixou a cabeça, até estar quase colando sua boca na dela, e ele sorriu, aquele sorriso devasso, que ela em pouco tempo aprendeu a amar.
— você tem três segundos para se afastar Clarisse, porque senão, eu vou beija-la, aqui e agora. E você não vai poder fugir.
Ela pensou no que responder, mas não era como se precisasse pensar muito.
— não preciso nem de um segundo para responder.
Ela sentiu outra gota cair em sua pele.
Nicholas, que sempre fora muito ágil, já tinha grudado a boca na dela, e de alguma forma esse beijo era ainda melhor do que o outro.
E a chuva caiu, mas eles estavam muito dedicados ao beijo para perceber.
Seu primeiro beijo foi sem sal, o segundo foi normal, e o terceiro ela roubou, e o quarto ele pegou de volta.
Na varanda, de frente para as estrelas, no meio da chuva de verão, e foi ótimo.
Aquele era um beijo pra não esquecer.
Mas ela não podia, e ela precisava se lembrar disso, ou pelo menos, não esquecer.
Aquele era por bem ou por mal, Nick, seu melhor amigo a vinte e um longos anos, e ela não podia arriscar essa amizade, e ela tinha a impressão de que beijos estragavam amizades, ou ao menos beijos com sentimentos estragavam. E por Deus, aquele beijo tinha muito sentimento, pelo menos na parte dela.
E ela não conseguia tirar da cabeça que Nicholas a estava beijando por curiosidade, e também por ser uma pessoa nova, que antes era inalcançável. Eles eram completos estranhos mas ao mesmo tempo tinham certeza um sobre o outro. Era uma situação diferente, e ela não sabia o que esperar, e ela estava com medo, e a boca dele desceu para o pescoço dela.....
Meu deus.
Meu deus.
— meu deus....
Ele sorriu no pescoço dela, seus lábios contornando a clavícula dela, e se deliciando lá. Ela jogou a cabeça ainda mais pra trás, para dar mais acesso a ele.
Era o Nicholas, de todas as pessoas, tinha que ser o Nicholas.
Não.
— não
— o que ?- ele perguntou sem entender
Ela não tinha certeza no que estava falando, mas mesmo assim continuou
— não, para.
Ele se afastou imediatamente
— o que foi ?
Ele olhou pra ele, sem saber como responder
— nada, eu só....
Ele esperou, mas quando percebeu que ela não iria falar nada completou para incentiva-la
— você o que Clarisse?
— só
E ela não disse nada
— só não faz isso de novo Nick, pela nossa amizade.
Então aqueles olhos verdes profundos olharam para os dela, e Clarisse pode jurar que, naquele momento, Nicholas via sua alma.
— não acho q isso será um problema para a nossa amizade
Ela não tinha certeza se estava respirando
— não? - era praticamente um sussurro
— não. - um curto e simples não
— então o que ? - mesmo sem ter certeza de que queria a resposta ela foi capaz de perguntar
— então a gente vai descobrir
— como ?
— assim - ele disse se aproximando de novo, e pegando dela outro beijo, dessa vez mais intenso, e mais profundo.
E ela soube, que daquele dia em diante, ela nunca mais estaria a salvo sozinha com Nicholas, e que naquele momento, ele tinha pegado a alma dela como troféu. Porque ela nunca seria de ninguém, além dele.
E o desesperador a respeito disso, e que ela não sabia o que iria acontecer a seguir. Ela só podia esperar e torcer para que não fosse dar muito errado.
E que um beijo fosse capaz de consertar e restaurar uma alma roubada.
Porque a dela precisava ser salva.
E Nicholas ou era o vilão, que iria partir seu coração e a deixar em pedaços como já havia feito antes com outras, ou o herói, que te mostraria o paraíso.
Ele seria seu pior erro, ou melhor acerto.
E que deus a ajudasse, ela iria acertar, ou pelo menos tentar.

Como se apaixonar por um marquês Onde histórias criam vida. Descubra agora