Um bom caso a casa torna

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- Tenho que ir para casa. - Jonas diz abruptamente.

- Mas Jonas...

- Depois. É uma emergência. 

Pegando sua bolsa, Jonas correu. Mas não foi para casa como disse que iria, foi apenas para o outro lado da escola onde não poderia ser visto por nenhum dos quatro, o lugar era apenas um beco vazio que mal dava sinal de Wi-fi e cheirava muito mal. O coração do garoto estava disparado pela mensagem que recebeu:

"Abra a boca e eu abro a minha".

"Sua mãe ficaria decepcionada".

Ao desejar que Taylor morresse e tal coisa realmente acontecera, Jonas tinha uma distorção do que seria desejar: Taylor era o típico garoto insuportável que te chateava até você enlouquecer, até você realmente desejar que ele morra, que você jura que vai fazê-lo pagar. Mas você não faria isso, porque se considera uma pessoa boa e palavras são apenas palavras certo? Elas não tinham poder nenhum. 

Jonas ficou ali parado, a voz robótica ainda falava na sua cabeça e ele sentia que iria ela poderia explodir, mas mesmo assim continuaria ouvindo-a. Ele não fazia ideia do que os outros receberam ou se iriam falar com a mulher da polícia, mas ele sabia que não poderia, tinha que ficar quieto. Em um misto de ansiedade e raiva que dilatava suas narinas e deixava seus dedos suados ele digitou uma resposta para o número desconhecido que lhe enviou a mensagem há pouco. 

"Quem é você?" 

"Achei que quisesse ajudar"

Como a mensagem não apareceu, Jonas resolveu pegar alguns segundos para se acalmar. Seu corpo todo doía, ele queria sua cama e pelo menos, 24 horas de silêncio para que pudesse ignorar o mundo, fechar os olhos e dormir profundamente como naquele conto-de-fadas. Dormir se tornou uma missão quase impossível. Naquele escuro das pálpebras fechadas tudo poderia aparecer, imagens, lembranças, sons. O que te fazia querer ficar de olhos abertos, quebrando assim a corrente que te leva ao mundo dos sonhos. Um artigo na internet mostrou a Jonas que, ficar pelo menos três dias sem dormir afetaria muito mais sua cabeça. Faz dois dias que Jonas não dorme e tem medo de caminhar para o terceiro dia. 

- Jonabala! Ei, o que tá fazendo aí? 

Jonas limitou-se a um suspiro.

Alex Miranda tinha 38 anos, decidiu entrar para o corpo docente da Bishop há mais de dois anos. Há um ano e meio começou a treinar alguns alunos em esportes versáteis: futebol, vôlei, tênis e natação. O trabalho sempre foi a coisa mais importante para o homem, nenhum aluno ficava em especial em sua consideração. Isso até Alex descobri a mãe de um deles. Manteve Jonas Flyn mais tempo que o necessário nos treinos, sempre dizendo que o garoto precisava melhorar alguma parte que realmente não precisava, o deixava exausto, deixava a mãe dele preocupada para quando o sol se pôr ela aparecer no clube afobada, com pressa. Então Alex se desculpava dizendo que não tinha visto o tempo passar, o assunto dos dois por um tempo sempre envolvia Jonas, envolvia os treinos de Jonas, o passatempo de Jonas, o pai de Jonas. Alex resolveu tomar aquilo como uma missão e conquistou Alessandra Flyn. Mas isso não queria dizer que ele é totalmente fiel a ela. 

- Então o que foi? 

- Nada. Não foi nada... Estou apenas cansado. 

Alex deu um sorriso sarcástico a Jonas e disse:

- Pois trate de descansar nos próximos... - Ele olhou as horas em seu smartphone. - Cinco minutos. Temos treino. E hã... Não sei se você... Não. Deixa pra lá. Descansa aí.

Jonas já tinha visto seu treinador nervoso, era um sentimento constante, mas naquela situação ele parecia mais nervoso que o habitual o que despertou a curiosidade de Jonas. Alex saiu do beco estreito segurando o apito de metal que pendia em seu pescoço, os passos foram ficando mais relaxados quando ficou separado de Jonas o suficiente.  

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