CAPÍTULO 5

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E então ele se foi, para ethon, e Clarisse ficou sozinha viajando de Kent para Londres com mamãe e tia Christianne, lord Charles sempre falava alguma coisa, sobre como Nicholas estava, e ele sempre voltava no verão.
As cartas dele sempre chegavam. Uma mais engraçada do que a outra, contando as histórias mais divertidas, e fazendo perguntas, respondendo outras, e clarisse criou o hábito de guardar essas cartas, que vinham com a caligrafia um tanto caracterizada pela letra de criança, a dela já nem tanto, devido a todas as aulas de etiqueta que ela tinha.
E os anos foram passando, e por mais incrível que parece, tudo mudou, menos eles.
Ele sempre voltava pra ela no verão. Não que algum dia ele fosse confessar isso.
E em uma dessas voltas, já com um pouco mais de dez anos, Nicholas marquês de st.Ajax, e um amigo de Ethon, lorde Hanry Avery, que estaria passando as férias com nick e sua família,  inventaram de subir nas árvores da propriedade, e quem chegasse no topo primeiro ganhava. O perdedor deveria assumir o cargo da derrota e nenhum deles era bom perdedor, e nenhum tinha espírito esportivo.
Tudo que Clarisse podia arremessar ela arremessava em Nicholas, para evitar que ele, alguns muitos centímetros mais alto, chegasse ao topo primeiro, e como ele tinha empurrado ela montanha abaixo ontem mesmo, ela tinha alguns machucados para comprovar, ela iria continuar arremessando as coisas. Sem um pingo de remorso ou consciência pesada.
E quando ele pisou em falso em um galho, ele caiu, e ela riu, até ele chegar no chão.
Com o tombo, lord st. Ajax quebrou a perna, e assim, acabou toda a diversão do verão deles.
Os três passaram os dias brincando com tabuleiro, e charadas na biblioteca da casa de Nicholas em Kent.
Hanry e Clarisse, ficaram irritados de passar o verão dentro de casa, mas não tanto quanto nick estava
— eu não entendo- ele dizia- aquele galho não estava fraco
— você caiu, aceite logo que vc caiu Nicholas
— ele não vai - disse Hanry
— ele deveria
— deveria mesmo
— parem vocês dois, eu não vou aceitar nada
— tão mal humorado, até parece que você caiu de uma árvore
Ele olhou pra ela com raiva nos olhos, e ela gargalhou.
— ahh nick, você sabe que se você estivesse no meu lugar você faria o mesmo.
— verdade - concordou Henry
— não fique tão estressado, sua mãe fala que da rugas, você não iria querer ter rugas ainda tão jovem
Ela não conseguia parar de rir, Nicholas sentia que podia matá-la a qualquer momento, e ao seu amigo Henry também
— Clarisse para
— caiu de uma árvore, meu deus, você subiu aquela árvore por anos, sem deixar ninguém subir nela, pq era a sua árvore, ainda bem que eu não insisti
— você insistiu sim
— não, eu nunca insisti nick, isso não é coisa de dama fazer
— insistir ?
— não tomar chá, lógico que é insistir Nicholas.
Ele bem que podia virar a bandeja de chá na cabeça dela.
— eu vou te estrangular Clarisse, não sei se você percebeu, eu quebrei a perna, não o braço
Ela olhou pra ele
— eu tenho certeza de que você poderia, mas na verdade você não poderia, seria muito difícil pra você tentar me pegar
— eu consigo - ele disse convicto
— discordo totalmente
— e se a gente montasse um castelo de cartas ? - sugeriu Hanry
— muito chato - respondeu Clarisse
— menos chato do que nos estamos fazendo agora- disse Hanry
— verdade
— cadê as cartas ?
— aqui - falou Hanry com as cartas na mão e distribuiu entre eles.
— vamos fazer isso mais divertido - sugeriu Nicholas - quem montar o castelo primeiro ganha, os outros dois deve tomar chá com sal
Hanry ganhou a competição de castelo de cartas.
— uma xícara ?
— sim
— okk
—você tem certeza ? - perguntou Clarisse
— você tem ? - indagou o marquês
— claro que sim, eu aceito perder em segundo, mas não em terceiro
— vai sonhando que eu deixo você ganhar
—aceita que vc não vai ganhar de mim Nicholas, é até melhor que você não se humilhe tanto, só aceita e a gente nem precisa fazer isso.
—— tá com medo Clarisse ? Se tiver tudo bem a gente não precisa fazer isso
——- aaaaa mais agora eu insisto a gente vai fazer isso sim !!! E você vai perder
—— 3..2..1.. já - gritou Hanry
Se a tristeza algum dia tivesse gosto de alguma coisa, pensou Nicholas, seria daquilo.
Clarisse estava arfando e tossindo no segundo gole, ele não aguentava dar um terceiro também
Seria melhor ter deixado ela ganhar. Seria da boca pra fora, mas ela nunca saberia disso, então não faria nenhum mal. Mas agora que eles já tinham começado, ele não ia mudar de ideia, ele ia beber tudo aquilo, nem que fosse a última coisa que ele fosse fazer
— Nicholas - sussurrou Clarisse no seu ouvido
— oi ?
— e se a gente declarar empate ? - ela sugeriu
— empate ?
— sim, Hanry ganhou em primeiro, eu e você empatamos em segundo.
