O CAPÍTULO DOS LÍRIOS AMARELO

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Clarisse estava a exatamente 17 minutos encarando o buquê de lírios amarelo que ela tinha recebido.
Os seis primeiros minutos ela passou relendo o cartão que acompanhava:

"  Clarisse,
Espero que você encontre a felicidade que você procura nesses lírios. Eu sei que são seus favoritos.
Verdadeiramente seu, Nicholas
Marquês de st. Ajax
Mas para você é só Nick "

Os outros onze minutos ela passou tento todo o tipo de pensamento possível.
Clarisse sempre amara lírios amarelo, ela amava a cor, e amava ainda mais sua combinação com a flor. Era exatamente perfeita para Clarisse, e principalmente porque, quando ela olhava para a flor, ela lembrava de felicidade. Parecia tão apropriada, como se a flor existisse para ser vista pelos olhos de Clarisse.
E Nicholas, de alguma forma sempre soube que era sua favorita, mas com exceção do perfume - que cheirava a lírio e chuva - ele nunca. Nunca, tinha comprado flores para ela. Parecia um gesto muito íntimo, um presente muito profundo e significativo. E agora, que finalmente as ganhará, ela não sabia o que esperar ou o que as flores significavam.
Ela nunca ganhou um buquê antes, claro que durante os anos, nos passeios a tarde no campo, geralmente Nick ou seu pai apanhavam uma flor qualquer no chão e estendia para ela. Era um gesto fofo, e ela nunca esperou muito mais do que isso, mas quando Hamilton entrou com um arranjo cheio de flores, suas flores, ela sentiu uma coisa diferente. Era muito estranho ganhar flores de uma pessoa que ela gostava, ela tinha a impressão de que flores ligavam pessoas, mas era cética ao ponto de pensar também que não havia motivos em presentear alguém com flores, uma vez que essas secavam. Não havia motivos até hoje, ela pensou, porque, de alguma forma, agora Clarisse sentia que poderia colecionar arranjos e mais arranjos de lírios amarelos. Tanto quanto seria feliz em receber uma única flor desta. O importante não era a quantidade, mas o sentimento atrás do gesto.
Então ela finalmente chegou no tópico principal. Onde ela havia passado a maior parte do tempo, desde que receberá o buquê.
O que levará Nick a lhe comprar flores ?
Porque ele lhe comprou suas flores preferidas ? É claro que ele sabia que ela não gostava de rosas, mas ele poderia ter comprado margaridas, entretanto por algum motivo - desconhecido por ela- ele escolheu as flores especificamente, porque ela duvidava que tivesse sido por acaso, e ela não acreditava em destino, então e o coração dela apertou ao perceber isso. Ele escolherá a flor para ela.
Tum-tum.
Palpitação.
Meu deus parecia que seu coração era um espetáculo de fogos de artifício.
O que havia mudado entre eles em tão pouco tempo que ele sentirá a necessidade de lhe comprar flores ? Ou será que foi apenas um gesto mecânico ? Afinal Clarisse já ajudou Nick escolher flores para uma das suas conquistas...
Mas ela não era apensas uma conquista, apesar de não saber o que eles eram, ele era o melhor amigo dela, ele nunca a trataria como uma outra dama qualquer. Ou será que trataria ?
Mas aí chegava o próximo pensamento, o cartão.
O que aquele cartão significava?
Ela certamente estava vendo coisa, pois não havia nada de mais no cartão. Palavras normais de sempre.
Era mesmo o presente de um amigo.
Um amigo que ela beija, e deixa fazer coisas indizíveis, por uma lady, com ela.
Mas ainda sim um amigo.....
— verdadeiramente seu.- ela murmurou
Ele era seu o que?
Amante.
Amigo.
Melhor amigo.
Companheiro.
Irmão ?
Amor ??
Não definitivamente não. Ele podia ter sentimentos por ela, mas não eram tão fortes quanto o dela, ela amava ele é claro, e ele amava ela, mas não da mesma forma.
Desde o beijo que ela roubara, as coisas tinham ficado diferentes, parece que agora Nick a via de uma forma completamente nova, como se ele não soubesse o que esperar dela, as vezes nem ela sabia o que esperar dela mesma. Mas ela também já não o olhava da mesma forma.
E, ele foi muito ativo nos beijos, e também foi ele que a beijou a segunda vez, e a terceira, a quarta foi ela, a quinta também, mas a sexta certamente foi ele.
