Alice e Gina estavam no sofá. Ambas encaravam o troféu de segundo lugar que Alice tinha ganhado após sua prova de atletismo.
- Prata - Alice murmura descontente - com "P" de pior.
- Pelo menos você merece.
Alice retraiu-se e olhou para sua colega de quarto.
- O que vai fazer sobre o concurso?
- Eu acho que vou fingir estar doente e acabar não indo, me trancaria aqui.
- Não é um plano muito bom. - Ela suspira e coloca as mãos na testa. - Só não me concentrei tanto porque falei com Anne antes de correr.
- O que aconteceu?
Ela lembrou-se a medida que ia contando:
Encontrou-se com Anne antes de chegar ao local, sua amiga estava vermelha como um tomate, parecia que a própria Anne tinha corrido uma maratona, mas quando viu Alice parada em sua frente tomou um susto com se visse seu pior pesadelo e foi ali que Alice entendeu que Anne estava tentando não se encontrar com ela. O momento já havia passado, claro que sim, mas a dor durava mais em algumas pessoas. Elas conversaram por exatos quatro minutos antes de Anne inventar uma dor de cabeça e ir embora, isso deixou Alice desconcertada e sentindo-se pior do que estava, nem mesmo os beijos de Saulo a ajudaram.
- Uau. - Gina disse.
Alice assentiu.
- Pois é. Mas agora tenho que focar nas matérias... Que ódio... Segundo lugar, isso é horrível.
Alice tinha o pequeno divertimento de que Gina odiava quem reclamava de barriga cheia.
- Quer ser minha modelo em um projeto depois?
- Seria interessante. - Diz ela, começando a sorrir. Nunca fora a garota que usava saltos ou maquiagem, mas Gina a estava mostrando o prazer da beleza escondida.
- Preciso contar sobre o trabalho. Tabita vai me odiar.
Alice também achava que sim, mas não iria dizer isso a ela.
Elas deram as mãos e ficaram encarando aquele troféu de segundo lugar por mais um tempo.
Mais tarde Saulo havia passado no dormitório de Alice.
- Como você está? - Ele perguntou sentando-se na cama dela. Para sorte dos dois, Gina tinha saído, e Alice ainda queria saber com quem.
- Bem, na medida do possível, mas quem sabe se você me beijar eu não fique melhor?
Ela também havia aprendendo a ser safada com Gina. Mas isso não dava tão certo com Saulo, ele disparou a rir e deixou Alice corada e com vontade de desejar que um buraco se abrisse para ela jogar-se dentro. Ela sentou-se ao lado dele e esperou que sua crise de riso cessasse. Quando acabou, Saulo realmente a beijou e o beijo deu lugar aos toques e logo os dois estavam deitados na cama, ela quase sendo esmagada pelo corpo dele, mas isso não importava, ela estava gostando da fricção das peles. Quentes, firmes.
Ela esticou sua mão para tocar os músculos do braço dele, sentiu quando Saulo ficou tenso e depois relaxou. Ela também estava tensa, era sua primeira vez. Se abrisse a boca para contar isso a ele, temia que tudo acabaria em um piscar de olhos e não queria isso, queria mesmo era aproveitar, se jogar, para de pensar e como Gina falava: parar de reclamar de barriga cheia.
Ela fechou os olhos e deixou que somente seu corpo desse as ordens, sua mente ficou enevoada.
Alice levantou-se.
Estava frio, estava nublado, era noite e Gina ainda não tinha voltado.
Alice pegou o celular enquanto preparava seu café, sentia que necessitava de cafeína o mais rápido possível. Depois que seu grupo separou-se ela não tinha muitas pessoas para conversar, mas ter Gina e Saulo era melhor do que pessoa nenhuma. Quando soube que era aniversário de Jonas, quis desejar felicidades, mas não o fez. Estava envergonhada demais para tal coisa. Trabalhar com Saulo era ainda pior; ela tinha que falar com ele em alguma hora, mas sempre que o fazia lembrava da imagem dele agarrado com Jonas, o mesmo Jonas que via Gina falar com os olhos brilhantes, Alice perguntava-se quando tudo ficou de cabeça para baixo. Depois que o café ficou pronto ela caminhou-se para a janela do seu quarto, não costumava ficar tão perto de uma janela desde que tinha acontecido aquilo com Gustavo, ele fora morto, ela sabia que sim. Alice estremeceu quando uma brisa fresca soprou em seu corpo, seu cabelo bagunçou, mas ela nem notou, bebericou o café e olhou para a noite. Ouviu um resmungar atrás dela e viu Saulo dormindo, o corpo bronzeado que tinha ficado por cima e por baixo do dela. Ela sorriu sozinha, mas o sorriso desmanchou assim que viu a mensagem que a aguardava em seu celular.
"VOCÊ ESTÁ LINDA - PROFESSOR"
Seu café tornou-se amargo. Ela mais uma vez estremeceu, mas não houve brisa para ajudar a fazer isso. Ela engoliu sua bebida e colocou a xícara para longe, se afastou da janela e tomou cuidado para não acordar Saulo.
A próxima mensagem veio de repente.
"NOVA BRINCADEIRA, QUERIDA. O MESTRE MANDOU VOCÊ PEGAR SUA ENCOMENDA. ESTÁ NA SUA PORTA. RÁPIDO ANTES QUE ALGUÉM PEGUE DE VOCÊ. - PROFESSOR"
Alice verificou se seu namorado ainda estava em um sono profundo e quando confirmou que sim, correu para à porta, depois de a abrir percebeu que tinha um pacote bem a sua frente. Era delicado, um embrulho bem-feito. Ela o colocou no sofá depois de fechar a porta, seus dedos tremiam, sua boca secou e ela se afastou. Começou a morder o dedão, ficou cinco minutos assim até Saulo dar sinais de que iria acordar. Ela correu e abriu a caixa.
A primeira coisa que viu fora um cartão vermelho com uma margarida desenhada.
"Achei isso com seu namorado, achei que você deveria saber. Outra coisa, meu codinome é P, como prata. Acho que estamos juntos nessa. - PROFESSOR".
Alice aqueceu as mãos e revirou o conteúdo da caixa, depois que viu que se tratava cobriu a boca com a mão, mas fora impossível conter o soluço de um susto. Era maconha. No fundo da caixa, pintado de cor vermelho-vivo, como sangue, estava o nome do namorado de Alice.
Seu celular apitou. Ela o pegou com os olhos lacrimejando.
"VOCÊ ESTÁ CERCADA DE MENTIROSOS, QUE PENA SLOAN, VOCÊ DEVERIA FUGIR DESSE MUNDO".
Ela nem se deu ao trabalho de ler o remetente. Desligou o celular e foi para a cama, deixando o pacote em cima do sofá. As horas passaram-se, Gina não aparecia, Saulo também não acordava, o desespero e a ansiedade estavam tomando conta do sistema de Alice que era tão centrado em resolver problemas, agora, estava com defeito. Quando o relógio marcou três da madrugada ela saiu da cama de novo, foi até a porta e ligou para Gina.
Ela não atendeu.
Alice, frustrada, colocou o celular no sofá e pegou aquela caixa e deixou ao lado de Saulo na cama, arrastou uma cadeira para de frente à cama e ficou ali, esperando.
VOCÊ ESTÁ LENDO
The Perfectionists
Fiksi UmumUm assassinato foi cometido. Alguém com o codinome de Professor, sabe de tudo. Quatro jovens precisam descobrir o que aconteceu naquela noite se quiserem ter suas vidas em liberdade, sendo que não sabem ao certo o preço disso.