Capítulo 11

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Depois

Marie fez questão de nos servir pessoalmente, mesmo que essa não fosse sua função no café. Evelyn e eu íamos ao Castelo das Tulipas, dia sim, dia não. Marcamos de fazer caminhadas perto do fim da tarde e nossa programação se encerrava lá. A princípio, achei que, tornar isso uma rotina, seria um saco, mas não era. Me fazia sentir mais viva, mais saldável. Tê-la de volta era realmente um presente. Sem contar que ela era um grande exemplo de mulher, eu a invejava — inveja boa, claro. De admiração. 

— Aqui está, Ruby. Um macchiato, desta vez. Ainda não consegui descobrir quem é seu admirador. Hoje, ele pediu por delivery. 

Rimos e depois expliquei para ela que não estava mais tão apressada em saber. Resolvi seguir os conselhos de Evelyn. Já era o terceiro café que eu recebia e aquilo estava ficando cada vez mais curioso e interessante. Agradeci nossa amiga balconista e continuei dando uma olhada pelo ambiente, ele deveria estar ali, senão, como saberia da minha presença e da mesa em que estávamos? 

— O que está procurando? Marie disse que o pedido foi feito por delivery.

— Não quer dizer que não esteja aqui. Ele pode ter feito pela plataforma de serviços, o link fica no Instagram. 

— É verdade... — falou pensativa, enquanto começava a observar o local, como eu. — Isso tá ficando sério, hein?

Revirei os olhos, mas continuei com minha busca indiscreta. Quem quer que fosse, eu gostaria que soubesse que estava curiosa e que, em breve, já poderia se manifestar. De repente, cruzei meu olhar com o de um homem de cabelos lisos de cor preta; aparentava ter uns trinta anos. Ele desviou o olhar no mesmo instante em que cruzou com o meu. 

— Evelyn! — sussurrei. Ela me olhou atenta. — Aquele cara ali, atrás de você... Não, não olha agora!

— O que foi? — Ela parecia não estar entendendo mesmo.

— Eu acho que é ele!

— Como sabe? — Levantei e corri em direção ao balcão, para acertar a conta — Ruby!

Tendo feito, puxei o braço da Evelyn e saímos do café. 

— Agora você ficou louca de vez! 

— Eu acho que é ele!

— Mas por que sair correndo assim? 

— Não sei... Estou com muita vergonha. 

— Ah, vai bancar a virgem agora?

Fiz uma careta, sem entender o que havia acabado de dizer. Ela deu de ombros e imaginei que fosse alguma gíria da Flórida.

— Você conseguiu vê-lo? — perguntei. 

— Vi. E não foi a primeira vez.

— Justamente por isso. Como não percebi antes? Ele sempre está por lá.

— Não dá pra ter tanta certeza. Mas que é muita coincidência, devemos admitir.

Meneei a cabeça pensativa. Até que percebi que, ainda estávamos na frente do café.

— Vem, vamos. 

Evelyn aceitou o convite da tia Carmem para jantar e resolvemos que ela também deveria dormir conosco. A tia já ia preparando o quarto de hóspedes, quando dissemos a ela que íamos dormir no meu quarto.

— Como nos velhos tempos! — exclamou, toda contente.

Depois do jantar inventamos de montar a cabaninha, coisa que era de praxe na nossa infância. A última vez que fizemos foi na despedida de Evelyn, quando foi se mudar. Tiramos um dia para fazer tudo o que gostávamos.

Alguém Me DisseOnde histórias criam vida. Descubra agora