Jonas saiu do banheiro com a toalha amarrada na cintura. Era o dia após sua formatura, finalmente completara o último ano junto dos seus amigos. E isso parecia mentira assim como os dias em que acordava e lembrava que não tinha que se preocupar com mensagens anônimas no celular e nem nada assustador, nada de ameaçador. Era a vida de um jovem normal, com experiências que ninguém acreditaria se ele contasse, coisa que não pensava em fazer. Ele respondeu Sagan e Luke e se vestiu. Sua mãe estava no andar de baixo, ela tinha pensado seriamente na ideia de se mudar, mas Jonas rejeitava o assunto como um vegetariano rejeita carne. Ele sentia a cabeça doer só de pensar em se mudar. Havia ganhado uma bolsa para uma faculdade para jogar no time de tênis na cidade e isso era mais do que suficiente para ele, aquela era a casa em que seu pai o criou, a casa que seu pai morreu e isso deveria desanimá-lo, deixá-lo com vontade de querer ir. Mas não queria, era algo confuso, mas ele gostava de estar na casa.
Ele saiu do quarto em dez minutos.
Alessandra estava na cozinha, olhando algumas revistas. Jonas se aproximou e colocou um pouco de café em uma xícara, ficou sentado em frente a mãe em silêncio. Alessandra estava trasbordada em pensamentos; Jonas havia pedido para ficar em casa, disse que a mãe poderia viajar se quisesse afinal, ainda iriam ter contato pelas redes sociais e tudo mais. Alessandra temia deixar seu filho sozinho, temia porque também não estava junto ao marido quando ele morreu. Jonas era seu filho de ouro.
Jonas, por outro lado, estava se sentindo um idiota. Ver sua mãe assim o desanimava, mas ele não queria ter que mudar de opinião agora. Dez minutos se passaram até que Jonas decidiu iniciar uma conversa.
- Quer conversar sobre isso?
- Quero. - Alessandra suspirou e largou a revista que olhava. Encarou seu filho com uma gentileza materna que deixava Jonas com vontade de chorar. - Eu amo você; tenho medo de se perder quando eu não estiver aqui.
Jonas quis fazer uma piada com isso, mas não era o momento para piadas.
- Eu vou ficar bem. Prometo me cuidar.
Alessandra riu porque sabia que Jonas estava falando a verdade. Mas isso não a deixava tranquila, apenas menos preocupada. Existia uma enorme diferença.
- Senti que esses últimos meses tenho deixado você de lado. Com tudo que aconteceu e eu... nem percebi!
Jonas corou e tocou na mão de sua mãe. Ela, como todos na escola e na cidade sabiam sobre Anne e o que ela e Malcom tinham feito, chamavam o caso de Pegadinha do Século. Outros chamavam de bobagem adolescente, que no fim, acabou em tragédia. Sua mãe se culpava pelo que havia acontecido e ele nunca iria se perdoar por isso, mas era uma coisa inevitável.
- Te amo, mãe.
Os minutos se passaram e sua mãe largou sua mãe e com lágrimas nos olhos, saiu para a sala, deixando a revista cair. Jonas esperou um pouco para saber que ela iria voltar, mas não aconteceu. Ele levantou-se e colocou a xícara na pia e foi apanhar a revista que antes estava com sua mãe. Para a surpresa dele, era uma revista sobre bebês; roupinhas coloridas, brinquedos e um biografia de outra mulher que teve trigêmeos. Jonas colocou a revista calmamente na bancada da sua cozinha e andou até a sala.
A cada respiração, a cada passo ele sabia que a mãe estava escondendo algo. E ela sabia que ele também estava. Era o momento da franqueza, certo.
Jonas sentou-se ao lado da sua mãe e a fez olhar para ele. As palavras se acumularam em sua boca, saindo do fundo da sua garganta e das profundezas da sua alma que morria de medo, mas que repetia que aquela mulher ainda era sua mãe, e ela acabou de dizer que o amava.
- Mãe - Jonas começou e sorriu. Um sorriso tão fraco quanto a luz de uma vela no fim. - Preciso te contar algo. Faz tempo que quero te contar isso, mas estava com medo.
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The Perfectionists
General FictionUm assassinato foi cometido. Alguém com o codinome de Professor, sabe de tudo. Quatro jovens precisam descobrir o que aconteceu naquela noite se quiserem ter suas vidas em liberdade, sendo que não sabem ao certo o preço disso.