Ele considerou por um momento. Ou fingiu considerar, porque certamente ele não iria mais beber aquilo
— muito justo
— eu também acho- ela respondeu sorrindo.
                                      •~•
E quando um ano depois ela torceu o tornozelo, subindo a mesma árvore, porque ela havia sido desafiada, depois de tanto falar para o marquês que ele era incapaz de subir em uma árvore, sem cair e quebrar a perna, ele pegou ela no colo, e disse
— quem é o incapaz de subir uma árvore agora ? - com um sorriso mordaz no rosto
— me coloca no chão agora Nicholas, eu sou perfeitamente capaz de andar sozinha
— se você diz - ele colocou ela no chão, e ela segurou o grito - talvez não tão perfeitamente capaz ? - ele sugeriu
— okk você venceu, pegue-me em seus braços, e salva-me como o herói que você é Nicholas Thorei Enrioth, marque de st.Ajax e futuro duque de Hawley,
—Clarisse Amari Bllemt, você deveria expressar melhor a sua gratidão
— ahh , sua graça é magnífica e eu me sinto honrada de ser carregada pelos seus fortes braços - ela parou por um momento - melhor agora ?
— muito
— você realmente precisa trabalhar no seu ego, e eu preciso realmente parar de alimentar ele com inverdades
— então você quer dizer que meus braços não são, como você disse, magníficos e fortes ?
— sim, foi exatamente isso que eu quis dizer
— sempre uma lady, Clarisse
— sempre um lord, Nicholas
— eu vou te largar aqui, sozinha no campo, e quando cair à noite e você não for encontrada, vai ser realmente uma lástima
— você não ousaria
Será que ele ousaria ? Ela se perguntou.
— você não tem como saber
— Nicholas você é um perfeito cavalheiro, e eu tenho certeza que você não faria uma coisa dessa com uma lady invalida
— invalida ?
— no momento sim, estou invalida como você pode perceber
— eu estou começando a me divertir sabia ?
— eu me pergunto porque - indagou a menina
— certamente não foi minha culpa que você caiu da árvore porque está muito pesada e a pobre árvore não aguentou
— ridículo! Me desça agora é me deixe aqui ! Eu não sou pesada
Ele riu por pelo menos três minutos antes de dizer :
— seja sincera Clarisse
— como ousa ? Eu sou sempre, sempre sincera
Ele encarou ela
— quase sempre
— Clarisse
— um pouco menos do que quase ?
— funciona pra mim
— e então ? - ela perguntou
— sincera Clarisse
— já entendi Nicholas, não é como se eu fosse uma mentirosa completa as vezes, um pouco mais do que as vezes, mas ainda bem menos do que quase, não falar toda a verdade
—  é muito difícil subir naquela árvore né ?
— é isso ? Só isso ?
— sim
— ah
— ah o que ?
— nada
— fala
— não é nada, só pensei que fosse ser alguma outra coisa, você fez uma cena antes de perguntar a pergunta
— mas ?
— sim, confesso que foi difícil subir naquela árvore - ela parou - ESPECIFICAMENTE - para garantir que ele entendesse que foi aquela árvore que ela teve dificuldade em subir, e não em todas as outras
— claro
E ele continuou carregando ela para casa, todo os caminho eles conversaram, brigaram, e riram, rir era o que eles mais faziam juntos, além de discutir é claro.
Ela abraçou o pescoço dele, ainda presa em seus braços fortes, não que ela algum dia fosse confessar isso.
— eu senti sua falta nick
— eu senti sua falta também Clarisse Amari. Quase ninguém tem coragem de me responder como você - ele parou, e continuou - e Henry também.
— porque ?
— porque você não pensa antes de falar Clarisse Amari
— não isso, porque eles não te respondem ?
— porque eu tenho um título de marquês e um futuro ducado, e as pessoas tendem a achar inapropriado destratar um futuro duque
— besteira, eu faço isso o tempo todo e você ainda é meu amigo
— só porque eu faço ainda pior com você Clarisse
— você queria.
E ela sorriu, e percebeu que aquilo era casa, não só o lugar em que ela vivia, mas o amigo que morava no peito dela. E dormiu.
Quando acordou algumas horas depois, já estava em casa, na sua cama.
— Nicholas ? - ela perguntou
— o senhor Nicholas voltou pra casa dele senhorita, ele deixou a senhora aqui e ficou para um chá com suas mães
— ahh
— ele acabou de ir embora, com a mãe dele.
— entendi
Então ela levantou da cama, e andou pelo quarto, parando de frente ao espelho. E ela ficou lívida.
Ela iria matá-lo, e dessa vez seria verdade. Porque quando ela olhou para o seu reflexo, ele tinha usado a tinta do tinteiro, para desenhar bigodes nela, e arqueado suas sobrancelhas, e pintado suas pálpebras, e feito sardinhas no seu rosto.
— meu deus - ela disse encarando o espelho.
Ele iria morrer. E ela se tornaria uma assassina maravilhosa, era um favor para o mundo tirar uma pessoa como ele da terra.
Se bem que, se ele morresse ela não teria mais com quem discutir.
Talvez ela não precisasse matá-lo, mas ela iria tortura-lo. E muito.
Eles sempre passavam o verão em Kent, antes de Nicholas voltar para ethon e suas mães irem para Londres para a temporada social.
E então, aos treze anos tudo mudou.

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