Isso dava um total de: 3x3 nos beijos
Clarisse! Isso não é uma competição - ela tentava se lembrar. Porém não ajudava muito.
Um dos seus maiores defeitos, era com certeza ser muito, excessivamente competitiva.  
Então seu cérebro confuso voltou a pensar nas flores, e nos beijos, e nos bailes, e nos futuros beijos, e em quantos beijos uma pessoa podia dar antes de morrer ? Será que a pessoa saberia quantos beijos deu? E se a última pessoa que ela beijasse fosse a última pessoa que ela fosse beijar? Se o último beijo que ela deu, fosse seu último beijo, ela estaria satisfeita ?
Em uma vida era possível saber...
— que coisa mais linda - era sua mãe, ela tinha acabado de entrar na casa, e estava admirando o arranjo de flores recém recebido de Clarisse - maravilhoso! Estou encantada, incrivelmente encantada. São tão lindas!
Ela se virou para Clarisse
— você que recebeu ? - indagou com certa curiosidade
— sim
— e quem mandou ? - ela era a pessoa mais curiosa e invasiva do mundo.
Clarisse deu um sorriso polido para a mãe
— alguém
— não tinha cartão ?
— tinha
— então .... - a condessa esperava um nome. Mas Clarisse não lhe daria nenhum.
— então certamente tem um remetente mamãe.
A mãe parecia considerar algumas coisas dentro da sua cabeça, olhou para o arranjo e depois pra Clarisse e de volta para as flores
— interessante - Clarisse a ouviu dizer
— o que é interessante? - Clarisse não queria parecer curiosa
— a escolha das flores - disse a mãe sem muita emoção
— qual o problema das flores ?
— nada, elas são lindas
— e então ?
— então que elas não são muito comuns
— são minhas favoritas. - ela sentiu a necessidade de dizer
A mãe olhou para a filha por muito tempo antes de responder
— sim, sei que são. Mas o que eu quero dizer é, o que elas significam.
Clarisse estava definitivamente curiosa, e já não se importava em esconder
— e o que é?
A mãe não respondeu imediatamente, e Clarisse pensou que ela estivesse se divertindo muito em atazana-la
— essas flores específicas, nessa cor específica, significa o desejo de transformar uma amizade em amor.
Clarisse não absorveu as palavras da mãe, ao invés disso ela a encarou, depois as flores, de volta a mãe, e novamente as flores. Parou, ela ainda não tinha entendido direito o que a mãe dissera. Amizade em amor ? Nicholas ser seu amor ?
Ela ser o amor dele ?
Seria possível?
Será que Nicholas sabia que o presente dele tinha sido mais profundo do que ele imaginava. Doque ela poderia imaginar. Era para ser só flores. Mas ela já deveria saber que com Nicholas um gesto simples nunca seria apenas um gesto simples. E com ele, flores nunca seriam apenas flores.
Ela olhou para mãe, com olhos perdidos em pensamentos, e depois fixou o olhar dela
— o que ?
— as flores Clarisse
— sim eu ouvi, quero dizer onde ?
A mãe parecia se divertir muito, Clarisse não era um exemplo de dama calma e delicada que tinha acabado de ganhar flores.
— onde ...?
— onde você descobriu isso dos lírios - Clarisse já estava ficando impaciente.
A mãe parecia perplexa, de um momento para outro ela saiu de divertida para inacreditada.
— Clarisse francamente!
— o que ?
— eu li em um livro, na biblioteca, na parte de botânica
Clarisse não respondeu
— você que ama livros, ou diz amar pelo menos, era de se esperar que você já tivesse lido todos os livros...
Clarisse não deixou a mãe terminar, ela virou e correu escada a cima em direção a biblioteca, mas antes de chegar ao alto da escada ela virou e voltou correndo para buscar suas flores, e voltou a correr pra cima. A partir daquele dia ela nunca mais iria ver os lírios do mesmo jeito. Ela já amava as flores, mas agora, era como magia pra ela.
Do alto da escada ela se lembrou de um detalhe importante, e gritou:
— qual o nome do livro ?
— o significado das flores
Então ela voltou a correr, atravessou a porta da biblioteca com as flores ainda entre seus braços, e começou a procurar pelo volume que desejava.
Ela deve ter passado meia hora procurando até finalmente encontrar o livro que desejava.
E começou a buscar a página que ela queria:
— ACHEI ! - gritou para ninguém

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