Dana Booker sorriu para seu reflexo na tela do celular. Detalhe, o celular que segurava estava na perícia, antes disso, no bolso do assassinado Tayler MacKenzie. Havia coisas no aparelho que agradaram a detetive de um jeito que não é possível ser escrito, apesar do sorriso contido dela, a desconfiança ainda pairava em sua cabeça como uma nuvem carregada, quando uma ideia lhe surgia, fantasiosa demais ou não, Dana Booker olhava para todos os lados. Já tinha resolvido crimes em escolas e instituições antes, foram casos complexos, mas nenhum chegava aos pés deste: mentiras enroladas umas nas outras, vários caminhos, vários suspeitos e quase nenhuma pista concreta. Dana parou de olhar o aparelho como também parou de sorrir, sacou do bolso seu bloco de anotações que era extremamente organizado.
Havia vários pontos escritos, mas os três principais se destacavam com marcador de texto amarelo:
→ Alice Sloan, suspeita número um.
→ Gina Rivera recebeu uma visita do seu pai no dormitório antes do acontecido no píer.
→ Quem é "Professor"?
Dana guardou o bloco de novo, tinha passado tempo demais pensando e agindo muito pouco, ela sentia como se suas pernas necessitassem rondar o campus de novo antes de ir falar com a diretora da Bishop, uma mulher alta, loura e contida que conseguia despertar em Dana a curiosidade de um gato.
Enquanto passeava perto das roseiras foi inevitável não olhar para cima, para o telhado de onde Tayler foi empurrado. Dana já havia estado lá e encontrou coisas interessantes - Como sangue de Luke - nos tijolos, cigarros e, claro, mais sangue na beirada do telhado o que, Dana supôs, pegaram Tayler com um soco possivelmente no nariz e com o impacto, o garoto não teve tempo de agarrar-se a nada, nem mesmo ao seu assassino. Caiu. Morreu assim que a ponta da grade dos portões, estilo europeu, o atravessou.
O relógio de pulso de Dana apitou. As aulas iriam terminar daqui a alguns minutos, era a sua deixa para ir à diretoria. Ela caminhou calmamente pelos enormes jardins do campus, sentia o cheiro de grama cortada e cheiro de fritura da lanchonete que, ela sabia, trabalhavam Sagan Casey e Alice Sloan. Talvez uma ida não faça mal, pensou ela distraída.
Já na diretoria, sentada em uma cadeira desconfortável, a detetive ouvia com paciência a diretora Eleanor contando sobre Tayler MacKenzie: Já havia ido à diretoria, incontáveis vezes, era o tipo de aluno que adorava fazer bullying com colegas de classe, o tipo de aluno que sorria quando era provocado mas nunca se fazia de vítima e com lembranças da diretora ansiosa e nervosa, Tayler estava em uma festa secreta com mais de cinco alunos que intrigavam a Dana. Ela pensou o que o destino estava reservando para ela, uma grande surpresa, talvez.
- O que sabe até agora? - Perguntou a diretora enquanto se servia uma xícara de café de uma cafeteira novinha em sua sala. Ela também ofereceu a Dana, que aceitou.
- Não muito.
- Quem fez isso com ele? Só queria saber... Foi horrível. Temos um assassino na escola, isso... Ah, é um pesadelo!
Dana bebericou a bebida quente, não queria abrir sua boca para dizer que, possivelmente, o pior seria se mais alguém morresse, mas ela não diria isso para a mãe de Tayler MacKenzie, não quando além de mãe e diretora, Eleanor MacKenzie ainda é sua contratante. O café estava amargo.
- Eu vou cuidar disso. - Afirma, segura de si. - Só preciso de mais tempo.
- Tem ideia, pelo menos, de alguém que tenha motivos?
- Não. - Mentiu. - Nenhuma ideia.
Eleanor bufou e sentou-se em sua cadeira, ficou mexendo o café com uma colher prateada, o barulho do metal batendo na porcelana era a única coisa ouvida por dois minutos naquela sala banhada pela luz solar. Então o sinal da escola tocou. E de súbito, Dana levantou-se.
VOCÊ ESTÁ LENDO
The Perfectionists
General FictionUm assassinato foi cometido. Alguém com o codinome de Professor, sabe de tudo. Quatro jovens precisam descobrir o que aconteceu naquela noite se quiserem ter suas vidas em liberdade, sendo que não sabem ao certo o preço disso.