Capítulo 5

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Dean olhava para uma mulher negra de cabelos cacheados sentada em sua frente. Ele estava nervoso apertando as mãos em punho e batendo a perna freneticamente. O Winchester estava na clínica psicológica que Benny havia indicado porque odiava as pessoas se preocupando consigo como se ele fosse uma criança que poderia se machucar a qualquer segundo.

O Winchester começou a fazer um tratamento psicológico depois que saiu do hospital, pois mal se levantava da cama para comer. Depois disso veio as crises de pânico — coisa que acontecia muito de repente — e então ele foi diagnosticado com TEPT e depressão. Realmente um tratamento o ajudou a melhorar, mas nos últimos meses ele simplesmente decidiu parar por achar que não precisava mais.

Dean estava sentado em uma cadeira em frente a mulher e até naquele momento ela não havia realmente começado com a terapia; as perguntas eram básicas sobre o seu tratamento anterior.

 — Por que você parou com o tratamento anterior? — ela o olhava com extrema atenção profissional.

Dean se moveu um pouco na cadeira e olhou para o chão. Sempre se sentia sem jeito em se abrir.

— Por que sente vergonha? Isso não é nenhum pouco vergonhoso, buscar ajuda profissional é o certo, Dean — a mulher continuou falando.

— Huh — Dean coçou a garganta para começar a falar. — Eu me sentia melhor, achei que não era mais necessário — a encarou um pouco aflito.

— Parar com um tratamento psicológico no meio é perigoso e todo o processo pode ir por água abaixo.

Dean engoliu em seco se sentindo envergonhado e apenas balançou a cabeça em confirmação.

— Meio que eu já sabia — deu de ombros.

— Ter essa atitude imprudente significa que você precisava continuar o tratamento. — Billie ofereceu biscoitos a Dean. Ele pegou alguns rapidamente. Quando se tratava de comida não rejeitava nada. — Me fale mais o que estava pensando naquela época, quando decidiu parar.

Dean respirou fundo antes de começar a falar:

— Eu pensei que estava bem, não tive mais nenhuma crise de pânico. Não precisava mais de um comprimido — confessou respirando fundo.

— Você de alguma forma se sentiu humilhado por precisar disso — foi uma afirmação.

— Talvez...— A sua vontade era de sair correndo dali e deixar a mulher conversando sozinha. Estava com raiva, raiva dela ter dito a verdade.

— Você poderia me contar o que causou o seu quadro?

A mente de Dean voltou para a sua adolescência, onde o seu pai praticamente o obrigava a ser como ele queria. Se desobedecesse sempre era castigado, a sua vida era respeitá-lo e escutar tudo que ele dizia calado. Ser rebelde resultava em ossos torcidos e quebrados. Na maioria das vezes nem sequer ia para o hospital, sempre que isso acontecia se costurava com o que tinha em casa. Sem anestesias e remédios, apenas dor.

Depois que Sammy ficou grande o suficiente para perceber tudo o que havia de errado, começou a confrontar John, mas toda vez que o seu pai iria machucá-lo, Dean entrava na frente. Sam não merecia apanhar apenas por dizer a verdade, mas Dean? Ele já estava acostumado; o que seria mais uma surra, afinal?

Ele se lembrava perfeitamente de como fora a pior de todas, a que resultou em sua internação por hemorragia interna. Estava namorando com um garoto escondido e no colégio se tratavam amorosamente. Foi a primeira vez que amou alguém, que finalmente saiu do armário e ficou feliz por ser quem era; era uma sensação tão boa. Não sabe como, mas os boatos chegaram em seu pai.

Amnésia [Destiel]Onde histórias criam vida. Descubra agora