Capítulo 15 - Admirador com A de Atrasado?

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— Como assim? — perguntou Evelyn.

— Eu não sei. Estava certa de que era ele.

Suspirei.

— Bom, então vamos continuar procurando. Não acho que estamos tão longe de descobrir.

— Quer saber? Eu tô nem aí. Não interessa mais.

— Está bem, quando o drama passar, a gente resolve isso.

Revirei os olhos e desliguei o celular. Decidi que era melhor esquecer. No outro dia, eu teria trabalho em tempo integral, merecia um descanso. Aceitei que ninguém era digno de me tirar a paz e, manter isso era minha responsabilidade.

Mas, foi inevitável não voltar meus pensamentos para o admirador secreto e, muito frustrada, passei o resto da semana inteira sem ir ao Café. Menti para Evelyn, dizendo que tinha muito trabalho para fazer, o que não era totalmente mentira, mas, se eu fizesse um esforço, teria tempo para um café, sem dúvidas.

O grande problema era que eu não sabia o que fazer, quando visse o Charles. Não tínhamos trocado os números de telefone, então, apenas poderia esbarrar com ele pessoalmente, e eu não estava pronta. Parte de mim, envergonhada; a outra parte, não queria ter que ser sincera, caso ele me convidasse para sair, ou pior, dissesse que tinha despertado interesse por mim. Estava ciente de que eu mesma tinha o convidado para o café, na última vez, mas, percebi que não ia rolar nada entre nós. Tínhamos muito em comum, mas não existia química. O que parece ser meio contraditório, porque a gente até gostava da companhia um do outro, curtia as mesmas músicas, entre outras coisas. Apenas não tinha o principal. Qualquer coisa que fosse um pré-requisito para duas pessoas terem um relacionamento desse tipo, não existia.

Fechei a porta da minha sala e peguei minha bolsa. Meu trabalho estava encerrado. Vi que ainda eram três e meia quando saí da escola. Não havia textos para ler, atividades para corrigir, sequer alguma peça para elaborar. Pensei em convidar a Evelyn para um passeio, uma caminhada ou até mesmo fazer um lanche em outro lugar; fazer qualquer coisa para não ter que enfrentar o tédio que era ficar em casa. Liguei para ela, mas foi sua mãe quem atendeu. Disse que ela não havia tido uma boa noite de sono e que estava dormindo. Pedi para que não a acordasse, seria melhor deixar para outro dia. Então, tentei pensar em outra ideia e continuei caminhando até a estação do metrô.

Diminuí o passo ao me aproximar, quando notei que Charles estava lá, no mesmo lugar que o tinha visto na outra vez. Ele me viu, acenou e veio em minha direção. Não dava para fugir.

— Ei! — falou ao chegar.

— Olá — respondi sem graça.

— O que houve? Você sumiu. Não sei se fiz mal em não ter pego seu número de telefone naquele dia.

— Ah, está tudo bem. Eu que peço desculpas por aquilo. — Ele me olhou confuso. — Pelo mal entendido. Dos cafés — expliquei.

Ele fez que sim.

— Fique tranquila. Essas coisas acontecem. Encontrou?

Quem?

— Não entendi.

— Perguntei se encontrou o seu admirador secreto.

Fiz que não.

— Acho que ele não quer ser descoberto.

Rimos.

— Aposto que quer, sim. Você é uma mulher muito bonita.

Ruborizei.

— Obrigada. A propósito... Charles... eu nem sei como te dizer, mas... fiquei preocupada que você esteja fazendo planos em relação a nós. Digo... sobre termos alguma coisa. Entende?

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