O Começo de Um Sonho

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AGORA

- Eu sei - Ela falava, atônita. - Eu sei quem é o Professor.

- Quem é? Fale!

Ela não conseguia, estava travada olhando como pessoas ao redor do baile, como mulheres de vestidos de núcleos frias; azul e branco, algumas de preto e azul. Mas não importava a roupa, ela só ligou os pontos e viu que fora tudo muito simples, poderia ter percebido antes, muito antes. Antes de Jonas ter pulado no lago para salvar Luke, antes de Gina ter visto uma foto de Jonas e Sagan. Antes do atropelamento de Saulo, com certeza e muito antes de Luke quase se afogar. Talvez se tivesse percebido antes, teria avisado a Dana Booker e quem sabe Gustavo ainda estaria vivo.

- Eu sei quem é... - Continuava a repetir. - Eu sei... 






***



ANTES

Jonas Flyn começou a ficar assustado e chateado; ele não sabia que era possível misturar esses dois sentimentos, mas aqui está ele, olhando seu próprio reflexo no espelho do seu banheiro. Pela madrugada seu celular apitou e o lembrou de que hoje era o baile de inverno, não o final do ano escolar - isso ainda demoraria algumas semanas. Mas as coisas se ajeitar no dia de hoje; ele pensa.

Após refletir durante dez minutos na frente do espelho, ele decide tomar banho. Então fica reflexivo de novo.


Às nove e meia Jonas saiu para tomar café com sua mãe. A mesa estava disposta com apenas os dois lugares; antes três contando com Alex seu antigo treinador. E mais antes que isso, três contando com seu pai. Dois era um número bom, Jonas pensa, mas ele gostava mais do número três; como se é ele, Sagan e Luke. Ele se senta e sua mãe sorri do melhor jeito que consegue.

- Planos? - Ela pergunta animada - Tabita vai ser o seu par?

Jonas não havia pensado nisso.

Ele só sabia que gostaria de ver como Sagan e Luke ficariam de fumar. Mas a preocupação começou a aflorar em sua mente, ele realmente pensara que poderia se encontrar com os dois depois de sair de casa, mas é claro que sua mãe gostaria de ver Jonas saindo com alguém pela porta da frente; fora assim quando Jonas entrou com Tabita pela primeira vez pela porta; para assim quando Tabita veio chamar Jonas para ir à Lowen's. A verdade é que Alessandra não estava preparada para ver seu filho saindo sozinho mesmo que isso esteja bem perto de acontecer.

Seu celular estava no bolso esquerdo, ele poderia digitar uma mensagem de urgência para Tabita e pedir que ela aparecesse na porta apenas por segundos e os dois separariam-se. Mas isso seria muita cara de pau e Jonas sabia, muito mais quando não sabia se Tabita estava acompanhada. E se estaria, com quem estaria?

- Ainda não sei. - Jonas responde e logo depois beberica seu café, ele faz isso para evitar responder mais coisas.

Mas sua mãe era insistente

- Como não sabe? Ela é sua namorada, não é? Ou vocês...

Jonas apenas assentiu. Isso, ele pensa de novo, é um passo dado à verdade.

Alessandra fez um cafuné desajeitado na cabeça do seu filho e decidiu não fazer mais perguntas.




***


Ela levou café para ele, na cama.

Saulo está acordado, de rosto inchado pelo sono e cabelo desgrenhado. Mas ainda assim, Alice o achava atraente. Era estranho, ela pensava, ter um homem na sua cama que acordava com você e agora ela estava levando o café para ele. Era quase uma vida de casados. Isso a fez enrubescer quando depositou a bandeja de madeira na cama; os lençóis estavam bagunçados e a cama de Gina estava colada à dela. Uma cama de casal, em resumo.

Saulo acordou devagar, encontrando-se e olhando para Alice; ele sorriu e tentou não fazer uma careta enquanto se ajeitava na cama.

- Você ainda vai querer ir ao baile comigo? - Ele riu. Saulo achava impossível que alguém como Alice aceitasse ir com ele ao baile com uma perna quebrada em um gesso horrível.

Alice sorriu e assentiu.

- Você precisa comer. - Ela disse. - E depois temos que conversar. - A voz dela mudou radicalmente. Estava séria e contida, como se contasse ou esperasse um segredo.

Saulo entendeu e começou a comer.

Em dez minutos já não havia nada que os separasse; mas Alice não queria se juntar a ele naquele pequeno espaço, ela preferiu ficar de pé e encará-lo nos olhos porque queria a verdade. Saulo estava apreensivo, Alice estava uma pilha de nervos e os dois chamados calados enquanto os minutos se passavam.

- Você ainda usa?

Silêncio para depois: - Não. - Ele responde.

- Porque?

- Porque eu sabia que você não gostava. E também porque estava me prejudicando, o médico havia me dito quando você não estava lá. Alice eu usava, sim, com frequência e isso é porque eu me totalmente inútil, sem noção alguma do futuro. Eu pintava, vivia na sala de artes, mas quando as tintas e as telas não me ajudavam a única solução que eu tinha era a maconha e às vezes outras drogas. Mas eu era contido, sabia-me controlar. Quando conheci você eu... sabe o que eu quero dizer? Foi algo bem surreal e de repente eu não queria saber de pintar ou de drogas que me faziam mal, só queria estar com você.

Alice assentiu e não se falar muito.

- Eu sinto que não conheço você.

- O que quer saber? - Alice franziu o cenho como se a pergunta fosse desnecessária. Eles estavam namorado, saído e terminado e agora estavam juntos de novo. O quanto isso vale?

- Muito. O suficiente.

- Certo. Começaremos com... cheguei à Bishop por causa dos meus pais, que estão em outro país. Eles e meu irmão mais novo, não fui abandonado, só que eu quis ficar. Eu mal sabia a escolha que estava fazendo. Sempre gostei de pintar, desenhar, expressar o que sinto e foi isso que me aqui, quando aconteceu aquilo com Tylor... Antes, eu desejei milhões de vezes que ele sofresse o que me fez sofrer. Se você está se perguntando o que ele fez... Bom, ele já me dopou e pintou meu corpo TODO enquanto eu estava apagado. Escreveu algo sem sentido, e mais modelos de desenhos obscenos. Ele era um babaca, mas não merecia morrer daquele jeito. Tyler também já falou muitas coisas ruins e eu respondia. Ele disse que um dia ainda iria me pegar; de um jeito ruim, claro. O que mais? Eu... Nunca gostei muito de Jonas também, não sei.

Alice decidiu sentar-se. Saulo não fez nenhum movimento para trazê-la para perto dele. As coisas agora estavam acontecendo.

- Em algum momento eu suspeitei de você. - Alice diz.

- Eu sei. Eu também suspeito de muitas pessoas.

- Até de mim?

- Você parece saber muitas coisas. Mas eu sabia que jogar alguém do telhado não era a sua praia.

Alice sorriu e jogou um travesseiro nele.

- E o baile?

- Você vai comigo.

- Minha perna...

- Não vamos dançar - retruca ela - vamos apenas para marcar presença. Vai ser divertido.

Saulo achou que aquilo era uma mentira velada, mas não disse nada. Ele apenas sorriu enquanto Alice se aproximava dele e não era apenas para ficar ao seu lado.

The PerfectionistsOnde histórias criam vida. Descubra agora