Capítulo 10

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Antes

Josh tinha pego no sono. Fazia tempo que estávamos deitados, fazendo absolutamente nada. Fiquei olhando para ele, analisando todos os traços do seu rosto, a barba estava por fazer e, embora eu sempre tivera preferência por homens sem barba, ele continuava sendo muitíssimo atraente para mim. Me peguei pensando sobre seus pensamentos e sentimentos a meu respeito, mas duvidei que ele me amasse tanto quanto eu o amava.

Senti sede e, depois de vestir minha peça íntima, tentei levantar com cuidado para não o acordar. Caminhei em direção a cozinha americana que estava um pouco bagunçada, desviando de um pequena mesinha cheia de papeis. Havia pouco tempo que ele tinha me contado sobre sua faculdade de direito ter sido seu primeiro sonho, que desistiu no último período, e resolveu fazer História. Quando perguntei o motivo, ele deu de ombros, como sempre. Disse que passou por momentos difíceis, problemas de relacionamento com sua família. Depois de um bom tempo, estava retornando aos estudos, a fim de concluir o curso e seguir carreira na advocacia. Notei que no meio dos livros e papéis brancos, havia um colorido entre eles, parecia um post-it amarelo. 

"A minha Ruby é linda, tem um sorriso encantador, um corpo de tirar o ar, cabelos maravilhosos, um vestido verde que eu adoro e uma coleção de calcinhas pretas que me faz perder os sentidos."

Sorri enquanto lia sua pequena declaração. Olhei para a cama, onde ainda dormia imóvel e sussurrei um eu te amo. Queria que ouvisse, mas estava ciente de que ele sabia. Coloquei o pequeno papel no mesmo lugar que havia encontrado e fui para a cozinha. Procurei pelos copos no mesmo lugar, onde sempre estiveram, mas não os encontrei; abri outras partes do armário, olhei nas prateleiras e notei que os pratos e os talheres também não estavam em seus lugares. Percebi que havia umas caixas de papelão empilhadas no chão, ao lado da pia. Hesitei antes de olhar o que havia dentro da primeira caixa, que estava meio aberta.

— Está com fome?

Tomei um susto ao ouvir sua voz atrás de mim, não tinha notado sua chegada.

— Um pouco. Vim tomar água, mas não encontro os copos. Desculpa se te acordei. 

— Não me acordou. Com todo esse silêncio, pensei que tinha ido embora sem se despedir de mim... Que horas são?

— Seis e meia. O que tem nas caixas?

— Nossa, parece ser mais cedo. Quer um sanduíche?

— Jo, o que tem nas caixas? — perguntei, já indo verificar. 

— Os copos, meu bem.

E os pratos, os talheres...

— Por que os colocou aqui?

Ele continuou fazendo o que estava, em silêncio. Me aproximei dele, cruzando os braços. Estava determinada a não esquecer aquele assunto.

— Porque vou me mudar para Nova Iorque — disse ele, finalmente.

— O quê? Quando? 

— Ainda não sei. Não vai ser logo, mas quero adiantar algumas coisas.

Olhei para o que tinha ao redor, sem acreditar. As caixas, a pia, o primeiro sanduíche pronto... o Josh.

— Por que não me falou nada?

Ele suspirou. 

— Porque ainda não tem nada exatamente certo. 

— Como não? Já está embalando as coisas. 

— Para adiantar, já disse. 

— Quer dizer que pode acabar não indo?

Alguém Me DisseOnde histórias criam vida. Descubra agora